Claudia Assef lembra da sensação de estar em um “encontro da Prestobarba” em conferências de música no Brasil, tamanha era a quantidade de homens nos bastidores da indústria. “Há pouco tempo, a gente começou a questionar os line-ups completamente masculinos, em que as mulheres faziam os shows de abertura, naquele horário que não vai ninguém. Isso começou a mudar. Veio essa inquietação com número, relevância”, conta Claudia, autora de livros sobre música e criadora, ao lado de Monique Dardenne, do Women’s Music Event, que nasceu em 2017, no embalo da recente primavera feminista.
Claudia Assef, cocriadora do festival Women’s Music Event, que também virou um aplicativo com profissionais da música cadastradas.Foto Gabriel Quintão
Além de uma plataforma, uma conferência e uma premiação (marcada para 8 de dezembro) que jogam luz sobre a atuação das mulheres na música, criaram um aplicativo, o WME Profissionais, que conta com 1,5 mil mulheres cadastradas em mais de 30 profissões – rappers, advogadas especializadas em direito autoral, produtoras musicais, jornalistas, tour managers, técnicas de som, iluminadoras, VJs, DJs… “Temos cadastros espalhados pelo Brasil todo. Se você procurar uma rapper em Belém do Pará, vai encontrar.” Além de reforçar a presença feminina na indústria musical, o intuito é traduzir isso em oportunidades de trabalho. De 90 profissionais que trabalharam na conferência do WME em setembro passado, 81 eram mulheres. “A gente realmente dá prioridade às mulheres porque o mercado faz justamente o contrário.”
Esse tipo de ação é necessária: a atuação feminina ainda precisa de esforços redobrados para garantir seu espaço nos backstages e nos estúdios. Mesmo nomes com projeção nacional, como a cantora Mahmundi, não encontram um caminho fácil ao passar para o lado de lá da mesa de som – e olha que de bastidores ela entende: já enrolou cabos em show, ajudou a montar palcos e, agora, firma seu nome como produtora musical. A seguir, Mahmundi e mais três profissionais da área – Paola Wescher (Popload), Ana Garcia (Coquetel Molotov) e a engenheira de som Alejandra Luciani – contam suas trajetórias e falam sobre as mudanças em curso no mercado.
A cantora e produtora musical Mahmundi: “A indústria do entretenimento é feita por homens e eles decidem a narrativa que dão para a gente”.Foto Lucas Nogueira
Mahmundi
(Produtora musical, cantora e compositora)
Mahmundi queria ver muitos shows, mas não imaginava que assistiria a tantos. Anos atrás, conseguiu uma bolsa para estudar cinema e som direto em uma ONG que tinha um trabalho com a Fundição Progresso, centro cultural carioca. “Comecei a criar uma relação com a Fundição. Em algum momento, pedi ousadamente para enrolar cabo em shows: ‘Será que eu posso ficar aqui assistindo [aos shows]?’ Até que um técnico me deixou, sem pagar nada”, lembra Mahmundi, 34 anos. A cantora demorou a perceber que estava trabalhando como outros integrantes da equipe técnica – mas de graça. Até que foi convidada a trabalhar no Circo Voador, com carteira assinada.
Como técnica do Circo, recebia os artistas, fazia a montagem do palco, a passagem de som, o show e a desmontagem. “Você levanta um show em 12 horas. É um trabalho que só de contar já fico cansada”, ri. No backstage, conheceu muitos artistas: Feist, Liam Gallagher, Air, Cat Power (que depois mandou um e-mail elogiando a equipe brasileira, que Mahmundi já chefiava, e contando que queria ter tomado uma caipirinha com eles). “Fiz amizade, troco e-mail ainda com muita gente pelo mundo.”
A vida como técnica de som também tinha vários perrengues. “É um trabalho muito hostil – muito racismo, muito machismo, muita objetificação do corpo. Nos primeiros meses, a galera ficava querendo me alisar. Comecei a andar de calça cargo, de bota, a falar alto e palavrão pra caramba. Acho que esses anos também me endureceram muito. A referência do respeito é masculina nesses trabalhos.”
Foi durante um show da Pitty, no Circo, em 2010, que Mahmundi entendeu que era hora de fazer suas próprias produções. Abraçou a vida de freelancer, pediu um computador emprestado e produziu seu EP de estreia, O Efeito das Cores, em 2012.
“Nos primeiros meses, a galera ficava querendo me alisar. Comecei a andar de calça cargo, de bota, a falar alto e palavrão pra caramba. Acho que esses anos também me endureceram muito. A referência do respeito é masculina nesses trabalhos.”
