É do Brasil! Conversamos com Lucas Pinheiro Braathen, promessa do esqui alpino
Lucas Pinheiro Braathen fala sobre estrelar a nova campanha da Moncler e colaborar com a marca para a criação do uniforme oficial da Federação Brasileira de Esportes na Neve.
Lucas Pinheiro Braathen não é um atleta amplamente conhecido no Brasil, apesar de ter ganhado, muito recentemente, uma medalha de ouro para o país. Diferentemente de outros esportes, dos quais brasileiros se tornam especialistas durante olimpíadas e copas do mundo, o seu não tem tanta adesão e interesse por aqui. E não é difícil entender por quê. Lucas é esquiador alpino.
No que depender dele, essa percepção deve começar a mudar a partir do ano que vem, com os Jogos Olímpicos de Inverno em Milão–Cortina 2026, entre 02 e 22 de fevereiro. Na verdade, já começou. No dia 16 de novembro, Lucas venceu uma etapa da Copa do Mundo de esqui alpino, em Levi, na Finlândia. Foi a primeira vez que o Brasil subiu ao lugar mais alto do pódio nessa modalidade.

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Ao longo da história, pouco mais de 40 atletas nacionais participaram das Olimpíadas de Inverno. Para o próximo torneio, outros nomes já classificados são o de Manex Silva e Eduarda “Duda” Ribera, no esqui cross-country, e o de Alice Padilha, no esqui alpino feminino.
Além da performance nas pistas, Lucas chega a Milão–Cortina com outro destaque: o macacão oficial que usará nas competições, criado a quatro mãos com a Moncler, e inspirado na bandeira do Brasil. Fora das pistas, ele, assim como todo o time de atletas e staff do esqui alpino, vestirá peças técnicas recém-reveladas pela marca. Fundada em 1952 na França e transformada em um fenômeno global sob o comando de Remo Ruffini desde 2003, a grife é também a patrocinadora oficial do Comitê Olímpico Brasileiro para as cerimônias de abertura e encerramento.

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Filho de pai norueguês e mãe paulista, Lucas Pinheiro Braathen, 25, nasceu e cresceu em Oslo, Noruega, mas manteve laços profundos com as cidades de São Paulo e Campinas, onde vive grande parte de sua família. Durante anos, competiu pelo seu país natal, até decidir se aposentar – aos 23 anos – em outubro de 2023. O descanso não durou muito. Em 2024 estava de volta, desta vez vestido de verde e amarelo. Embaixador da Moncler há dois anos, Lucas se tornou presença constante nos eventos e desfiles da marca e também nas capas de revistas ao redor do mundo, consolidando-se como um ícone de estilo. No último ano, desfilou para a coleção de inverno 2024 da J. Lindeberg na semana de moda de Copenhagen, mas também é figura assídua nas fashion weeks de Milão e Paris.
Foi durante a última semana de moda de Milão, em setembro, aliás, que ele lançou a Octo, sua marca de beleza. Dono de um guarda-roupa excêntrico, Lucas adora experimentar combinações improváveis de cores e proporções, usa saias sem hesitar e até arrisca momentos de designer, customizando peças com tesoura e estilete. Acessórios são parte essencial de sua assinatura visual, da gravata aos colares de miçanga sobrepostos. Basta uma rápida olhada em seus perfis no Instagram e no TikTok para perceber que, para ele, a moda é quase tão importante quanto o esporte.

