Fotógrafa Vania Toledo morre aos 75 anos

Com uma trajetória marcada pela produção de retratos de ícones da cultura brasileira, ela deixa como legado o seu olhar corajoso e poético sobre artistas que foram símbolos da noite, da sexualidade e da liberdade no Brasil.


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Morreu na madrugada desta quinta-feira (16/07), a fotógrafa Vania Toledo, aos 75 anos. Ela estava há dois dias internada no hospital Santa Casa da Misericórdia, em São Paulo, após complicações causadas por uma infecção urinária.

Nascida em Paracatu e formada em ciências sociais pela Universidade de São Paulo, Vania começou a trabalhar na editora Abril, durante os anos 1960, no departamento de livros educacionais da empresa. De forma autodidata, no final dos anos 1970, se lançou como fotojornalista pelo jornal Aqui São Paulo. Durante sua carreira fotografou nomes como Caetano Veloso, Ney Matogrosso e Andy Warhol um dos seus maiores ídolos da fotografia, com quem aprendeu muito também sobre retratos e a liberdade na fotografia.

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Na moda, foi a retratista de figuras como Costanza Pascolato e das roupas de estilistas, como Clodovil e Conrado Segreto, solidificando de forma atemporal, com seu clássico preto e branco, uma carreira que passou por títulos como ELLE, Cláudia e até Interview, na edição brasileira da revista criado por Warhol.

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Ícone do registro noturno, não só conseguiu entrar no Studio 54, em Nova York, como também clicar o pai da pop art e outros figurões da época, como Truman Capote. No Brasil, o seu clique em festas dos anos 1970, 1980, 1990 congelou, com seu flash estourado, a efervescência de clubes como o Madame Satã, de São Paulo.

Vania também tinha acesso irrestrito às coxias e palcos do teatro. Fotografou importantes nomes da cena artística, entre eles Antônio Bivar, recém-falecido, com quem estabeleceu uma forte amizade.

Imagens históricas ficarão para sempre na memória, com o seu trabalho: o abraço do escritor Caio Fernando Abreu em Cazuza, Rita Lee grávida, Caetano Veloso e Ney Matogrosso completamente despidos. Esse poder, inclusive, de captar a plena vulnerabilidade de alguns dos homens mais importantes do país virou inclusive uma de suas obras mais marcantes, a série Homens, de 1980.

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Naqueles registros, Vania captura não a perfeição física à la Robert Mapplethorpe e Alair Gomes, mas a irregularidade e fragilidade na anatomia masculina. Mesmo em suas fotografias mais recentes de corpos mais esculpidos e torneados é a delicadeza sensual a grande protagonista do jogo entre luz e sombra.

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