Entre seus três discos e oito anos de produção musical própria, produziu singles de Diogo Nogueira, Liniker e lança no próximo dia 20 um projeto em que Malía e Xande de Pilares interpretam Jovelina Pérola Negra e Gilberto Gil, o primeiro em que assina a direção e a produção musical, algo pouco frequente entre as mulheres. “A figura da produtora musical é rara, porque a indústria do entretenimento é feita por homens e eles decidem a narrativa que dão para a gente”, diz. “Estou vivendo hoje essa dificuldade de legitimar minha história como produtora. Eu entendo que é preciso dinheiro, divulgação e ir atualizando o release todo ano com ‘produtora musical’, que é o que tenho feito. A Alicia Keys, que é uma grande produtora, demorou anos”, diz. “Eu não estaria fazendo o que estou fazendo hoje se não tivesse 13 anos de estrada e oito anos de produção musical. A gente tem essa ilusão de ter mais mulheres (nesses trabalhos), mas se não temos professoras mulheres que ensinam a fazer solda, circuitos, eletrônica…. Isso tudo é produção musical. Não existe esse primeiro lugar para alguém que não percorreu tudo isso. É importante que a gente repense isso.”
Paola Wescher, a mulher que já trouxe Patti Smith, Nick Cave e vários outros nomes internacionais para o Brasil.Foto Arquivo pessoal
Paola Wescher
(Sócia da Popload)
“Sou 100% mão na massa. Gosto mais de ficar backstage do que nos holofotes. Gosto de fazer as coisas acontecerem”, conta Paola Wescher, 42 anos. A curitibana trouxe ao Brasil Pixies, Iggy Pop e Patti Smith, entre muitos outros nomes de quem é fã. “As pessoas me perguntavam: ‘Mas você não foi jantar com eles? Não foi fazer isso, aquilo?’ E eu gostava mesmo de ficar com a equipe técnica, de ver o processo na prática.”
Paola sempre foi muito ligada em música. “Tenho um irmã cinco anos mais velha e fui muito bem educada musicalmente por ela e meus pais.” Aos 25 anos, enquanto trabalhava na Fundação Cultural de Curitiba, ela percebeu que havia espaço para festivais de médio porte no país, com atrações internacionais e nacionais. Em 2003, quando a cidade foi capital americana de cultura e precisava de um grande evento em cada área, ela criou o Curitiba Pop Festival.
Para o festival, trouxe ao país o Breeders, banda das irmãs Kim e Kelley Deal, que fez um sucesso estrondoso na cena alternativa dos anos 1990. No ano seguinte, quando soube que os Pixies, outra banda de Kim, iriam voltar para uma reunião, escreveu para o agente delas, de quem ficou amiga no Brasil. “Ele me passou para outro agente que estava cuidando (dos Pixies). Fui super maltratada. Ele pediu muito dinheiro e falou que eu não teria a quantia.” Paola pediu ajuda à prefeitura de Curitiba, que ajudou a levantar o dinheiro por meio de patrocínio, e promoveu o segundo show da reunião dos Pixies – o primeiro foi no gigante Coachella (EUA). “Foi um grande sucesso. O festival esgotou, e eu achei que sabia fazer tudo, que poderia trazer a banda que quisesse.”
Mas no terceiro ano o festival não decolou e Paola herdou uma grande dívida. “Foram muitas dificuldades, desde perder parceiros, sofrer ameaças até saber que não iria ter dinheiro para pagar todo mundo”, lembra. “Eu era muito nova. São aprendizados que você leva para a vida, de transparência, de como agir numa hora em que você está desesperada.” A produtora levou três anos para pagar sua dívida e chegou a trabalhar sem salário para fornecedores para os quais devia como forma de quitar seus débitos.
Na sequência, ficou sócia do jornalista Lúcio Ribeiro, em São Paulo. Juntos, transformaram a coluna sobre música pop que ele tinha na Folha de S.Paulo até meados da década passada, Popload, em uma marca. “O plano era trazer as bandas sobre as quais eles escrevia.” O primeiro show internacional aconteceu em 2009 e, quatro anos depois, fizeram o primeiro festival, encabeçado pelo the xx, banda inglesa que o extinto festival Planeta Terra e o Rock in Rio já tinham tentado trazer ao Brasil sem sucesso, lembra Paola.
Em 11 anos, viabilizaram no país shows de mais de 100 nomes, entre eles Metronomy, The Kills, LCD Soundsystem, Feist, Daniel Johnston, Nick Cave, PJ Harvey e Cat Power, que colocaram para cantar no metrô paulistano. Em 2019, venderam 60% da marca para a gigante T4F e, neste ano, Paola colocou uma antiga ideia no palco, o GRLS!, “um festival para valorizar mulher, empregar mulher, colocar mulheres na técnica, trans, pessoas que se identificam com o gênero feminino”.
“Sempre que você perguntar, cobrar, eles (os homens) vão rir da sua cara, não vão te responder. Esse é o mecanismo deles para você se sentir acuada e não ter que responder coisas que talvez não saibam.”
