Escrevo esta carta bem no dia das eleições municipais no Brasil e uma semana após ter visto uma mulher negra se tornar vice-presidente dos EUA, a californiana Kamala Harris. Por aqui, se o eleitorado feminino representa pelo menos 52% dos votos, só 13% das cadeiras nas Câmaras de Vereadores são ocupadas por mulheres. Se fizermos um recorte de raça e gênero, esse número é ainda menor. Mas, se existe um lugar onde as mulheres vêm há tempos subvertendo essa ordem, é no funk. Na matéria “Boladonas do funk”, a repórter Isis Vergílio conversou com as rainhas que começaram uma revolução nos bailes (e fora deles) – onde quem costuma dar a letra é o machismo e o preconceito. Deize Tigrona, Tati Quebra Barraco, Valesca Popozuda e, mais recentemente, Ludmilla são alguns dos nomes que pavimentaram o caminho para talentos como Malía, que faz sua estreia na capa desta edição. Muito embora tenha seguido por outro estilo musical, Malía também é uma mulher negra, periférica, nascida e criada em Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Se você nunca ouviu falar dela, saiba que, aos 21 anos, ela é uma das maiores apostas de sua gravadora (e também de ELLE) e seus clipes já somam mais de 2,4 milhões de views no YouTube. Segura e dona de uma voz poderosa, Malía tem muito a dizer. E ela faz isso não só com a voz, mas com o corpo todo. Não deixe de ler a entrevista com ela e também ouça sua versão à capela de “As rosas não falam”, de Cartola, gravada no set, durante a seção de fotos. É imperdível! Por falar em política e música, na matéria “Entre poses, palcos e palanques”, o repórter Gabriel Monteiro faz um raio X do estilo das maiores divas do pop internacional e mostra que nomes como Rihanna, Lady Gaga, Cardi B e Lizzo têm cada vez mais usado sua visibilidade para influenciar politicamente uma geração que está interessada não só em seus looks, mas também nos rumos do mundo em que estamos vivendo. Como mostra esta edição da ELLE View, se depender das mulheres, o futuro promete!
Beijos,