Os móveis cheios de história de Paulo Alves
O designer e arquiteto cria peças sustentáveis, feitas para durar gerações. Esta é sua maior missão, um objetivo compartilhado com o Sparlack Cetol Beleza Natural, que Paulo aplica em suas peças para proteger a madeira e destacar suas cores e texturas originais.

CONTEÚDO APRESENTADO POR SPARLACK CETOL
A relação com a natureza e com a madeira entrou cedo na vida de Paulo Alves, ainda na infância, no interior de São Paulo, em Jardinópolis, onde o futuro arquiteto e designer nasceu e cresceu. O garoto ainda não sabia, mas as brincadeiras de menino, em meio às mangueiras típicas da região, influenciariam profundamente seu trabalho no futuro. “Sempre tive uma ligação afetiva com a natureza e com a cultura local”, conta. “Venho de uma família simples, meus pais trabalhavam na roça, meus tios eram colonos em fazendas. Trabalhei no armazém que foi do meu avô e depois do meu pai. Então vivi esse universo da cultura popular de perto. Isso me marcou”.
Paulo também tinha uma característica rara. Era um garoto que gostava de mexer na decoração da casa. “Meus pais saíam e, quando voltavam, eu tinha mudado tudo de lugar, pintado paredes”. Um talento que ele conserva até hoje. Vira e mexe os amigos o chamam para redecorar os ambientes. “Às vezes, de madrugada, estamos lá arrastando sofás, mudando tudo”, conta, divertindo-se. Além disso, gostava de trabalhar nas reformas da casa da família, com 10 anos já colocava a mão na massa com os pedreiros. Ter cursado o ensino Fundamental em uma escola técnica do Sesi só fez crescer esse entusiasmo pelo fazer manual. “Havia uma marcenaria na escola. Fazíamos o desenho na sala de aula e depois íamos para oficina trabalhar a peça. Eu gostava muito dessa atividade, desse ambiente, do cheiro da madeira”, lembra, com carinho.
Detalhes e assinatura do designer na cadeira Atibaia (à direita). Na foto ao lado, ela sobre a mesa, com Paulo, que a considera a peça mais icônica de sua carreira, feita para emocionar.
Modernismo e cultura popular
Ao fazer arquitetura, Paulo teve a sorte de ir trabalhar com Lina Bo Bardi, com quem aprendeu que não havia fronteiras entre a arquitetura e o design, que era possível comunicar com qualquer projeto, fosse uma casa ou uma cadeira. “Me encantei com a história dessa mulher, que veio da Itália e mergulhou na cultura popular brasileira”. Foi uma espécie de virada de chave para ele. “Entendi que tudo é circular, que eu podia fazer o que quisesse mantendo o meu pé no barro, embaixo da mangueira”, diz.
Além de unir o erudito e o popular, Lina desenvolvia todo o mobiliário para suas obras, a ponto de instalar uma fábrica de móveis em São Paulo. “A maioria das peças que ela criou era de madeira. Isso me reconectou à minha vivência com a marcenaria da infância”, recorda. O passo seguinte foi integrar o time da Marcenaria Baraúna, que foi aberta para produzir peças como a cadeira Girafa, junto com Marcelo Suzuki e Marcelo Ferraz, ambos da equipe de Lina. Por lá, Paulo ficou nove anos, período em que conheceu tudo sobre as árvores brasileiras, as técnicas tradicionais de trabalhar a madeira e a forma arquitetônica de construção do mobiliário. Uma escola incrível.
Paulo com a escultura que fez para expressar seu afeto pela marcenaria: “Ela simboliza o desenho da natureza, a minha maior fonte de inspiração”.
Liberdade para criar
A partir dali, Paulo começou a enxergar outros potenciais na madeira, usando desenhos mais orgânicos, misturando material de árvores diferentes, o que o levou a montar sua própria marcenaria, em 2004, na Vila Madalena, em São Paulo. Em 2020, transfere seu estúdio para o boulevard São Luís, no coração da cidade. “Nunca perdi o gosto pelas linhas retas, mais arquitetônicas. Tenho peças que parecem o Masp com o vão livre, mas sempre gostei de ter liberdade para criar. Queria experimentar outras formas, como as peças feitas com galhos”.
