Steyoncé é o novo nome da maquiagem para ficar de olho
Steyce Norrane fala sobre o começo do seu envolvimento com a maquiagem artística e as músicas que inspiram o seu trabalho.
“Eu sou uma artista recente, trabalho com maquiagem artística e, nesse pouco tempo, vi meu trabalho crescer muito e ser reconhecido por pessoas que eu nem imaginaria que fossem ser impactadas pelo que eu faço. Foi através da internet que isso foi possível, sabe? Nossa, eu vou chorar, desculpa, eu sou chorona” – Steyce Norrane tem nos olhos o frescor de quem descobriu uma nova paixão. Dessa vez, no mundo da beleza. Em janeiro de 2021, a maquiadora de 23 anos acumulou centenas de retweets em uma publicação com fotos de uma reprodução de um texto de hieróglifos que tinha pintado em seu rosto. Nessa trajetória de dedicação e aprendizado, a investida tem sido intuitiva e baseada no prazer em se desafiar.
Munida de um batom vermelho, usado também como delineador, uma base e um delineador dourado emprestado, Steyce fez a primeira maquiagem artística em março de 2020. “Pandemia é a resposta”, brinca, com um fundo de verdade. Em tempos normais, não sobrava muito tempo para qualquer coisa além do trabalho fixo, na área de gestão de energia elétrica. Já com a crise de saúde, a Steyoncé, como é seu nome nas redes, ganhou mais voz. Em um de seus perfis, ela se dedica aos seus makes. Em outro, ela dá vazão à sua versão nail artist. Fique de olho na jovem de Osasco: ela está prestes a decolar.
Como foi seu primeiro contato com maquiagem?
No terceiro ano do ensino médio, eu tinha um kit de duas sombras: uma prateada e outra azul. Eu amava aquelas cores, nem sabia o que era maquiagem, mas passava dois borrões, um de cada lado, e ia para a escola me achando. Depois, eu parei por um tempo e comecei a usar uma maquiagem básica: base na pele, boca e delineado de gatinho. Em março do ano passado, eu decidi fazer algo diferente: um delineado degradê com uma linha amarela que eu peguei de referência de uma maquiadora que sigo [@ahazatryxxie]. Essa mina é belíssima e eu gosto muito dos visuais que ela faz. Então, tentei reproduzir mais para ver se conseguia, sabe? Consegui e o sentimento foi ótimo. A partir disso, eu comecei a fazer mais e mais.
Steyoncé tem mão firme para desenhos cheios de detalhamento.Foto: Divulgação
Consegue listar três pessoas do mundo da beleza que todo mundo deveria acompanhar?
Olha, eu até fiz um guia no meu Instagram esses dias com minhas referências. A maior parte delas são mulheres negras, mas tem dois maquiadores: @daintyfunk, @wendysworld_xox, @arnaldo.jpeg, @pradaolic e o @christopher_grave – todos são incríveis, mas eu fico boba com esse último! Todo dia, o Christopher coloca conteúdo novo na conta dele, não sei como a pele dele aguenta e haja criatividade, né? Para você ter uma noção, eu posto na minha conta a cada cinco dias, mais ou menos. Agora, estou na sede de conhecer mais referências de maquiadores e maquiadoras brasileiras que estejam na pegada da maquiagem artística.
Como é sua rotina de skincare?
Não é muito complexa! Basicamente, lavo meu rosto com sabonete facial próprio para minha pele, passo hidratante e depois aplico protetor solar – que, para mim, é essencial. Protetores solares são a melhor forma de cuidar da sua pele. Sempre mantenho um por perto e vou retocando ao longo do dia. De vez em quando, faço uma máscara de argila branca ou verde, mas não faço isso com muita frequência.
Você tem algum ritual para se maquiar?
Normalmente, me maquio aqui ou na casa do meu namorado. Gosto de me maquiar de manhã, quando tem sol, porque quero tirar fotos com luz natural. A qualidade da imagem fica melhor e, além disso, quando o dia está ensolarado, me bate uma motivação a mais. Acho que meu ritual é ouvir um álbum da Beyoncé em um dia de sol. Me dá ânimo porque é a soma perfeita
Quais são seus materiais favoritos para maquiagem? Quais são seus xodós?
Eu tenho uma paleta da IMAGIC que eu amo. Uma amiga minha me indicou para comprar quando saiu. Ela tem 12 cores cremosas e dá para fazer muita coisa! A maior parte das minhas maquiagens são feitas com ela porque, além da textura ser muito boa, não craquela no rosto. Uma vez, quando eu ainda não tinha essa paleta, fui fazer uma reprodução, uma releitura do Abaporu, da Tarsila do Amaral. Quando tentei, estava na casa da minha tia no interior de São Paulo, onde é muito quente. Comecei a me maquiar, era meio dia, e a sensação térmica deveria ser 40ºC. (risos) Quando eu tava fazendo a cuca desse lado do rosto, chegava perto dos olhos e a maquiagem derretia. Então, quando comprei essa paleta foi uma glória porque ela segura muito bem, meu xodó.
Grafismos impactantes com pegada pop também aparecem no trabalho artístico da maquiadora.Foto: Divulgação
A maquiagem do seu perfil que eu mais fiquei obcecada foi a de hieróglifos. Você conta que foi baseada em um texto, qual texto foi e como ele chegou até você?
Eu sigo o Ray [@djeuty], que é professor de Arte e História e escreve textos ótimos. Em dado momento, cheguei no texto dos hieróglifos. Ele se chama “A Escrita dos Deuses”. Senti que precisava representar aquilo no meu trabalho de alguma forma. Até marquei o Ray na publicação. Criatividade é uma coisa curiosa, né? Às vezes, você está zerado, fica afobado porque não consegue criar nada – eu fico assim muitas vezes. Por outro lado, tem vezes que eu crio de forma muito espontânea, como a partir do texto do Ray. Outra vez, estava ouvindo Tasha e Tracie, vi a capa do álbum e fiz no rosto uma leitura de Rouff. Elas até republicaram minha maquiagem, eu fiquei sem acreditar porque elas são uma grande referência para mim, sabe? Tanto de som, ideia, quanto de moda. Eu escuto as músicas delas e consigo absorver cada palavra.
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