Skintimates: o que são e como agem os produtos de cuidados íntimos

Com ingredientes naturais, a nova leva de hidratantes e lubrificantes foca no bem-estar sexual. Saiba quando faz sentido utilizá-los.


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Ilustração: Mariana Baptista



Junto ao boom do mercado erótico, durante pandemia ganharam força também produtos voltados para o bem-estar sexual. São hidratantes, lubrificantes e outras fórmulas com diferentes propriedades, que prometem aliviar desconfortos, como irritações e ressecamentos na área íntima. Eles fazem parte de uma nova categoria batizada de “skintimate”: algo como um skincare para região íntima.

Entre os novos nomes no Brasil aparecem produtos como o Sérum Íntimo Hidratante Reparador (R$ 109, 30 ml), da Lubs, composto por ácido hialurônico, vitamina E, aloe vera e calêndula. Segundo a marca – que também comercializa lubrificantes e vibradores – ele deve ser usado na área externa da região genital, como virilha e vulva, e próximo ao ânus.

“A gente escutava muito da necessidade de um produto reparador, de pós-relação sexual, depilação e qualquer tipo de atrito na área íntima”, disse Chiara Luzzati, CEO e fundadora da marca, criada em 2020. “Não é um passo obrigatório de forma nenhuma, mas é um produto superinteressante para quem tem essa necessidade.”

Já a Feel, outra marca de sexual care brasileira, também nascida em 2020, tem em seu portfólio o Óleo Hidratante Feel (R$ 69,90, 30 ml), com óleos de coco e camomila e lavanda, para aplicação no bumbum, axila e virilha. Ele foi desenvolvido, principalmente, para aliviar irritações com a depilação e evitar assaduras e desconfortos com a prática de esportes. “A depilação, com lâmina ou cera, é uma agressão na pele, e entendemos que essa situação está no universo da sexualidade feminina”, explica Marina Ratton, fundadora e CEO.

Segundo a dermatologista Tabata Yamasaki, o uso de cremes específicos onde são feitas as depilações pode ser de grande ajuda para evitar ressecamentos e possíveis manchas. “Principalmente quando fazemos depilação com cera, ela vai deixar uma pele bem fragilizada”, disse. “Ela tira parte da barreira cutânea e isso pode manchar, pode dar um tipo de dermatite ou foliculite. Esses cremes servem para acalmar a região e proteger a barreira cutânea e podem ser aplicados uma semana antes do processo e depois, para deixar essa pele hidratada, pelo menos.”

Entre os lubrificantes, há o Bruma (R$ 48,90, 110 ml), da Pantynova, à base de água, com ácido hialurônico e centella asiática, para uso anal e vaginal durante o sexo. “Quando começamos a pensar numa linha de lubrificante, queríamos muito que os benefícios fossem para além da masturbação ou do sexo”, disse Izabela Starling, co-fundadora da marca, criada em 2018, que também comercializa dildos e vibradores. “Pensamos em alguns componentes e chegamos no ácido hialurônico, que é um potente umectante, e ajuda não só ‘naquele momento’ como para além disso”.

“O lubrificante é importante para não causar fissuras ou lesão na parede vaginal”, explica a ginecologista Lúcia Alves da Silva Lara, presidente da Comissão Nacional de Sexologia da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “Os mais utilizados são à base de água, mas existem os óleos e de silicone”.

Entre os produtos que promovem hidratação vaginal, a especialista indica os de estrogênio ou os hidratantes à base de polímeros hidrofílicos ou ácido hialurônico. Existem cremes também para região interna da vulva, próxima ao clitóris e pequenos lábios.

“Quando dentro da vagina, eles formam uma camada de proteção, como se fosse uma luva, bem fininha, protegendo de alguma lesão durante a relação sexual”. Ela alerta, no entanto, que os produtos com estrogênio têm contraindicações para algumas pessoas, como mulheres em tratamento contra o câncer de mama. “Eles podem melhorar no ponto de vista da relação sexual? Muito. Porque a mulher fica muito mais confortável sem a dor.” Lucia pontua que, se a mulher não está lubrificando naturalmente, ela pode ter um impeditivo, seja menopausa, seja pelo uso de anticoncepcional, por estar no puerpério ou apresentar alguma patologia local. Nesses casos, faz sentido o uso dos estrogênios, hidratantes e dos lubrificantes durante a relação sexual. “Mas vamos usar hidratante para apimentar a relação? De jeito nenhum, totalmente contraindicado”, avisa a médica. “Ele não tem nenhum ativo que vá até o sistema nervoso central para estimular uma relação sexual, para fazer com que a mulher se sinta mais erotizada.”

Para ressecamentos na região da vulva, na região dos grandes lábios, que podem provocar coceiras, Lúcia também descarta uso de hidratantes. A recomendação é adotar pequenas mudanças no dia a dia, como o uso de sabões com pH entre 3,5 e 4,5 e uma depilação menos radical, que preserve os pelos sobre a vulva – no máximo, eles devem ser aparados. Ela também indica o uso de calcinhas de algodão, que devem ser lavadas apenas com sabão neutro e enxaguadas. “Não precisa colocar outros produtos ou amaciantes, nada. Depois, passe as calcinhas a ferro”, recomenda. Simples e seguro.

Skintimates

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Óleo Hidratante Feel, com óleos de coco e camomila e lavanda.

Foto: Divulgação

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Bruma, lubrificante hidratantets da Pantynova, à base de água, com ácido hialurônico e centella asiática.

Foto: Divulgação

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Sérum Íntimo Hidratante Reparador, da Lubs, composto por ácido hialurônico, vitamina E, aloe vera e calêndula.

Foto: Divulgação

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