Focado 100% na madeira como matéria-prima, Paulo enxerga que o fio condutor que amarra toda sua obra é a sustentabilidade. Para ele, o processo criativo deve começar pela matéria-prima. “É preciso produzir com o que está disponível e não pesquisando tendências”, critica. Uma postura que influencia todo seu processo criativo. Um bom exemplo é o sofá-cama Perobão, que Paulo projetou com batentes de portas que foram descartados em uma caçamba em frente ao seu ateliê, mantendo detalhes antigos, como restos de pintura e furos das dobradiças antigas. “Já acabaram com o jacarandá, por que acabar com o tauari também?”, questiona. “Vamos fazer com a madeira que tem! Temos uma diversidade imensa no Brasil. São mais de 8 mil espécies diferentes de árvores”. Tudo a ver com seu projeto Toda Madeira já foi Árvore, uma série de livros em que Paulo se aprofunda nos diferentes tipos de madeira. O primeiro volume, que já saiu, foi dedicado à peroba rosa.
Paulo protegendo uma de suas peças com o Sparlack Cetol Beleza Natural, e, na foto ao lado, ele em sua marcenaria. “É preciso aprender a trabalhar com o que a natureza oferece. Fazer isso de forma sustentável”, diz o designer, que só usa madeira descartada ou certificada.
Olhar sustentável
Para Paulo, “a solução está em fazer peças que nasçam únicas porque foram feitas por aquelas pessoas com o que estava próximo delas – e de um jeito artesanal. Precisamos valorizar isso”, sugere o arquiteto, que utiliza apenas madeira certificada ou descartada. “Fugimos das mais visadas, mais valorizadas, para não incentivar esse tipo de consumo, para causar menos impacto. Não me interessa trabalhar a madeira em uma escala industrial”. Proteger essas madeiras depois de trabalhadas faz parte desse olhar sustentável, um ponto de convergência entre a visão de Paulo e a da Sparlack, marca de produtos para madeira da AkzoNobel. O Sparlack Cetol Beleza Natural foi feito com essa preocupação, para preservar a beleza natural da madeira, com suas texturas, cores e veios únicos, mantendo as particularidades que a tornam especial – uma proteção que potencializa os traços naturais da madeira.
“Ao impregnar a madeira, esse produto é absorvido e protege contra fungos, umidade e a passagem dos anos. Depois de um tempo, quando é preciso dar uma nova demão, basta uma lixadinha e você pode aplicá-lo novamente. Ao passo que os vernizes exigiam a raspagem e o uso de removedor para retirar a camada antiga, o que gerava resíduos e poluição. Com o Sparlack Cetol Beleza Natural, não tem isso. Ele age de forma minimalista”, explica Paulo. O tratamento correto garante a durabilidade e reforça a importância de um ciclo sustentável. “Como uso uma matéria-prima natural, quero fazer um produto que dure mais, que economize meios, esforços, trabalho, energia. A ideia não é trocar de móvel todo ano, mas fazê-lo para durar mais que a gente. Por isso trabalho com fornecedores comprometidos com a sustentabilidade, para causar o menor impacto possível”, afirma.
Por isso, Paulo se incomoda quando classificam certas peças como atemporais. Para ele, considerar que um objeto está impregnado do tempo e da história é fundamental. “Quando percebi que minha maior referência deveria ser a árvore, que dá a matéria-prima com a qual construo meu trabalho e comunico minhas ideias, comecei a perceber que ficava mais contente com o resultado. As peças tinham boca, falavam por si. E as pessoas também começaram a se emocionar e a se encantar com isso”. Se você toca o coração da pessoa com uma peça, ela se apaixona por ela. Não vai descartá-la, ela vai durar gerações”. É assim que Paulo mostra que sustentabilidade também é um gesto de afeto. Afeto criado por meio do design criativo da madeira, com toda sua carga simbólica e a presença da natureza envolvida pela riqueza da cultura popular.
Sofá-cama Perobão, peça projetada com batentes de portas descartados. Foto: divulgação
Fotografia: Ruy Teixeira
Produção executiva: Izabela Ribeiro
Tratamento de imagem: Dora de Barros
Assistentes de foto: Julia Juchem
Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes