Que história é essa de lavar o cabelo com água mineral?

Do hábito de levar uma garrafinha para dentro do box à instalação de um filtro específico para purificar a lavagem dos fios, desvendamos o que de fato vale a pena para proteger o seu cabelo no chuveiro.


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Há tempos sabemos que a água que usamos para higienizar nosso corpo e cabelo não é 100% pura. Apesar de parecer inofensiva, o pH, a temperatura e até mesmo o material da tubulação podem interferir, sim, na integridade dos fios enxaguados por ela. Parece exagero, mas, de acordo com um estudo conduzido pela Proctor & Gamble e publicado no Journal of Cosmetic Science, o cobre (material usado em muitas tubulações de água), é um grande vilão.

A biomédica estética Gabriela Silveira, da Clinica Slim Santé, explica: “Com o tempo, os canos acabam liberando sulfato de cobre que podem se depositar na cutícula e modificar a coloração dos fios”, diz. Mas o problema não para por aí. “Outra questão importante é o cloro. Em excesso, ele pode alterar os pigmentos da coloração e causar ressecamento, já que ele modifica o pH”. O dermatologista Erick Omar, de São Paulo, acrescenta que o pH alcalino leva a abertura da cutícula do fio. “Isso aumenta a possibilidade de substâncias indesejadas na haste capilar, o que leva a danos mais proeminentes”.

Além da qualidade da água variar de região para região (ou mesmo entre países), o histórico capilar de cada pessoa também é decisivo para o tamanho da interferência e nível de dano causado. “Quem já está com o cabelo mais seco e sensibilizado, por exemplo, acaba absorvendo muito mais as imperfeições da água. Fios que passaram pelo processo de clareamento, como os loiros, também sofrem mais com a alteração da cor, podendo ficar esverdeados”, afirma o cabeleireiro Ricardo Rodrigues, embaixador da Wella Professionals.

Por isso, especialistas afirmam que instalar um filtro no chuveiro seria, sim, uma opção válida. “Hoje existem opções de vários fabricantes, com diferentes tecnologias, que de fato fazem diferença no aspecto do cabelo”. De modo geral, os acessórios, que são acoplados ao chuveiro, contém substâncias como carbono, sulfito de cálcio, carvão ativado e esferas de cerâmica para aumentar a purificação.

Expectativa X realidade

Se a instalação de um filtro não parece uma opção prática ou viável, não se preocupe. Existem outras maneiras de driblar os efeitos da presença de elementos químicos na água. Um banho com uma garrafinha mineral ao final da lavagem ajuda, embora não com a mesma efetividade. “Já o famoso jato de água fria é para conter a oleosidade excessiva no couro cabeludo e para dar brilho”, diz Gabriela.

“Diminuir o tempo de exposição do fio no chuveiro é uma das melhores opções. Não é necessário mudar a água do banho e sim aumentar os cuidados e evitar os excessos. É importante também manter a temperatura adequada, que não deve passar de morna”, afirma Erick Omar. “Ao lavar o cabelo com água muito quente, os fios acabam ficando dilatados e perdem queratina e proteínas importantes para manter a hidratação e resistência”, complementa Gabriela Silveira.

“Com o tempo, os canos acabam liberando sulfato de cobre que podem se depositar na cutícula e modificar a coloração dos fios” – Gabriela Silveira, biomédica estética

Outros cuidados básicos como usar máscaras de tratamento (específicas para a sua necessidade) para repor os nutrientes perdidos e fortalecer os fios, utilizar protetor com FPS durante a exposição ao sol e um protetor térmico antes do secador ou babyliss também ajudam a driblar os efeitos de qualquer agente agressor. “Indico também o uso de um xampu de limpeza mais profunda, a cada 7 ou 10 dias para eliminar possíveis resíduos no couro cabeludo”, completa Ricardo Rodrigues.

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