Quando criança, Sam S. era obcecado pelo antigo Egito. “Toda a questão imagética daquele lugar e era me fascinava profundamente”, diz o maquiador e artista russo em entrevista à ELLE Brasil. E é claro que a maquiagem dos deuses, rainhas e faraós também teve um grande impacto no menino que começou a desenhar e pintar muito antes de aprender a ler ou escrever. “Acho que eu fui artista a minha vida toda”, revê.
“Minhas habilidades na maquiagem com certeza vêm do desenho”, afirma, antes de dizer que, atualmente, a pele e os produtos de beleza são os seus principais instrumentos de trabalho. No entanto, em vez de recriar padrões de beleza convencionais, Sam está interessado em se expressar sem nenhum filtro. “Minha arte não tem o intuito de provocar. Eu só quero contar a minha história.”
Não à toa, o próprio termo “beleza” tem outra conotação para ele. “É tudo o que eu quero criar, olhar, ouvir, falar, viver”, define. É por isso que, para além da maquiagem física, uma camada virtual, por vezes, se sobrepõe a tudo, criando imagens surreais. “Sempre faço essas edições eu mesmo e elas aparecem em diferentes séries de trabalhos meus”, explica.
Por exemplo, há um elemento de simetria no trabalho de Sam que coloca essa categoria no lugar do perturbador, em vez do ideal greco-romano de equilíbrio. Ao duplicar as metades do rosto das modelos que pinta, o resultado alcançado pelo beauty artist passa longe do convencionalismo. E foi exatamente esse olhar subversivo que atraiu a atenção da artista e modelo coreana LALA (@hwahwalala), colaboradora do icônico estilista Rick Owens. Não raro, ela aparece nos desfiles do designer com a beleza assinada por Sam S. Em seu perfil no Instagram, LALA também compartilha os trabalhos que cria ao lado do russo, para quem faz as vezes de musa.
Ainda que a inspiração não seja algo fundamental para o autodidata – “Não gosto da palavra ‘inspiração’, não acho que preciso disso. Preciso de mim. Junto de mim é que eu consigo materializar o meu trabalho” –, seu perfil no Instagram tem destaques que listam referências que vão de um livro de fotografias de nus por David Lynch ao piano do compositor Joe Hisaishi, passando por editoriais de moda vintage e clássicos do cinema italiano. “Meu trabalho e meu visual são o resultado de um longo caminho trilhado para me tornar eu mesmo. Esse é o jeito como sou e eu, simplesmente, não poderia ser diferente disso.”