Ícone moderno, Palácio Gustavo Capanema será reinaugurado neste mês
Com entrega oficial do edifício marcada para 20 de maio, projeto para o Palácio Gustavo Capanema prevê café e restaurante abertos ao público.

O azul permeia o Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, uma das principais edificações modernas no país. A cor pode ser vista na sua cobertura, no 16º andar, onde estão as caixas d’água, além dos brises soleils em sua fachada e em paredes no seu interior. Respeitar a tonalidade exata de azul, escolhida por Lucio Costa, que conduziu o projeto arquitetônico, foi uma das etapas do processo de restauração do edifício, iniciado há mais de 10 anos e que será finalizado oficialmente no próximo dia 20 de maio.
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Ao custo de 84,3 milhões de reais, via governo federal, a reforma do Capanema contemplou toda edificação, como instalações elétricas, hidráulicas, recuperação de mobiliário, revestimentos, persianas e os jardins criados por Roberto Burle Marx. “Até cinzeiros originais foram restaurados”, disse Andrey Rosenthal Schlee, diretor de Patrimônio Material do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em tour para a imprensa realizado na manhã desta terça (6), com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Vista do terraço do prédio, onde haverá restaurante e café abertos para o público. Foto: Oscar Liberal / Iphan / Divulgação
O imóvel hoje é a casa de instituições vinculadas ao Ministério da Cultura (MinC), como a Fundação Nacional de Artes (Funarte), e setores da Biblioteca Nacional, que, no momento, transfere mais de 100 mil itens do seu acervo para o Capanema.
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Erguido numa área de 27.536 m², o projeto de Lucio Costa para o Capanema contou ainda com expoentes como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos e consultoria do francês Le Corbusier. Construído entre 1937 e 1945, para sediar o Ministério da Educação e Saúde Pública, ele é um marco na arquitetura moderna.
Jardim assinado por Burle Marx. Foto: Oscar Liberal / Iphan / Divulgação
Logo no pátio de entrada, já aberto ao público, pilotis em concreto e delicados azulejos de Cândido Portinari, com desenhos de conchas e criaturas marinhas, recebem os pedestres. O artista também assina obras em ambientes internos da edificação, que devem ainda ser restauradas, com o imóvel já aberto, com colaboração de universidades federais.
Palácio Capanema: na foto, painel de Portinari e tapete desenvolvido por Niemeyer. Foto: Oscar Liberal / Iphan / Divulgação
No 8º andar, é possível ver uma composição original, com móveis em madeira escura dividindo o salão em pequenas áreas de trabalho. A biblioteca, que deverá ser aberta para visitas escolares, conta com mobiliário de Niemeyer, com predomínio de pés palito. O arquiteto também desenvolveu um grande tapete de formas arredondadas que repousa em ambiente contemplado por um painel monumental de Portinari, chamado Jogos Infantis. No mesmo piso, é possível acessar o jardim desenvolvido por Burle Marx, que funciona como um oásis moderno, contornado por formas orgânicas, no centro da cidade.
Mobiliário da biblioteca, criado por Niemeyer, passou por restauração. Foto: Oscar Liberal / Iphan / Divulgação
Por enquanto, a única área acessível ao público é o pátio de entrada, com azulejos de Cândido Portinari, mas há previsão de que o prédio também tenha restaurante e café e promova visitas guiadas, além de atividades culturais.
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