Carimba que é brat!
Nem mesmo a Pantone poderia prever que a cor de 2024 seria um tom fluorescente de verde, que tomou conta da internet, inspirou looks e chegou a ser usado na campanha eleitoral de Kamala Harris na disputa pela presidência dos Estados Unidos. Tudo isso após o fenômeno Brat, o sexto disco de estúdio de Charli xcx. Lançado em junho, o álbum da cantora pop britânica, cujo título significa “pirralha”, em inglês, combina letras intimistas com batidas eletrônicas e recebeu sete indicações ao Grammy. “Brat é sobre ser atrevida e confiante, mas acho que você também age como brat quando se sente insegura”, disse Charli. Parte de todo esse apelo se deve também à sua, até então, pequena e fiel base de fãs, que ajudou a impulsionar o projeto organicamente nas redes sociais, por meio de memes ou de uma coreografia feita para a faixa “Apple”, que viralizou no TikTok. Não à toa, o dicionário Collins elegeu “brat” como a palavra do ano. Para completar, uma versão remixada do disco, com participações de Billie Eilish, Ariana Grande, Troye Sivan e Lorde, saiu em outubro, enquanto a artista rodava o mundo em turnê. Charli ainda voltou ao Brasil para tocar em uma festa que ela batizou como Party Girl, com ingressos esgotados em poucas horas.
Orgulho nacional
Baseada no livro homônimo de memórias de Marcelo Rubens Paiva, a trama de Ainda estou aqui, dirigida por Walter Salles, acompanha a luta que a mãe do escritor, Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres), teve que enfrentar logo após seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), desaparecer nas mãos dos militares durante a ditadura. Depois de estrear em Veneza e fazer sucesso em outros festivais, o filme levou mais de 2 milhões de pessoas às salas de cinema no Brasil e foi escolhido para representar o país na corrida do Oscar. Com indicações a Globo de Ouro, Critics Choice Awards e Satellite Awards de melhor filme estrangeiro e melhor atriz, a produção gerou comoção, principalmente em torno de Fernanda, já premiada em Cannes, em 1988, e tem feito os internautas brasileiros se sentirem em clima de Copa do Mundo. Nas redes sociais, memes e trechos cômicos de entrevistas e atuações da atriz se espalharam rapidamente, enquanto ela segue promovendo o filme no exterior. Se for nomeada ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, irá repetir o mesmo feito de sua mãe, Fernanda Montenegro, em 1999, quando concorreu à estatueta dourada por Central do Brasil, também dirigido por Salles.
It’s a celebration
Madonna escolheu o Rio de Janeiro para encerrar a gigantesca Celebration tour, que comemorou os 40 anos de carreira da rainha do pop. Em um show gratuito, com transmissão pela TV, a cantora reuniu cerca de 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana, seu maior público até hoje. No palco, cantou uma seleção de hits, de “Like a prayer” (1989) a “Hung up” (2005), e prestou homenagem às vítimas da aids. Pabllo Vittar fez uma participação vestindo uma camisa da Seleção Brasileira e rebolou ao som de “Music”. Já Anitta surgiu como jurada durante a performance de “Vogue”. “Isso realmente aconteceu. Palavras não podem expressar minha gratidão”, escreveu Madonna em um post no dia seguinte, em meio a críticas de políticos e conservadores, que ficaram indignados com parte da performance, que sempre fez parte do universo da cantora.
Come to Brazil
Outros grandes nomes da música pop internacional escolheram o Brasil para turnês celebrativas ou para apresentar novos projetos. Foi o caso de Abel Tesfaye, mais conhecido como The Weeknd, que, em setembro, lotou o estádio do Morumbi para um show único, intitulado Hurry up tomorrow, que também dá nome ao seu próximo disco. Entre as surpresas, Anitta apareceu para cantar pela primeira vez o funk “São Paulo”, sua colaboração com o cantor. “Posso falar por todos os artistas quando digo que é difícil colocar em palavras o amor e a energia que o povo brasileiro expressa quando você está no palco”, afirmou The Weeknd à Billboard. Quem também passou por aqui com uma turnê extensa, que não víamos desde a última vinda do Coldplay, foi Bruno Mars, que ficou no país durante um mês entre outubro e novembro. Foram 15 apresentações, em diversas cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília. Além dos shows, o artista havaiano visitou pontos turísticos, comemorou seu aniversário, fez uma homenagem à cantora Marília Mendonça e lançou um single em parceria com a cantora Rosé, do Blackpink. Como forma de agradecimento pelo carinho dos fãs, gravou uma música em português, “Bonde do Brunão”. “Mais de um mês no Brasil. Nunca mais serei o mesmo”, escreveu. No ano que vem, Lady Gaga é quem voltará ao país, após 12 anos, e promete lotar as areias de Copacabana com seus little monsters em um show gratuito.
