Embalagens com design único, fórmulas de alto desempenho e uma identidade visual cool é o combo que tornou a Vic Beauté uma das marcas queridinhas do momento. Quem comanda a label é Victoria Ceridono, jornalista e criadora de conteúdo, que ganhou popularidade na internet em 2007 com sua forma prática (e sempre chique) de enxergar a maquiagem, compartilhada em seu blog Dia de Beauté.
“Era tudo sobre como transformar coisas cotidianas, como um banho e o momento de se maquiar, em algo especial, mas sem muito trabalho.”
É a partir dessa mesma visão que a agora empresária construiu a sua marca. “Meu desejo era criar produtos que funcionassem tanto no dia a dia, quando precisamos nos arrumar no carro rapidinho, quanto na hora de ir a uma festa e fazer uma superprodução. Queria que a Vic Beauté fizesse sentido para a pessoa leiga e para o maquiador profissional”, conta em entrevista à ELLE View. Confira os highlights do nosso papo.
Quando você começou a se interessar por beleza?
Acho que nasci amando beleza, porque desde que me conheço por gente é algo que me atrai, especialmente a maquiagem. Sempre fui muito apaixonada por cor, brilho e textura. Me encantava o fato de que ela podia ser usada tanto para transformar, como no caso das drag queens, quanto para realçar a nossa beleza natural e trazer mais autoconfiança. Além disso, desde criança, gosto de fazer rituais de autocuidado. Eu amava fazer máscaras e colocar pepino no olho. (risos) Sempre me interessei por esse lado da beleza, que tem o poder de fazer você se sentir melhor. É óbvio que existe um lado estético forte, mas é também sobre você parar tudo e olhar para si mesma. Na adolescência, comecei a me aprofundar no assunto e soube logo de cara que queria fazer faculdade de jornalismo e trabalhar no segmento de beleza. No segundo ano estudando, já estava estagiando na área. Quando estava prestes a me formar, criei o meu blog, o Dia de Beauté, que fez 16 anos este mês.
Como foi o processo de criação do blog?
Eu criei o Dia de Beauté para mostrar como a beleza poderia fazer parte do dia a dia – por isso o nome do blog. Era tudo sobre como transformar coisas cotidianas, como um banho e o momento de se maquiar, em algo especial, mas sem muito trabalho. Não é sobre ficar uma hora se arrumando, mas como o ato de passar um pouco de blush, uma máscara de cílios e um batom pode mudar o nosso humor. Queria muito desmistificar a ideia de que a beleza é algo complicado. Hoje em dia, temos muito acesso à informação, muitas marcas e novos produtos. Mas há dez anos nada disso existia. Até usar um batom era algo revolucionário. E acho que os blogs de beleza tiveram um papel muito importante na popularização do assunto e no crescimento do mercado como um todo.
Você sempre quis ter uma marca de beleza?
Não! As pessoas me perguntavam se era um plano meu e eu sempre respondi que não tinha vontade, porque achava que já existiam muitas marcas legais no mundo. Inclusive, tinha mais vontade de ter uma loja com uma curadoria especial do que ter uma marca própria. Mas, quando esse desejo veio, era como se a Vic Beauté já estivesse pronta. Eu sabia exatamente o que queria.
Como foi o processo de materializar a ideia?
A transição entre jornalista e criadora de conteúdo para empreendedora foi bastante intensa e cheia de aprendizados. Brinco que foi meu terceiro MBA. Porque, quando lancei o blog, não existia um manual de como as coisas deveriam ser feitas. Eu simplesmente fiz. Apesar de não existir uma fórmula pronta de como empreender, já existia um mercado com um modus operandi funcionando. Mesmo com todas as ideias prontas, precisamos desenvolver um plano de negócios e apresentar para investidores, porque eu sabia que, para conseguir concretizar tudo o que queria, eu precisava de estrutura e investimento. Foi um processo de quatro anos até conseguirmos lançar a marca.
“A transição entre jornalista e criadora de conteúdo para empreendedora foi bastante intensa e cheia de aprendizados. Brinco que foi meu terceiro MBA.”
Você conseguiu criar uma marca muito única e que tem tudo a ver com você, mesmo com um mercado já bem saturado. O que compõem o DNA da Vic Beauté?
Valorizo muito a consistência e isso é algo que sempre esteve presente na minha carreira. Acredito que esse seja o segredo para construções sólidas. Sempre fiz questão de deixar claro aquilo em que acredito em relação à beleza, em termos mais filosóficos, mas também práticos. Na Vic Beauté, a gente tem como pilar otimizar os produtos e tornar a rotina de beleza mais simples. Isso é algo que sempre defendi no meu blog: há dez anos, eu já usava batom como sombra e blush, algo que é muito mais comum hoje em dia. Meu desejo era criar produtos que funcionassem tanto no dia a dia, quando precisamos nos arrumar no carro rapidinho, quanto na hora de ir para uma festa e fazer uma superprodução. Queria que a Vic Beauté fizesse sentido para a pessoa leiga e para o maquiador profissional.
Qual o maior desafio que vocês encontraram com a marca?
O segmento premium ainda é complexo para as marcas nacionais. O brasileiro ainda tem um pé atrás em relação à produção local. Ele geralmente pensa: “Por esse preço, posso comprar um produto gringo”. As pessoas costumam ver mais valor no que é importado, o que é infundado, porque existem muitas marcas brasileiras, de todos os segmentos, fazendo trabalhos excepcionais. A Vic Beauté é uma marca premium porque eu me preocupo muito com a qualidade das fórmulas e com a performance dos produtos, com uma embalagem exclusiva… Sou muito exigente.
