Coroação de Charles III: o que ver, ler e ouvir sobre a família real

Às vésperas do evento, uma lista de séries, documentários, livros e podcasts sobre a realeza britânica para maratonar.


charles destaque
Foto: Max Mumby/Indigo/Getty Images



Neste sábado (06.05), Charles III será coroado Rei da Inglaterra. Ao lado de Camilla, a rainha consorte, ele vai se tornar o 40º soberano da monarquia inglesa a ser coroado na Abadia de Westminster. Na última cerimônia, em 1953, Charles tinha 4 anos e assistiu a mãe, Elizabeth II, se tornar a jovem soberana do trono inglês, num evento para 8 mil convidados.

Desta vez, os convidados estarão em menor número, cerca de 2 mil pessoas. Mas nem por isso as festividades deixarão de ser menos grandiosas. Estima-se que os custos com a coroação de Charles devem ficar entre 50 milhões e 100 milhões de libras esterlinas (algo em torno de 313 milhões a 627 milhões reais).

 

View this post on Instagram

 

A post shared by The Royal Family (@theroyalfamily)


Mesmo com a popularidade da monarquia em baixa entre os súditos da coroa (pesquisas de opinião revelam que apenas três em cada dez ingleses ainda veem alguma relevância em manter reis e rainhas), a coroação de Charles receberá uma ampla cobertura de canais de televisão e de outros veículos de imprensa do mundo todo. Quem acompanhar ao vivo este momento histórico, vai testemunhar o final de uma longa espera. Charles se tornou herdeiro do trono inglês 71 anos atrás.

Quando deixar a Abadia de Westminster, estará trajado de rei, com direito a manto usado por seus antepassados, cetro feito para Charles II, em 1661, e levará na cabeça uma peça decorada com nada menos do que 3 mil pedras preciosas, rubis, safiras e esmeraldas, tendo ao centro um dos maiores diamantes já encontrados no mundo.

Para entrar no clima, confira a seguir séries, documentários, livros e podcasts que nos conduzem para o interior dos palácios e de alguns dramas vividos pela família real inglesa:

PODCAST

Cost of the Crown – Podcast today in focus (Spotify, Deezer, Apple Podcasts)
O jornal inglês The Guardian estima que a fortuna pessoal do Rei Charles esteja em torno de 1.8 bilhão de libras esterlinas, o que daria por volta de 11 bilhões de reais. Após a morte da rainha, Charles acrescentou mais de 2 milhões de libras a sua fortuna, vendendo os cavalos de raça da mãe em leilões. Não há notícias de que tenha pago imposto sobre a herança recebida. No Today in focus, podcast do Guardian, estão disponíveis vários episódios com a investigação conduzida pelo jornal, chamada de Cost of the crown (o custo da coroa). No episódio 4, os jornalistas apuram a vasta fortuna pessoal de Charles III. Como os monarcas são servidores públicos, o jornal sustenta que deveria haver mais transparência sobre as fortunas pessoais dos membros da realeza e sobre o que eles fazem em troca de receber rios de dinheiro dos contribuintes ingleses.

SÉRIE

The crown (Netflix, 2016) – Nas cinco temporadas disponíveis da série, há um farto material para entender a personalidade do atual rei da Inglaterra – mas vale lembrar que a produção é baseada em fatos reais. Quando criança, ele é retratado como um menino incomum, extremamente tímido e sensível. Para desespero do pai, o príncipe Philip, Charles ainda é péssimo em esportes. O herdeiro é enviado à contragosto (temporada 2) para a escola onde o pai estudou, na Escócia, onde passa por todo tipo de humilhação. Jovem, sua imagem é a do sofrimento (temporada 3). Não pode levar adiante o romance com Camilla, por ela não ser virgem para o herdeiro do trono. Mas com Diana, Charles é alguém frio e insensível. Mal vê a noiva antes do casamento, que fica abandonada no Palácio de Buckingham. The crown também refaz o famoso diálogo (temporada 5) entre o herdeiro e a amante, vazado pela imprensa, em que diz sonhar ser o absorvente íntimo de Camilla. A essa altura da série, Charles já ofereceu motivos para o público sentir tanto pena quanto raiva dele.

DOCUMENTÁRIOS

Os Windsors: uma família real (Globoplay, 2020)
A produção original da CNN exibe cenas históricas como a coroação de Charles como príncipe de Gales, em 1969, ajoelhado diante da mãe. Ainda jovem, o herdeiro sentia o peso da monarquia. Por meio depoimentos com biógrafos da família real, ele sugere que Charles poderia não ter se casado com Diana. Enquanto ela era retratada pela imprensa como a noiva perfeita, ele tinha muitas ressalvas sobre ela. O casamento só aconteceu porque ele teria interpretado mal uma carta enviada por seu pai, o príncipe Philip, em que cobrava uma decisão a respeito de Lady Di. Pela correspondência, Charles achou que o pai tinha dado uma ordem e se apressou em casar, mesmo estando apaixonado por Camilla.

