O que está acontecendo com a minha planta?
Folhagem que não cresce, pragas e o dilema da irrigação figuram entre os principais desafios para os jardineiros de primeira viagem. Consultamos especialistas e reunimos seis dicas para calibrar seu dedo verde e ajudar suas amadas plantas.
Começa assim: a gente sonha em ter um jardim por perto e leva para dentro de casa um ser vivo que evoluiu como espécie morando lá do lado de fora, ao ar livre. Nos primeiros tempos fica tudo bem, mas depois a planta pode se ressentir – e manifestar isso de incontáveis maneiras, nem todas fáceis de desvendar. “Na natureza, as plantas contam com a companhia de borboletas, joaninhas e outros insetos capazes de fazer um controle natural das pragas. Na nossa varanda, isso se perde”, explica a paisagista Luciana Bacheschi, que se divide entre São Paulo, Joinville e Curitiba.
Planta que não cresce, folhas manchadas e morte súbita também são reclamações recorrentes ouvidas pelo jardineiro Rodrigo Lima, de São Paulo. “Já vi espécies de grande porte apertadas em vasos pequenos para que coubessem num canto da sala. É preciso lembrar que as plantas são seres vivos, não um objeto de decoração”, diz, com a experiência de quem lida na área há mais de 30 anos. A seguir reunimos as melhores soluções – e não problemas, notou? – para resolver de vez seus dilemas paisagísticos.
Engane o GPS da planta
Quanto mais próxima do seu habitat natural, mais felizes ficam as plantas. Foto: Judah Guttmann
Antes de escolher as espécies para ter em casa, estude a quantidade de luz que entra no seu cantinho ao longo do ano. Oferecer sol, umidade e temperatura semelhantes ao que a planta tem em seu habitat natural é a receita para que ela se mantenha plena como em seu lugar de origem. Outra dica de Luciana Bacheschi: “A chuva limpa as folhas, deixando a superfície livre para respirar. Finja uma chuvinha doméstica de tempos em tempos e livre o verde da poeira em excesso para que a troca gasosa aconteça sem sobressaltos”, orienta.
Muita água x pouca água
Água: não afogue suas plantas. Foto: Markus Spiske / Unsplash
Estresse hídrico parece unanimidade entre os problemas mais ouvidos pelos paisagistas. Em resumo: pouca água murcha folhas e atrapalha a nutrição; muita água abre brechas para bactérias e apodrece as raízes. “Os dois casos prejudicam gravemente qualquer espécie, daí a necessidade de avaliação frequente da umidade do solo e de um bom sistema de drenagem nos vasos”, explica Rodrigo Lima. Regue quando, ao espetar o dedo no substrato, ele sair limpo.
Combata o exército inimigo
Pintinhas brancas que aparecem na base da folha, insetos cascudinhos que avançam pelo caule, pequenas teias que tornam as folhas grudentas: cochonilha, pulgão e ácaros estão entre os invasores mais comuns dos jardins domésticos. Agir ao menor sinal de ataque evita problemas mais sérios. Catação manual e limpeza da planta com água e sabão de coco – lembre-se de atacar embaixo das folhas – costumam resolver casos simples. O óleo de neem, vendido em garden centers, atua em situações mais complexas.
A favor da diversidade
Joaninhas são predadores naturais de cochonilhas. Foto: Getty Images
Quanto mais plantas diferentes no entorno, mais protegidas ficam todas elas. A multiplicidade de espécies atrai outra multiplicidade de organismos que fazem um controle natural das eventuais pragas. Por exemplo, sofre com cochonilhas? Invista em plantas que atraem joaninhas, seus predadores naturais. Outra dica: quer polinizar suas frutíferas? Use manjericão como forração e deixe-o florir para atrair abelhas sem ferrão.
Respeite as proporções
Projeto Jardim Sereno, de Luciana Bacheschi e Gabi Pileggi (Jardineiro Fiel), na Casacor São Paulo 2023. Foto: Cacá Bratke
Espécie grande pede vaso grande. Raízes apertadas, sem espaço para crescer, aos poucos minam a energia da planta, que fica mal nutrida e sujeita ao ataque de doenças e pragas. Avalie o porte da sua companheira e planeje-se para acomodá-la com conforto, seja dentro de casa ou no jardim.
Nutrição ideal e replantio anual
O replantio anual ajuda a manter as plantas mais saudáveis. Foto: Getty Images
Assim como os seres humanos, as plantas bem nutridas estão menos sujeitas a doenças. U bom substrato faz toda a diferença e a adubação deve ser constante, não esporádica. Dê preferência aos adubos orgânicos: “Misturas com terra vegetal, estercos curtidos, partes de areia, húmus de minhoca e carvão são excelentes opções, mais seguras e completas em micronutrientes do que as opções químicas vendidas prontas”, aponta Rodrigo Lima. Uma vez por ano também é recomendável fazer o replantio das espécies em vasos. Retire o torrão, corte as raízes em excesso (na dúvida, contrate um profissional) e finalize acrescentando substrato novo bem adubado.
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