Antes de desistir da rotina saudável, dê uma chance ao SPA

Eu não sou o tipo de pessoa muito afeiçoada a ideia de passar um tempo em um SPA médico, ok? Acho que precisamos deixar isso bem evidente antes de irmos mais a fundo sobre a minha experiência no Kurotel – em Gramado, no Rio Grande do Sul. Eu estou mais para o vinho e para o cigarro do que para a biomassa de banana e o suco verde – ainda que, em certa medida, saiba apreciar essas duas últimas opções. De todo modo, eis a história: fui convidado a passar quatro dias com a galera que curte mais o mundo fit do que a vida boêmia e, em parte por preocupação com a saúde, em parte por curiosidade antropológica, decidi dizer sim ao convite.

Vale dizer que o timing foi bem interessante. Digo isso porque, no último mês, tendo vista os seguintes acontecimentos – lançamento da ELLE Beauté (a primeira revista impressa 100% dedicada à beleza da ELLE Brasil), cinco dias de férias em Nova York (viciado em musicais, visitei a cidade para assistir a seis deles em uma maratona bem intensa) e, para fechar, mais uma edição da São Paulo Fashion Week – a ideia de se hospedar em um SPA ficou mais interessante – para não dizer quase urgente.

No entanto, eu – por ser editor de beleza da ELLE – estou muito adaptado à SPAs de bem-estar, de massagem, de tratamento facial… SPA médico pode ter tudo isso também, mas, como um todo, a experiência é abissalmente diferente. Quando cheguei ao Kurotel, nem o charme europeu de Gramado, nem a decoração elegante do hotel, nada superou o meu mau-humor de quando eu pedi um copo de água – para acompanhar o meu jantar já diminuto (em comparação aos meus jantares anteriores) – e recebi uma dose de água. Em um copo como daqueles em que se serve uma dose de cachaça, sabe?

“Não recomendamos mais do que essa quantia de líquido para ser ingerido durante a refeição. Do contrário, a absorção de nutrientes pelo seu corpo será afetada”, me disse o garçom. A partir daí eu já percebi o compromisso do Kurotel com a manutenção da minha saúde. Nos dias seguintes, isso ficou cada vez mais claro. Primeiro passei por uma nutricionista, depois por um preparador físico, depois por uma fisioterapeuta, depois por uma médica especialista em genética e – quando achei que já não tinha mais tanto a aprender – sentei no consultório da Mariela Silveira que, ao lado do pai e da irmã, gerencia o método Kur e o SPA como um todo.

Quando eu cheguei até ela, eu já tinha respondido às mesmas perguntas muitas vezes. Essas de check-up geral de médico, sabe? Mas, a verdade é que, a cada vez que fui perguntado, mais um pensava sobre as respostas que estava dando, mais memórias eu desenterrava a respeito das minhas tentativas de viver uma vida mais saudável – informações valiosas tanto sobre o intuito quanto sobre a falha que, ao lado da Mariela, foram fundamentais para o desenho de uma estratégia tão eficiente quanto realista. O que eu, particularmente, estava começando a achar que não existia, que não era possível – ou, pelo menos, não pra mim que tenho essa personalidade, esse trabalho, essa vida metropolitana, cosmopolita, etc.

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“O mais importante de tudo é a adesão”, disse Mariela. “De nada adianta você vir aqui e não levar nada disso para a sua vida”, continuou. Na verdade, a ideia do Kurotel é que a sua estadia seja mais sobre se dar tempo para desenvolver essa estratégia inteligente do que para alcançar qualquer objetivo de emagrecimento ou recuperação. Claro, você pode se hospedar por mais tempo para, de fato, estar 100% acompanhado por uma equipe tão multidisciplinar quanto bem equipada por aparelhos ultratecnológicos, mas, no fim das contas, eles não vão com você para a sua casa depois do fim da estadia. E aí é que são elas.

As massagens são ótimas – em especial a com pedras quentes e o circuito de banhos (em que você vai de uma banheira quente a um banho de gelo e de volta a banheira quente para depois seguir para um banho gelado de espuma) são incríveis, valem a experiência – mas, a real é que a experiência no Kurotel é o pontapé inicial para uma mudança que precisa acontecer dentro da gente. Em especial, no caso de gente como eu – que estava a um passinho da desistência completa. Acredito que, por causa do Kur, consegui bolar um plano que, de fato, faz sentido para a minha vida. Que tem uma meta meio radical, mas que não tem uma execução radical ou apressada. Vou te atualizando dos próximos capítulos, mas te garanto que a introdução saiu bem melhor do que a encomenda.

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