A rainha: mãe e monarca (HBO Max, 2022)
Ao contrário do filho, a jovem Elizabeth provou ser uma pessoa extremamente determinada quando não abriu mão de se casar com o homem por quem era apaixonada na época. A futura rainha casou-se com o príncipe Philip, em 1947. Um ano depois, deu à luz o primogênito Charles. Depois, veio a princesa Anne. Com os dois filhos ainda pequenos, Elizabeth embarcou numa viagem a Malta com o marido deixando os filhos com a babá. Só retornou ao ser avisada do falecimento do pai, o Rei George VI. Começava ali o reinado de uma das soberanas mais longevas da história.

Harry e Meghan (Netflix, 2022)Em seis episódios, a série traça uma linha do tempo desde o momento em que Meghan Markle e o príncipe Harry se apaixonam até a mudança do casal para os Estados Unidos. Além de mostrar a repercussão da bombástica entrevista dada a Oprah Winfrey, em que Meghan menciona a preocupação de Buckingham com a cor da pele de seu filho, Harry cita o pai de uma forma não muito lisonjeira. Sugere que Charles, ou pelo menos a equipe do atual rei, foi responsável por alguns vazamentos à imprensa sobre os planos do casal, como a mudança para o Canadá. O filho mais novo de Diana fala também da omissão da família real enquanto Meghan era hostilizada pela mídia.

Diana – 7 dias (Globoplay, 2017)
A produção original da BBC refaz os últimos sete dias que antecederam a trágica notícia da morte de Diana, num acidente de carro em Paris. Depoimentos da família e de pessoas próximas a ela  relembram como a perseguição dos fotógrafos tinha saído de controle nos dias anteriores à sua morte prematura. O episódio também deixou profundas marcas na trajetória dos filhos William e Harry.

Os príncipes e a imprensa (Globoplay, 2020)
A complicada relação entre a dinastia Windsor e a imprensa britânica é o tema desta produção da BBC. O documentário disseca algumas batalhas de narrativas travadas recentemente, numa demonstração de que, mesmo alimentando um certo ódio pela mídia tradicional, os príncipes William e Harry tentam se manter no controle dela. Um dos episódios recentes que ilustram essa guerra pela narrativa foi a notícia sobre o comportamento abusivo de Meghan com seu staff real. Quem faz chegar essas informações à imprensa? Poderia ser a consequência de uma guerra travada dentro da própria família? São perguntas que o documentário tenta responder.

LIVROS

diana bio

 

Diana, sua verdadeira história em suas próprias palavras (Editora Bestseller, 2013)
Na biografia do jornalista Andrew Morton, Diana conta que foi ingênua de acreditar que Charles estava realmente apaixonado por ela no início da relação. A princesa também contou ao biógrafo que confrontou Camilla, em 1989. A então amante do príncipe indagou sobre o que mais Diana podia querer, tendo dois filhos lindos e todos os homens do mundo a seus pés. Diana foi direta na resposta: “Quero o meu marido”. O livro foi escrito a partir de mais de sete horas de gravações feitas pela própria Diana e que depois resultaram no documentário Diana, in her own words (indisponível no Brasil).

os arquivos do palacio

Os arquivos do palácio (Companhia das Letras, 2022)
A inglesa Tina Brown, ex-editora das revistas The New Yorker e Vanity Fair, era amiga pessoal da princesa Diana. Portanto, era uma conhecedora das intrigas palacianas protagonizadas pela dinastia Windsor. Nas quase 600 páginas do livro, Tina dedica um capítulo a Camilla. Descreve a antiga amante de Charles como alguém que teve o papel de encorajar o angustiado herdeiro que, segundo o livro, se expôs muitas vezes ao ridículo sem necessidade. A autora lembra quando ele , após viagem à Índia, citou como exemplo de moradia urbana uma favela superpovoada em Bombaim, com 1 milhão de pessoas vivendo em condições miseráveis e numa área que ocupava metade de uma de suas propriedades.

bio harry

O que sobra (Editora Objetiva, 2023)
A esperada biografia do Príncipe Harry foi direto para o topo das listas dos livros mais vendidos ao ser lançada no início do ano. Ele conta que o pai foi até sua cama dar a notícia da morte de sua mãe. Charles colocou a mão em seu joelho, mas foi incapaz de lhe dar um abraço. Em outro momento, Harry lembra da dificuldade de se adaptar ao novo casamento do pai. Ficava apreensivo se Camilla seria capaz de ser cruel como as madrastas dos livros de história. Não chegou a tanto. Mas a rainha consorte transformou o quarto de Harry em seu próprio quarto de vestir na primeira oportunidade que teve. Depois do livro e da série para Netflix, surgiram dúvidas se o filho caçula de Charles estaria presente à coroação do pai. Harry irá sem Meghan, que não foi convidada. Mas ele não terá papel de destaque na cerimônia.

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes