Como ter uma árvore frutífera em casa

Que tal colher uma pitanga direto do pé? Ou ter um limoeiro para chamar de seu? Com a escolha e os cuidados adequados, é possível cultivar espécies que dão frutos em varandas ou até indoors.


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Quem disse que colher fruta no pé é privilégio de quem mora no campo? Bem, uma frutífera de apartamento certamente vai exigir mais atenção do que uma árvore nascida e criada na roça. Mas digamos que as exigências de uma pitangueira urbana não vão ser radicalmente diferentes dos cuidados necessários para outras espécies ornamentais disponíveis por aí.

Para tornar realidade o sonho da colheita, a estratégia começa antes mesmo da primeira rega: dedique-se a analisar bem o espaço que vai abrigar a futura moradora para tomar a decisão mais certeira possível na escolha da espécie.

A arquiteta Cassiana Miranda já havia tentado cultivar sozinha seu jardim com frutíferas na varanda do prédio no bairro do Brooklyn, em São Paulo. “Sempre colocava planta aqui sem entender muito sobre vento e insolação e elas morriam”. Quando sua filha nasceu, resolveu buscar ajuda profissional para planejar adequadamente as espécies. Com a orientação da paisagista Catê Poli, Cassiana investiu em uma jabuticabeira, um limoeiro, um pé de romã e em uma pitangueira. Dessa vez, o pequeno pomar foi para frente. “Acho que é uma relação bem interessante para as crianças ver como tudo cresce, o tempo que demora para brotar. Elas acabam cuidando junto e, além disso, as frutas atraem muitos pássaros”.

Também arquiteta, Juliana Battaglia queria um canto com cara de casa no alto de seu prédio no bairro do Panamby, em São Paulo. “As frutíferas vieram carimbar essa ideia”, conta. Os grandes fregueses das jabuticabas que nascem em quantidades cada vez maiores na varanda de Juliana são seus dois cachorros da raça Cavalier: “Quando está em época de dar fruta, eles comem todas as que ficam em baixo, no tronco”, conta ela. Além das três árvores desta espécie, a arquiteta tem também duas pitangueiras, um limoeiro, uma árvore de mexerica e um abacateiro que plantou sozinha, a partir da semente da fruta. A manutenção é feita a cada três meses, com a ajuda de um jardineiro.

Sem dúvida, a maior parte das árvores frutíferas fica melhor adaptada em amplos espaços. Mas dá, sim, para encontrar alternativas que podem trazer ares bucólicos para a sua varanda – ou até mesmo para a sala de estar, em vasos robustos dispostos, por exemplo, à beira de janelões de vidro. “A primeira coisa quando pensamos em frutíferas é: tem que bater sol para que ela dê flor e fruta. Se não bater sol, você não consegue ter uma frutífera que realmente produza em ambiente interno”, diz Catê Poli.

A seguir, veja as dicas da paisagista para começar a planejar o seu jardim.

Definindo o local

O clima, a luminosidade e a insolação são elementos fundamentais na adaptação das espécies. A maior parte das frutíferas precisa de sol abundante (cerca de 4 a 6 horas por dia) para que de fato cresçam saudáveis e deem frutas. Se houver a opção, por exemplo, de colocá-las em um local em que recebam luz em horários diferentes do dia, melhor!

“O cultivo totalmente indoor é superdesafiador, pois o ambiente fechado reduz a ventilação e as pragas amam isso. Pode dar certo em um apartamento face norte com janelões do chão ao teto, mas varandas abertas e descobertas são as melhores opções”, lembra Catê.

Hora de escolher a espécie

De acordo com o espaço disponível, é preciso pensar se o ideal são espécies de porte grande (grumixama, amora e jabuticabeira) ou médio (pitangueiras, acerola e romãzeiras; ou as cítricas como limão-cravo, limão-siciliano, ponkan e mexerica do rio). Para definir, leve em consideração tanto o tamanho da copa em relação ao espaço, quanto o volume maior de solo necessário no vaso.

Na hora da compra, aconselhe Catê Poli, procure optar pelas plantas que estejam já mais maduras, que estejam produzindo ou que podem começar a dar frutos mais rapidamente. E, claro, observe atentamente se o torrão de raiz está firme e saudável, sem pragas nas folhas. “Veja se existem folhas brotando: isso é um bom sinal”, lembra Catê.

Tipo de vaso

Além de estarem adequados ao tamanho do espaço disponível, opte pelas versões que tenham furos de drenagem para que não haja acúmulo de água e, assim, evitar que as raízes apodreçam. Dá para optar por vasos menores, inicialmente (Catê recomenda que tenham, no mínimo 50 x 50 cm) e, pouco a pouco, transplantar para vasos maiores.

Plantação e cuidado

Evite terra arenosa e argilosa. Apesar da especificidade da cada espécie, em geral, as regas precisam acontecer 3 vezes por semana. A adubação precisa ser feita com bastante matéria orgânica para repor adequadamente os nutrientes a cada 3 ou 4 meses. Evite podar antes da floração.

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