Nos Estados Unidos e na Europa, conta, há mais mulheres na parte técnica do que no Brasil. “Lembro de um show do Pearl Jam (no Brasil) em que a tour manager era mulher, havia uma equipe técnica feminina. Fiquei muito impressionada. Olhava pela janelinha do contêiner, nunca tinha visto aquilo”, conta Paola, que trabalhou nesse show para pagar a dívida de seu antigo festival. “Foram raras as vezes que sentei em uma mesa para discutir coisas só com mulher. Acho que fui ficando cada vez mais bruta de tanto ter que brigar. É muito difícil as pessoas te respeitarem quando você é mulher. Tem uma coisa de sempre duvidarem (de você). Acho que essa brutalidade surge por você ter sempre que provar que está certa. É extremamente cansativo.” Mas Paola vê transformações em curso. “Acho que o mercado vem mudando de uns anos para cá por causa das mulheres que fizeram com que isso acontecesse.” Além de Claudia e Monique, que lançaram o WME, cita a produtora Priscila Melo. “Foi a primeira pessoa que me alertou para isso. Ela falava: ‘Na minha equipe e no meu palco, só tem mulher’.”
Em 2018, Paola lembra que reuniu sua equipe, que incluía várias mulheres, para passar adiante uma lição que aprendeu na prática no backstage. “Falei para elas: ‘Sempre que você perguntar, cobrar, eles (os homens) vão rir da sua cara, não vão te responder. Esse é o mecanismo deles para você se sentir acuada e não ter que responder coisas que talvez não saibam. Mas não tenha medo de perguntar e confrontar. As pessoas não estão interessadas em ensinar porque o mercado é muito machista’.”
Alejandra Luciani: estúdio, palco, palestra. Ela encara tudo.Foto Arquivo pessoal
Alejandra Luciani
(Engenheira de som, produtora musical e metade da dupla Carabobina)
Desde muito nova, Alejandra Luciani, 29 anos, se envolveu com a música – cantando em coral, fazendo aulas de mil instrumentos. Ao mesmo tempo, gostava muito de matemática e física. “Parecia que engenharia de som misturava o técnico com a música, um meio-termo bom entre criatividade, lógica e números”, conta a venezuelana. Aos 18 anos, ela atravessou o mundo para estudar engenharia de áudio na Austrália, no SAE Institute. Durante quatro anos, trabalhou em estúdios e foi técnica de som em shows, entre Sydney, Gold Coast e Byron Bay, na costa leste australiana.
Há seis anos, Alejandra trocou a Austrália pelo Brasil por causa de um ex-namorado. “Mergulhei a fundo em estúdios”, conta ela, que trabalharia na gravação de nomes como Emicida, Marina Lima e Manu Gavassi. Durante quatro anos, atuou como assistente e engenheira de som no estúdio da Red Bull, em São Paulo. “No processo de gravação, tudo é microfonado individualmente. Você tem um processo específico para cada coisa e para captar esse som do melhor jeito possível”, explica. “Fazia gravação de disco em um ritmo desenfreado – Ava Rocha, Negro Leo, Liniker, Elza Soares. Muitas vezes, acabava entrando no processo de produção musical.”
“Quando tenho que escolher equipe, sempre faço questão de chamar bastante mulher – técnica de som, roadie.”
Paralelamente, passou a trabalhar como técnica de som em shows. “Tinha essa vida muito maluca: durante a semana, trabalhava na Red Bull e todo fim de semana fazia show, sem parar. Acabei saindo do estúdio em fevereiro.” Antes da quarentena, Alejandra partiria com Letrux na turnê de seu novo disco, mas não deu tempo nem de fazer a primeira apresentação. “Em um show, as chances são de 98% de ser um cara (na mesa de som), mas isso está mudando aos poucos. Tem muita mulher se consolidando na cena técnica de som de show”, conta. “Em estúdio, é mais raro ainda, pois já é uma área de trabalho muito pequena e com muita gente interessada.”
Alejandra também faz direção técnica de festivais – já trabalhou no Mimo-SP, Se Rasgum-SP, Bananada (Goiânia). Na direção técnica, explica, o trabalho começa antes do festival, conversando com os artistas, checando o que precisam, quais instrumentos são necessários alugar, agendando os horários de passagem de som, de troca de palco, de show. “Quando tenho que escolher equipe, sempre faço questão de chamar bastante mulher – técnica de som, roadie. Por incrível que pareça, tem bastante roadie (trabalho que inclui carregar equipamentos pesados).“
Neste ano, Alejandra foi a única mulher a palestrar na conferência latino-americana da Audio Engineering Society. “Os técnicos de som levam muito a sério essa conferência. Foi bem emocionante ser convidada.” Também fez workshop na WME Conference, em setembro, e participou de uma conversa organizada pelo grupo Mulheres do Áudio, que promove papos para profissionais da área técnica.
