Se você já assistiu a qualquer episódio que Queer eye, na Netflix, sabe muito bem como é a personalidade de Jonathan Van Ness. Durante o reality show que transforma a vida de pessoas que em algum momento desistiram de cuidar de si mesmas, Jonathan está o tempo inteiro colocando geral para cima com seu carisma notório e otimismo inabalável. Não à toa, seu perfil no Instagram conta com mais de 5 milhões de seguidores. Impossível não se divertir com suas aventuras por novas modalidades esportivas nada simples, como patinação no gelo e ginástica artística. Especialista em beleza – principalmente em cabelos –, JVN é uma força da natureza. Aliás, agora, ao lado da Amyris, empresa que detém a Biossance, está lançando sua primeira linha de produtos para as madeixas, a JVN Hair.
“Foi muito legal ver minhas fórmulas ganhando o mundo”, diz. A paixão por cabelos surgiu cedo, enquanto assistia ao concurso de Miss Universo de 1991. “Todo aquele spray de cabelo, todo aquele volume, todo aquele cabelo do final dos anos 1980 e início dos anos 1990 realmente fez meu pequeno eu-queer-não-binário dar piruetas”, relembra “Eu ficava, tipo: ‘Preciso desse cabelo na minha cabeça’.” Com longos e exuberantes fios, seu amor por unhas coloridas e seu guarda-roupa criativo, Jonathan considera seu estilo tanto feminino quanto masculino. E insiste que sua identidade não binária não é baseada em sua expressão de gênero.
“Minha identidade de gênero é muito mais do que minha pele, meu cabelo e minhas roupas parecerem femininas ou masculinas”, diz. “Me identificar como não binário significa que, por dentro, nunca me senti totalmente homem ou mulher. É um sistema inteiro no qual nunca senti que me encaixava. Sinto que há essa expectativa para que pessoas não binárias e até mesmo pessoas trans explorem sua expressão de gênero através das roupas que vestem e do que está do lado de fora. Mas está dentro de mim. É uma forma de me sentir.” Isso acompanha Jonathan desde que era jovem, mas naquela época não existiam palavras para descrever o que vivia. A sua esperança é que, como sociedade, sejamos capazes de desligar essa conexão que associa o gênero à nossa aparência e abracemos, sem preconceito, tudo o que está dentro de nós. “Um homem cisgênero pode se vestir totalmente como eu. Isso não diz nada sobre sua identidade de gênero”, exemplifica.
“Sinto que há essa expectativa para que pessoas não binárias explorem sua expressão de gênero através do que está do lado de fora. Mas está dentro de mim. É uma forma de me sentir”
Sem medo de se engajar política e socialmente, Jonathan viu a explosão de popularidade do Queer eye desde sua estreia permitir que a sua voz chegasse mais longe. “Às vezes, coloco muita pressão sobre mim – sempre sinto que posso fazer e dizer mais. Isso pode fazer com que bata uma depressão e uma ansiedade. Mas a minha relação com as redes ainda está em evolução. Porque sempre estamos evoluindo no relacionamento que temos com nós mesmos. Estou só tentando estar mais ciente para perceber quando é muita pressão ou quando sinto que me estou me conectando com minha paz, minha compaixão ou minha clareza – como quando xingo algum apoiador do Trump na DM (do Instagram), mas sei que não vou mudar seu coração ou mentalidade dessa forma.”
Com foco agora em seu próprio autocuidado, depois de tanto tempo cuidando dos outros no Queer eye, Jonathan tornou-se embaixador da Biossance. “Quando saiu a primeira temporada de Queer eye, comecei a receber muitos itens de skincare, e eu estava tipo, ‘estou no céu!’”, diz. “Mas acabei tendo crises de psoríase por tentar um pouco de tudo. Minha pele ficou superfina e sensível por causa do corticoide tópico que usava para os surtos”, conta, ao lembrar de quando começou o seu relacionamento com a Biossance. Foi depois de testar os produtos da marca que conseguiu dar adeus a esse problema.
São também as conexões humanas que complementam sua rotina de autocuidado, assim como dois novos hobbies que aprendeu durante a pandemia (quando a ginástica e a patinação artística tiveram de ser suspensas): costura e jardinagem. “Alguns dias, simplesmente não consigo acreditar que tive todas essas oportunidades, como me reunir com os outros membros dos Fab Five para filmar a sexta temporada de Queer eye na primavera passada. Tanta coisa mudou! Tan teve um filho e eu me casei”, reflete. “Apresentando um reality show, cuidando do meu podcast (Getting Curious with Jonathan Van Ness) ou me dedicando à costura e à jardinagem, o que importa é a gente se sentir bem fazendo o que faz. Quero estar sempre conectade e alegre”, resume.