Nem tão longe da ficção
Responsável pelo retorno triunfal de Demi Moore às telas, que havia sido deixada de lado por Hollywood nos últimos tempos, A substância foi um dos filmes mais comentados do ano, ganhou memes e virou fantasia de Halloween. Quando a diretora Coralie Fargeat leu as memórias da atriz de 62 anos, Livro aberto – A minha história (2019), percebeu como Moore enfrentou traumas e problemas de autoimagem semelhantes aos de sua protagonista, Elisabeth Sparkle, que é demitida por ser considerada uma apresentadora velha demais para a TV. Mas tudo muda quando ela descobre uma espécie de droga que promete torná-la mais jovem e bonita.
Fora do ar
Motivo de tristeza para alguns e de alegria para outros, o X, antigo Twitter, ficou bloqueado no Brasil por cerca de 40 dias. A rede social saiu do ar no final de agosto por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, após a empresa de Elon Musk não escolher um representante legal no país e descumprir uma série de determinações judiciais. Pouco antes de sua interrupção, o X foi palco para uma série de tuítes tragicômicos. Vários popstars, que contam com o apoio dos seus fandons brasileiros, respiraram aliviados com o retorno.
Procura-se
Um concurso oferecendo 50 dólares para o homem mais parecido com o ator Timothée Chalamet atraiu 10 mil pessoas em Nova York, em outubro. O evento fez tanto sucesso que o próprio astro de Hollywood apareceu de surpresa para conhecer o vencedor. A ideia logo se espalhou pelo mundo, e outros famosos já ganharam suas próprias competições de sósia. Nos Estados Unidos, Paul Mescal e Jeremy Allen White inspiraram eventos semelhantes e, no Brasil, Selton Mello e Fernanda Torres foram homenageados.
Meninas de ouro
O mundo parou nos meses de julho e agosto para assistir à Olimpíada de Paris. Pela primeira vez na história, a competição contou com mais atletas mulheres do que homens – e as brasileiras brilharam, conquistando 12 das 20 medalhas do país. A festa foi ainda mais especial com o ouro de Rebeca Andrade na ginástica artística, em uma disputa emocionante contra Simone Biles, dos Estados Unidos, que fazia seu aguardado retorno ao esporte, enquanto gravava a segunda parte de um documentário para a Netflix. Outros momentos de destaque vieram com Beatriz Souza, no judô, e Duda e Ana Patrícia, no vôlei de praia. Mas quem também recebeu medalha foram os internautas brasileiros, que criaram os melhores memes da competição, desde a cerimônia de abertura até os momentos mais inusitados dos jogos, como a foto do surfista Gabriel Medina, que virou capa de caderno da Tilibra (primeiro na internet, depois pela marca), e a performance singular da australiana Rachael Gunn no breaking.
A moda no streaming
Cristóbal Balenciaga, Christian Dior, Coco Chanel e Karl Lagerfeld se tornaram personagens da ficção e tiveram suas trajetórias contadas nas séries Balenciaga (Disney+), The new look (Apple TV+) e Becoming Karl Lagerfeld (Disney+), respectivamente. Nos últimos meses, também estrearam documentários sobre John Galliano, Alexandre Herchcovitch, Diane von Furstenberg e Sabato de Sarno, entre outros, mostrando que o interesse do público pela história de grandes estilistas e grifes nunca sai de moda.
Som na caixa
Caju, o mais recente disco de Liniker, não saiu do topo das paradas desde seu lançamento, em agosto. Com 14 faixas, o projeto traz músicas em português e inglês, incluindo colaborações com Lulu Santos, Pabllo Vittar e BaianaSystem, entre outros. O trabalho saiu como grande vencedor do Prêmio Multishow, vencendo nas categorias de álbum do ano, artista do ano e melhor capa. Na mesma cerimônia, Anitta recebeu o Troféu Vanguarda, consolidando um 2024 poderoso: ela lançou Funk generation, seu sexto álbum de estúdio, foi a artista brasileira mais ouvida no exterior e garantiu uma segunda indicação ao Grammy, dessa vez na categoria melhor álbum de pop latino. O ano também ficou marcado por grandes turnês, como a dos irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia, que lotaram arenas pelo Brasil, e Ney Matogrosso, que levou o espetáculo Bloco na rua – Ginga pra dar & vender para dentro do estádio Allianz Parque, em São Paulo, e protagonizou uma das capas da ELLE Men neste ano.