Como jornalista e criadora de conteúdo de beleza, você já testou muitos produtos. Isso influencia a decisão do que a Vic Beauté vai lançar?
Com certeza. Por causa do meu trabalho como jornalista, sempre estive muito exposta às novidades do mercado e gostei muito de testar produtos. Além disso, moro há dez anos em Londres, o que me deu ainda mais acesso a diferentes marcas. Tudo isso me torna muito mais exigente. Mas, na hora de lançar novos produtos especificamente, enxergo alguns caminhos possíveis. O Stick Tudo, por exemplo, é o que mais representa o DNA da marca e a mensagem que nós queremos passar ao nosso consumidor é: um produto três em um que pode ser utilizado no rosto, nos lábios e nos olhos. É prático, é a nossa cara. Já o Batom Facinho veio da minha obsessão por lip balm e era sobre encontrar a fórmula perfeita, a mais fantástica de todos os tempos. (risos) Com a Máscara para Sobrancelha Realce, eu queria criar algo que fosse diferente do que havia no mercado: a maioria delas tem um aplicador muito grande, o que me incomodava muito porque é mais fácil de borrar. Então, eu queria propor uma nova versão do produto e surpreender o consumidor. Por isso, desenvolvemos um pincel bem fininho.
“O mercado de beleza é muito concorrido e ver alguém escolhendo o seu produto é muito “uau!”. Faz tudo valer a pena.”
O Stick Tudo se tornou um dos produtos queridinhos da comunidade de beleza. Conta um pouco mais sobre o desenvolvimento dele.
Apesar de parecer simples, ele foi um produto muito desafiador em todos os sentidos. Quando um maquiador olha para um produto, não pensa se ele foi desenvolvido para uma parte determinada do rosto. Ele enxerga cor e textura e, a partir disso, consegue usá-lo conforme seu desejo. Uma pessoa leiga faz o oposto: se ela entende que aquilo é um batom, ela vai usar somente como um batom. Ao mesmo tempo que é justamente essa pessoa que não deveria precisar de vários produtos para criar uma maquiagem e poderia tirar o máximo do que ela já tem. Então, queríamos criar um produto que fosse verdadeiramente multifuncional e não chamá-lo de blush ou batom, para não limitar a experiência do consumidor. Nesse sentido, outro ponto é o formato do stick: além de o diâmetro precisar se encaixar bem nessas diferentes áreas, eu não queria que ele parecesse um batom ou um blush. Ele precisava parecer multifuncional. Desenvolver a fórmula também foi desafiador porque ela precisava performar bem em três regiões muito diferentes do rosto. Tinha que ser confortável o suficiente para ser usado como batom, mas não tão cremoso a ponto de escorrer nos olhos.
A embalagem dos produtos é um dos pontos altos da Vic Beauté. Conta um pouco para a gente como foi o desenvolvimento delas?
Ter embalagens que fossem únicas e tivessem a cara da Vic Beauté era algo inegociável para mim, apesar de saber que encarece o custo de fabricação do produto e traz um nível de complexidade alto para o projeto. Para chegar ao que temos hoje, usamos referências de diversas áreas que não fossem a beleza e chamamos uma designer filipina para desenvolver tudo porque queríamos criar algo diferente do que já existia no mercado brasileiro. No geral, chegamos a desenhos que eram bem difíceis de viabilizar. Mas conseguimos!
Do que você mais gosta ao ter uma marca de maquiagem própria?
De todas as experiências, o mais fascinante é ver os produtos vivos, fazendo parte da rotina das pessoas. O processo é desafiador, pois existem mil percalços no caminho. Mas a sensação de ver outras pessoas tirando o produto de dentro da bolsa é muito gratificante. O mercado de beleza é muito concorrido e ver alguém escolhendo o seu produto é muito “uau!”. Faz tudo valer a pena.
“Tenho muita vontade de viajar pelo Brasil e fazer com que a marca esteja mais presente na maior quantidade de estados possível.”
Como você vê o crescimento da marca?
Nós temos uma estrutura grande para uma marca que existe há apenas um ano, mas pequena se considerarmos tudo o que ainda queremos fazer. Sabemos que precisamos dar um passo de cada vez porque, além de sermos muito exigentes com tudo o que fazemos, queremos construir uma marca realmente sólida e isso leva tempo. Vivemos equilibrando a vontade com a realidade. Considerando tudo isso, é mágico ver como uma ideia que nasceu na minha cabeça cinco anos atrás está chegando a tantas pessoas e lugares diferentes. Sinto que conquistamos muitas coisas legais em muito pouco tempo, então estou muito empolgada!
Vocês estão inaugurando o primeiro ponto físico da marca, certo?
Lançamos a marca primeiro na internet, mas entendemos que, para muitas pessoas, sentir a textura e ver as cores ao vivo é muito importante. Então, decidimos abrir um quiosque no Shopping Iguatemi, em São Paulo. A ideia é que seja um espaço para nossos consumidores experimentarem os produtos e também viverem presencialmente o universo da Vic Beauté. Queremos extrapolar os limites da internet e tornar a marca conhecida por quem não me conhece. A ideia é continuar investindo em outros pontos físicos no formato pop-up.
O que mais vocês planejam para o futuro?
Nós temos muitos lançamentos legais programados para o ano que vem – tanto produtos que nossa comunidade está esperando quanto produtos que vão surpreender todo mundo. Para o futuro, é claro que eu penso em internacionalização. Moro fora há muito tempo e sinto que existe espaço para marcas brasileiras aqui. Antes disso, porém, tenho muita vontade de viajar pelo Brasil e fazer com que a marca esteja mais presente na maior quantidade de estados possível.