Nicolas Degennes está em constante mudança

Comemorando 20 anos à frente da linha de beleza da Givenchy, o parisiense é o responsável pelo "efeito couture" por trás dos produtos da grife francesa.


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Quando tinha apenas 16 anos, sem saber falar inglês Nicolas Degennes decidiu sair da França e ir morar nos Estados Unidos. Ele foi para lá no intuito de tornar-se fotógrafo, mas, entre um clique e outro, os pincéis e as paletas acabaram roubando sua atenção. Ao maquiar as personagens que fotografava, Degennes percebeu que, talvez, esse fosse o seu verdadeiro chamado e, a partir daí, investiu na carreira. Anos depois, de volta à Europa, ele recusou as limitações que o mercado insistia em lhe colocar. “Em Paris, às vezes, eu sinto que tem essa coisa de encaixar as pessoas em gavetas. Se você é maquiador, então você tem que escolher se quer televisão, cinema, teatro, celebridades ou moda. Não dá para fazer tudo. E eu sempre odiei isso. Nunca aceitei. Eu queria ser tudo”, relembra em entrevista à ELLE Brasil.

“Beleza é a honestidade que demonstramos quando nos abrimos para o mundo”, Nicolas Degennes

E, de fato, a carreira de Degennes seguiu muito plural. Ele já maquiou grandes atrizes, já passou por canais de TV francesa, já definiu a beleza de peças de teatro… Tudo isso o ajudou a chegar ao mantra que o guia hoje em seu trabalho como diretor criativo da Givenchy Beauty: “É preciso aceitar que estamos em constante mudança. É preciso ouvir e ver tudo o que acontece ao seu redor”, explica. Em 2020, Degennes completa duas décadas à frente da grife francesa que, em seu departamento de moda, nesse meio tempo, já trocou de estilista quatro vezes (John Galliano, Riccardo Tisci, Clare Waight Keller e o atual Matthew Williams). “O que eu faço na Givenchy tem muito mais a ver com o que eu capto do espírito do tempo do que comigo e com os meus desejos particulares”, revela a respeito de sua abordagem na direção da marca. Foi ele, por sinal, que devolveu aos produtos da casa o logo que repete quatro vezes a letra “G” e tornou-se tão icônico mundo afora.

Sob medida

“Se tem uma coisa que eu acho que é muito minha, é essa vontade de sempre misturar texturas. Eu não me conformo com uma coisa só. Desde antes da Givenchy, isso já vinha no meu DNA. Na hora de maquiar atrizes, por exemplo, eu usava três ou quatro bases de diferentes acabamentos para chegar em um resultado de pele que eu acreditava ser o correto para aquele momento”, diz. E é exatamente esse o grande trunfo da Givenchy Beauty no mercado de beleza. Para além de itens de alta performance e lindas embalagens, a empresa se esforça para que a experiência do uso seja igualmente agradável. Conforto é a palavra-chave. “A missão é trazer um pouco da magia da alta-costura para o batom, o balm, o pó solto, a paleta…” A novíssima linha Le Rouge de batons vermelhos é a prova viva disso. Em duas versões (uma matte e a outra semi-matte), eles não só entregam alta pigmentação e durabilidade, mas também trazem uma sensação aveludada e hidratante nos lábios que foge à regra da categoria.

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Campanha da nova linha Le Rouge de batons vermelhos da Givenchy estrelando a modelo Bianca PadillaGivenchy Beauty

E para chegar nessas fórmulas tão singulares, o trabalho é árduo e leva anos. “A nossa última base, por exemplo, que tem sido um sucesso, demorou mais de cinco anos para ser desenvolvida”, disse a respeito da Teint Couture City Balm que, para além de seu acabamento de longa duração, também hidrata e oferece proteção contra a radiação UV, a luz azul e a poluição dos grandes centros urbanos. “A minha sorte de trabalhar na Givenchy é que eu tenho a oportunidade de viajar o mundo e conhecer quem, lá na frente, vai comprar os produtos da marca. Consigo ouvir de perto o que elas têm a dizer, o que elas querem.” Aliás, Degennes diz que mais o interessa saber o que as pessoas pensam quando elas atravessam a rua ou quando estão chegando em casa do que a relação delas com maquiagem. “Em uma dessas, inclusive, eu já fui duas vezes ao Brasil, viu? Acho que ainda não foi suficiente para conhecer o país todo, é claro. Quero voltar!”, anuncia.

Na base do diálogo, o maquiador vai longe. E, aparentemente, ele está preparado para mais 20 anos, se puder, no comando da Givenchy. “A maquiagem mudou muito nos últimos tempos. E, que bom! Eram coisas que eu já sonhava há muito tempo. Acho tão legal que temos mulheres e homens usando os nossas sombras, lápis e iluminadores…”, comemora. Segundo o diretor criativo, a individualidade é um valor que, cada vez mais, vai se impor no mercado de cosméticos e na sociedade de modo geral. E é preciso estar preparado para isso. “A gente precisa parar com essa coisa de uniformizar. De achar que todo mundo tem que ser igual. Isso está caindo por terra. Até porque, beleza é exatamente sobre isso. É sobre a honestidade que demonstramos ao nos abrirmos para o mundo”, finaliza.

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