NYFW: Calvin Klein Collection, inverno 2025

“Na maior parte do tempo, nós vemos as mulheres como objetos de desejo. Mas e se elas se tornassem as pessoas que desejam?”, questiona Veronica Leoni, em entrevista ao The New York Times. A primeira estilista mulher na direção criativa a Calvin Klein Collection desde a sua fundação, em 1968, está interessada em voltar às origens da etiqueta: ao sexy sem esforço, com básicos de todo dia, tipo regata canelada sem sutiã e jeans com caimento quadrado perfeito. Além, claro, do “minimalismo monumental”, como ela mesma descreve.

Sua estreia na semana de moda de Nova York rolou nesta sexta-feira (07.02) e era uma das apresentações mais esperadas da temporada. A label estava longe das passarelas há seis anos e meio, desde a saída de Raf Simons, diretor de criação de 2016 a 2018. A Calvin Klein é também a única grande marca estadunidense no line-up da NYFW.

O currículo da italiana justifica sua posição atual. Nascida em Roma em 1984, Veronica Leoni passou pela Jil Sander, Céline, Moncler e The Row. No tempo em que trabalhou com a diretora criativa Phoebe Philo, na Céline, dividia o ateliê com Daniel Lee (diretor criativo da Burberry), Peter Do e Matthieu Blazy (ex-Bottega Veneta, recém-nomeado diretor de criação da Chanel), nomes importantes da nova geração. Em 2021, ela criou sua própria label, a Quira, que foi finalista do prêmio LVMH em 2023. Ela suspendeu as atividades da marca após assumir o cargo na Calvin Klein.

Calvin Klein Collection, inverno 2025. Foto: Divulgação

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O desfile deixa clara as influências de suas experiências profissionais anteriores, principalmente as com Phoebe Philo e Jil Sander. O denominador comum é mulheres criando para mulheres, pensando em suas necessidades e desejos. Na passarela, vemos tanto uma alfaiataria mais seca e suéteres coladinhos ao corpo quanto casacos grandões, sobretudos com capas acopladas e trench-coats estruturados.

Aqui, não há diferença entre roupa para trabalhar e para sair à noite. É tudo junto e misturado – e que bom. A ideia é que o novo guarda-roupa Calvin Klein Collection carregue um ar sexual e dominante. Veronica chama de “sexitude”. Dessa vontade, vêm os robes e slip dresses de seda, as blusas assimétricas com certa transparência e o vestido rosa ombro a ombro que surpreende em um mar de tons esmaecidos e neutros. Para noites mais chiques, ela criou vestidos drapeados de manga longa ou sem alças que parecem confortáveis na mesma medida que são sensuais.

É interessante também a forma como Leoni interpreta alguns códigos clássicos da marca: ela transforma em bolsinha o frasco do perfume CK One (hit de vendas da marca) e reinventa as sapatilhas de bico quadrado, criadas pelo próprio Calvin Klein em 1999. O fundador, aliás, assistiu ao desfile em uma rara aparição pública.

Calvin Klein Collection, inverno 2025. Foto: Divulgação

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Ainda que se trate do minimalismo pelo qual a etiqueta é conhecida, a visão da nova diretora criativa se diferencia pelo ponto de vista feminino. A roupa é mais sisuda e menos descomplicada, mas carrega em si uma esperteza diferente de quem vive e ama o corpo que a veste, que sabe que precisa de proteção e sedução na mesma medida, que entende a hora de mostrar e de esconder.

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