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Do Colorado, Estados Unidos, onde seguia o calendário de competições mundiais, Lucas falou com exclusividade à ELLE Brasil sobre infância, carreira, sua relação com a moda, com a Moncler e, claro, sobre o Brasil e a decisão de competir pelo país em que se sente mais em casa.
Alguns jornais dizem que você pratica “samba na neve”. Você concorda com essa definição?
Sim, de certa forma. O esporte é a interação com a natureza, o clima, a neve e o terreno. Para mim, é como uma dança, uma conversa com o ambiente. Essa sensação de fluidez é o que torna meu esporte tão especial.
Você sentiu um aumento no engajamento de seguidores brasileiros nas suas redes sociais desde que venceu a Copa do Mundo na Finlândia?
Sim, foi uma onda. Os brasileiros se conectam com quem os representa, inclusive com esportes que não conhecem. Esse foi o primeiro sucesso (do Brasil) no esqui alpino, e finalmente eles começaram a prestar atenção. Saber que minha família no Brasil se orgulha, mesmo sem entender totalmente o que faço, também me deixou muito feliz.
Antes de representar o Brasil, você competiu pela Noruega até anunciar sua aposentadoria em 2023. O que mudou desde então?
O sistema norueguês era muito rígido. Sentia que não podia me expressar plenamente. E se não pudesse ser eu mesmo, nenhuma medalha teria valor para mim. Ao me conectar com o Brasil, encontrei um propósito maior, a chance de inspirar outras pessoas a serem quem realmente são e seguirem seus sonhos.

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Como foi a sua infância? Você nasceu em Oslo, sua mãe é brasileira.
Minha mãe é de São Paulo e grande parte da família vive em Campinas. Desde pequeno, eu visito o Brasil regularmente. Hoje, minha namorada (a atriz Isadora Cruz) mora no Rio de Janeiro, então vou passar mais tempo lá. Essa conexão com o Brasil sempre foi importante para mim.
E o incentivo da família no esporte?
Sou produto de duas culturas muito diferentes. Na Noruega, aprendi disciplina e técnica com meu pai. Do Brasil, minha mãe trouxe liberdade, alegria e amor. Essa dualidade me moldou e me permitiu desenvolver meu estilo no esporte.
Quem te inspira no esporte brasileiro atualmente?
A Rayssa Leal é uma grande inspiração. Sigo ela há anos no Instagram. Sempre fico admirado em como ela consegue fazer coisas (manobras) que ninguém nunca fez. Ela é pioneira, trouxe os olhos para o skate feminino. Estou tentando fazer como ela, mas do meu jeito. E, claro, Ronaldinho (Gaúcho) sempre será uma referência, ele me ensinou a confiar na minha personalidade.
Como está sua preparação para as Olimpíadas de Inverno?
Minha energia e foco estão totalmente voltados para os Jogos Olímpicos. Trabalho com nutricionista, fisioterapeuta e toda uma equipe para dormir, me alimentar e me recuperar corretamente. Entre treinos e competições, cada detalhe é pensado para chegar ao auge em fevereiro.
Como foi a sua experiência como modelo da Moncler Grenoble pela segunda vez (a primeira foi na campanha de inverno 2024)?
Ser rosto da campanha é parte do meu progresso como pessoa, não só como atleta. Esporte, moda e arte se conectam na minha vida. Trabalhar com a Moncler me dá a oportunidade de expressar coisas que o esporte sozinho não permite. Desta última vez (com a coleção Moncler Grenoble inverno 2025), tive a chance de estar com o Vincent Cassel (outra estrela do anúncio) , que só conheci nessa ocasião. Depois, quando estive pela última vez no Rio de Janeiro, saímos juntos.

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E como é sua relação com moda no dia a dia?
Meu estilo é uma jornada, sempre mudando com novas inspirações de viagem, culturas e experiências. Gosto de experimentar e expressar quem eu sou. Geralmente me visto sozinho, sem a ajuda de um stylist, pois quero que meu estilo seja autêntico. Se estou na Noruega, por exemplo, me visto de uma forma, muito mais neutra. Já quando estou no Brasil, me inspiro pelas cores, pela energia.
Sobre beleza, você lançou a Octo recentemente. Qual a ideia por trás da marca?
Octo nasceu da necessidade de cuidar da minha pele de forma simples e pura, com produtos com poucos ingredientes e alta eficácia. O nome remete ao número 8, afinal a fórmula deste produto (um hidratante, o primeiro a ser lançado) tem apenas oito ingredientes, e ao infinito, já que nossa missão é criar produtos cada vez melhores.
Qual mensagem você deixa para os brasileiros que estão começando a te seguir?
Tudo é possível quando você se atreve a ser quem realmente é. Sua diferença é seu superpoder, e é preciso confiar nisso.
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