Depois de tantos anos trabalhando nos bastidores, Alejandra lançou neste mês o primeiro álbum do Carabobina, projeto que ela tem ao lado do namorado, Raphael Vaz, baixista do Boogarins. “Sempre fiz música, mas deixava de lado.” Era hora de tirar seu próprio disco da gaveta.
Ana Garcia, do Coquetel Molotov: as filhas já se acostumaram com a agitação na casa na época de festivais.Foto Hannah Carvalho
Ana Garcia
(Criadora do Coquetel Molotov)
Ana Garcia cresceu em uma família de músicos: a mãe é pianista, e o pai, maestro e violinista. A pernambucana se acostumou com a Orquestra Sinfônica do Recife ensaiando na sua casa e a dormir nos camarins dos teatros. Seus irmãos mais velhos acabaram se tornando músicos e ela estudou violino, piano e flauta. Durante o doutorado da mãe, a família morou por dez anos no Estados Unidos. “Quando a gente voltou, em 1995, meus pais encontraram a cena da música clássica do Recife, que teve uma época áurea, em decadência”, conta Ana, 40 anos. “Minha mãe criou um festival de música, Virtuosi, que existe até hoje e vai fazer 25 anos.”
Na época da faculdade, Ana deixou os instrumentos de lado e acabou cursando jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco. Ali, um grupo de jovens comandava um programa de rádio, o Coquetel Molotov, e viam Ana sempre levando discos, vários deles comprados nos EUA e que não haviam chegado ainda ao Brasil. “Fui chamada, então, para entrar no programa de rádio. Mas ver minha mãe reunir músicos foi o que me motivou a criar o festival.” As primeiras dez edições do Coquetel Molotov aconteceram dentro do teatro da UFPE. “Desde o começo, o Coquetel já tinha uma feira, dois palcos. Começamos a trabalhar com marcas muito cedo.”
Em 17 anos, o festival levou à capital pernambucana bandas como Beirut, Tortoise, Dinousaur Jr, com um bom panorama da cena nacional independente, além de realizar edições em Salvador, Belo Horizonte e São Paulo. “Acabo sendo convidada para fazer curadorias porque o Coquetel passou a ser um festival conhecido por sua seleção, principalmente por sempre trazer novidade, música mais desafiadora e fazendo uma panorama do que vai, entre aspas, estourar no ano seguinte.” O festival também levou Ana a trabalhar com assessoria de imprensa. “Comecei a fazer porque, no começo, a gente não tinha grana para contratar uma. No fim, a gente descobriu que ninguém melhor que a gente para defender nosso projeto.”
Entre tudo isso, Ana cuidava de suas duas filhas. “Engravidei aos 18 anos e comecei o Coquetel muito cedo. Sempre fiz home office, e isso ajudou muito a poder estar perto das minhas filhas, fazer dever de casa e almoçar com elas. A casa fica uma loucura em época de festival, é um monte de gente trabalhando, mas elas já se acostumaram.” Neste ano de pandemia, fizeram uma versão virtual do festival, com dez dias de oficinas, conversas e um dia com mais de 12 horas de música, em quatro salas simultâneas.
“Os principais festivais independentes hoje têm como premissa o equilíbrio de gênero no backstage e na sua programação. Mas ainda há muito a ser trabalhado, principalmente na parte técnica.”
O Coquetel endossa uma organização mundial, Keychange, em que os festivais participantes se comprometem a atingir a equidade de gênero. “Hoje, realmente temos equilíbrio de gênero no backstage. Além disso, temos o selo Women Friendly, o que quer dizer que todo mundo que trabalha no festival passa por um treinamento para lidar com o assédio. E fomos o primeiro festival no Brasil a ter entrada gratuita para pessoas trans.”
No mesmo ano em que o Coquetel nasceu, lembra Ana, Paola criava o Curitiba Pop Festival, Lu Araújo, o Mimo, e Melina Hickson fazia parte do Abril pro Rock. “Já havia mulheres criando festivais de música, mas os homens produtores tomavam mais a frente”, conta. “Diversas vezes, participei de mesas de festival ou de feiras e era a única mulher. Mas hoje em dia é muito raro. De oito, nove anos para cá que essa mudança passou a ocorrer.”
Para Ana, vencedora da categoria empreendedora do ano no WME em 2019, a participação de mulheres virou uma pauta mundial na música. “Os principais festivais independentes hoje têm como premissa o equilíbrio de gênero no backstage e na sua programação. Mas ainda há muito a ser trabalhado, principalmente na parte técnica.” Ana cita a criação do coletivo pernambucano Nativa, que reúne mulheres produtoras, da parte técnica, roadies, além de outros grupos que estão surgindo em vários lugares do Brasil. Aos poucos, as mudanças acontecem.