Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura

Explorando outros códigos do arquivo da Schiaparelli, Daniel Roseberry modifica silhuetas e injeta sensualidade na alta-costura da maison.


Schiaparelli, alta-costura inverno 2024
Schiaparelli, alta-costura inverno 2024 Foto: Divulgação



Seria esse o renascimento oficial da era Daniel Roseberry na Schiaparelli? Os sinais já estavam lá desde a última temporada de alta-costura, em janeiro, quando o bebê cibernético roubou os holofotes do desfile de verão 2024. Mas a coleção de inverno 2024, apresentada nesta segunda-feira (24.06), confirmou que o estilista está com vontade de seguir novos caminhos, expandindo o seu trabalho com os arquivos da casa.

Se você acompanha o trabalho de Roseberry na Schiaparelli, deve lembrar daquele surrealismo douradão que brinca com o olhar desfigurando imagens, deslocando elas de contexto e construindo um visual fantástico. Foi o que fez a maison se restabelecer e se tornar uma das marcas mais quentes do calendário nos últimos anos. Mas parece que Daniel Roseberry não quer mais trabalhar estes mesmos códigos da etiqueta – pelo menos não por enquanto. 

Schiaparelli, alta-costura inverno 2024

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura. Foto: Divulgação

Schiaparelli, alta-costura inverno 2024

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura. Foto: Divulgação

Schiaparelli, verão 2025 alta-costura

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura Foto: Divulgação

A ideia agora é explorar outros caminhos do DNA surrealista da Schiaparelli. No release deste primeiro desfile da semana de alta-costura, o estilista fala sobre a fênix, lenda que dá nome à coleção. Para quem não sabe, a fênix é um pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em autocombustão e depois renascia das próprias cinzas. 

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Outra referência para a coleção é a imagem de Elsa Schiaparelli vestindo uma estola de penas em homenagem à bailarina Anna Pavlova. Daniel não queria que fosse uma releitura do look em si, mas uma representação da forma que a fundadora sempre conseguia se reinventar.

No backstage, ele disse: “Eu não queria ser nostálgico e estava com medo de fazer uma homenagem. Queria que parecesse antigo, mas, ao mesmo tempo, jovem e distorcido”. Do pássaro vêm as impressionantes penas que cobrem a blusa de decote acentuado e o tailleur preto e vermelho. Do look da fundadora da marca, a capa de ombros marcados que já deve ter passado pelo seu feed.

Schiaparelli, alta-costura inverno 2024

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura. Foto: Divulgação

Schiaparelli, alta-costura inverno 2024

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura. Foto: Divulgação

Schiaparelli, alta-costura inverno 2024

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura. Foto: Divulgação

Essa imagem, no entanto, vai se transformando, como numa metamorfose. Repare nas saias esculturais que aparecem ora com uma fenda na perna, revelando um forro e uma meia-calça metalizados, ora na parte de trás de um tubinho bordado: elas transformam a silhueta, agigantando partes do corpo. 

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Outras peças são cortadas a laser, deixando bastante pele à mostra. O vestido preto e branco com abertura no umbigo, fazendo as vezes da fechadura, que é um dos códigos mais importantes da casa, e os corsets transparentes entram nessa ideia de sedução.

Em um dos momentos mais impressionantes da coleção, há centenas de tecidos sobrepostos formando uma onda orgânica na saia de um longo super decotado. Afinal, a alta-costura é sobre mostrar e reafirmar técnicas artesanais. Mas não só.

Schiaparelli, alta-costura inverno 2024

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura. Foto: Divulgação

Schiaparelli, alta-costura inverno 2024

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura. Foto: Divulgação

Schiaparelli, alta-costura inverno 2024

Schiaparelli, inverno 2024 alta-costura. Foto: Divulgação

Através dessas roupas, – que as clientes colecionam, Daniel fez questão de pontuar –, elas podem se reinventar. Ter um corpo diferente, um novo estilo e até descobrir uma nova forma de sensualidade. E, assim como a fênix, Daniel Roseberry também queria mostrar que o surrealismo da etiqueta não deve ser limitado. É sempre tempo de se reinventar.

A diferença é que, dessa vez, as ideias de Elsa Schiaparelli não precisaram morrer para renascer novamente.

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