Rooney Mara: “Eu realmente tenho gostado de envelhecer”

Foi só no sexto ano de sua carreira no cinema que Rooney Mara conquistou o seu primeiro papel como protagonista. Ele veio com o thriller The Girl With the Dragon Tattoo (2011), para o qual a atriz cortou o cabelo bem curtinho e pintou ele de preto, descoloriu as sobrancelhas, tatuou temporariamente um dragão nas costas, cobriu partes do corpo com piercings, fez aula de boxe e ainda aprendeu a andar de skate. Os empenhos resultaram em uma vaga entre as concorrentes  ao Oscar na categoria de Melhor Atriz daquele ano. 

Desde então, vieram muitos outros filmes de sucesso. A lista inclui Her (2013), longa em que conheceu o seu atual marido Joaquin Phoenix, e Carol (2016), romance estrelado ao lado de Cate Blanchett que rendeu à Rooney a sua segunda indicação à cobiçada estatueta dourada. Hoje, aos 39 anos, mãe de um filho e grávida do segundo, Mara está pronta para dar vida à atriz Audrey Hepburn em uma cinebiografia prevista para 2025. 

Em comum, além da aparência, Audrey e ela têm o fascínio pela Givenchy. Enquanto a primeira usou looks da etiqueta francesa durante a maior parte de sua filmografia, a segunda a elegeu como favorita para os tapetes vermelhos desde o começo de sua trajetória. “A Givenchy sempre me inspirou. Uso a marca há mais de uma década, das minhas primeiras premieres até as mais importantes. Sempre que vesti suas peças me senti bem e livre”, conta em entrevista à ELLE Brasil. 

Em 2018, Rooney Mara tornou-se o rosto da L’Interdit, fragrância criada pelo fundador da casa em 1957 e testada por Hepburn por um ano antes de seu lançamento oficial. Agora, em sua versão Absolu, o frasco revisita a silhueta original e o perfume está mais intenso nesta nova interpretação proposta pelos renomados perfumistas Dominique Ropion (nome por trás de Lady Million, de Paco Rabbane), Anne Flipo (La Vie Est Belle, de Lancôme) e Fanny Bal (Violette, de Chloé).

No bate-papo a seguir, a atriz fala sobre a sua relação com a Givenchy, os detalhes de sua rotina de beleza minimalista, os prazeres do amadurecimento e os desafios da maternidade.

Foto: Divulgação

L’Interdit, de Givenchy, é uma fragrância que fala de liberdade e sensualidade. O que essas coisas significam para você?

Sinceramente, não tenho certeza. Para mim, L’Interdit sempre representou o proibido – e acredito que a liberdade esteja ligada ao que é proibido. Eu adoro a dualidade da fragrância, ela é intensa e discreta ao mesmo tempo. Ela possui notas femininas, como o jasmim, mas também entrega um tom mais masculino com a adição do tabaco. 

A fragrância foi originalmente pensada para Audrey Hepburn. Você sente que tem algum paralelo com ela?

Poxa, espero que sim. Ela redefiniu a feminilidade de sua época, se tornou um arquétipo, por isso é tão amada por todos. Ela era autêntica e fiel a si mesma, algo que também me esforço para ser enquanto atriz e ser humano.

Você tem alguma memória olfativa importante?

Eu cresci no campo. O cheiro era de cavalos, fenos e vacas (risos). Meus avós tinham uma fazenda quando eu era criança e passávamos bastante tempo lá, principalmente no verão. Também lembro do cheiro do meu primeiro namorado, o meu amor de ensino médio, quando tinha uns 13 anos. Ele usava uma colônia, acho que da Banana Republic. Também me recordo do cheiro do outono, quando as férias da escola acabavam. Agora, o clima está mudando e não percebemos mais as estações como antes. 

Como é sua rotina de beleza?

É bem preguiçosa (risos). Lavo meu rosto e tenho alguns produtos que uso há anos. Tem um sérum que adoro, um spray corporal de coco e também um soro que aplico todos os dias sem falhar. Quanto aos exercícios, tento fazer uma caminhada todos os dias. Adoro ballet e yoga e também faço pilates há cerca de 12 anos com a mesma pessoa. Tento estar sempre ativa, mas também sou gentil comigo mesma, ainda mais agora que estou grávida.

Foto: Divulgação

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Você trabalha com a indústria da beleza há bastante tempo. O que beleza significa para você?

À medida que eu envelheci, o meu entendimento sobre beleza mudou. Eu a vejo de forma muito mais holística agora. Quanto mais contente estou com a minha vida, mais bonita me sinto. Estou mais interessada em olhar para dentro do que para fora. Em qualquer lugar, as mulheres pelas quais me atraí simplesmente aceitavam quem elas eram. Elas estão confortáveis em sua própria pele, são autênticas sem pedir desculpas por isso. Autenticidade é a qualidade mais bonita que alguém pode ter. É claro que me preocupo em comer e dormir bem, meditar, me exercitar. Mas não estou mais fazendo essas coisas porque preciso ter uma determinada aparência. 

Como você define seu estilo pessoal?

Eu diria que sou minimalista. Na verdade, sou bem leal às minhas preferências: quando encontro coisas que gosto, eu as uso por uma década! O mesmo acontece com produtos. Por isso, sou tão fiel ao L’Interdit. Em termos de moda, o meu estilo no dia a dia é quase chato. É mais emocionante quando tenho algum evento de trabalho, daí me arrisco mais. Valorizo a moda. Ela é uma arte, uma maneira de se expressar. 

Em outras entrevistas, você disse que não curte tapetes vermelhos. Qual a sua estratégia para ter mais confiança nestes momentos?

Tenho me sentido mais confortável à medida que envelheço. O tapete vermelho não é um cenário natural. Às vezes, me parece uma bobagem, mas faz parte. Levando menos a sério, dá para se divertir.

Como você concilia a sua carreira com a maternidade?

Ainda estou descobrindo como fazer isso. Quando estou atuando, são cerca de 12 ou 14 horas de trabalho por dia, durante uns três meses. Não sei como outras atrizes costumam lidar com isso, mas precisei fazer escolhas. Por algum tempo, preferi trabalhos com carga horária menor porque não queria sacrificar o tempo com o meu filho, principalmente nos seus primeiros meses de vida que passam tão rápido. Também tive bastante sorte porque, desde que o tive, pude trazê-lo junto comigo. Ele sempre está no set, pelo menos por um período do dia. Mas, definitivamente, é um desafio. Ainda estou aprendendo. 

A maternidade mudou sua relação com o corpo?

Com certeza. A gestação nos dá uma nova percepção de como o nosso corpo é e do que ele é capaz. É incrível o que o corpo feminino é capaz de fazer.

O que você vê quando se olha no espelho?

Eu realmente tenho gostado de envelhecer. Tem sido uma experiência muito mais confortável estar viva agora do que quando eu era mais jovem. Quando se tem filhos, tudo muda. Você vê o mundo de uma maneira diferente. Pelo menos para mim, ser mãe me coloca mais no momento presente. Tenho que estar aqui e agora por eles.

 

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