Carta da editora

O Brasil só começa depois do Carnaval

Carta da Editora Avatar Renata Jul

Festa mais popular e aguardada do ano por muitas pessoas, o Carnaval não nasceu no Brasil, mas ganhou ao longo dos anos elementos 100% brasileiros. A escola de samba, por exemplo, é coisa nossa. O mesmo vale para os trios-elétricos, que arrastam multidões pela Bahia. E o que falar dos papangus? Pergunte a um recifense. Ou melhor, cheque no nosso Almanaque carnavalesco, que narra a história da folia desde os bacanais greco-romanos até os bonecões de Olinda, passando pela polêmica coleira de Luma de Oliveira.

Sim, no clima de felicidade, que desejamos que se estenda pelo ano inteiro, esta primeira ELLE View de 2025 vem embalada pelo ritmo de marchinhas e sambas-enredo – tem matéria, inclusive, contanto quem está por trás de sucessos como “Mamãe eu quero”. Confira em Atenção para o refrão, estreia do jornalista Ramiro Zwetsch por aqui.

carnaval marchinhas abre

E, claro, vai ter musa, sim. Em três capas e no editorial O arlequim está chorando pelo amor à Colombina (…), Leticia Colin, Isadora Cruz e Xenia França interpretam personagens clássicos da commedia dell’arte, o teatro popular italiano do século 15, que deu origem a algumas das fantasias mais prestigiadas em Terra Brasilis, especialmente na época áurea dos bailes de salão. Parênteses: a narrativa dos personagens é quase a Quadrilha de Drummond: Pierrô ama Colombina, que ama Arlequim, que, por sua vez, também deseja Colombina. Trelelê na certa.

Não à toa, nossa Pierrô Leticia esbanja lagriminha, enquanto a sapeca Colombina de Isadora Cruz é pura faceirice, e a Arlequim de Xenia nem precisa se esforçar para seduzir. Imagina se soltar a voz! Captadas pelas lentes de Ivan Erick, com beleza assinada por Silvio Giorgio e styling da nossa Suyane Ynaya, as três são também as grandes homenageadas da nossa MatinELLE, a primeira festa de Carnaval que fazemos por aqui, inspirada no clima nostálgico das matinês – aliás, tem também a evolução dos looks dos bailes de Carnaval em Segue o baile, matéria assinada por Ana Pinho.

Em busca de mais inspiração para ganhar ruas e avenidas sem ficar na mesmice? Confira em A moda cai no samba, em que sete estilistas prepararam croquis exclusivos para um Carnaval à la ELLE, ou seja, cheio de moda. Aproveite também para espiar o que acontece nos barracões de quatro escolas cariocas nas vésperas dos desfiles, em Alta-costura de avenida, trabalho lindo executado pela dupla Gilberto Jr. e Lucas Landau.

LANDAU ELLE RJ CARNAVALESCOS PORTELA 01

Festa da carne

Sinônimo de liberdade, com direito à libertinagem (pra quem quiser e consentir!), o Carnaval pode ser tanto um grito das minorias (historicamente foi) quanto um momento de mais estereotipação e atitudes machistas, homofóbicas e racistas. Para não dançar na trilha errada, pinçamos ao longo da edição algumas dicas – que vão desde aproveitar o lookinho ao longo da vida, evitando desperdício e impacto ambiental, até não ecoar mais determinadas marchinhas (nada de “será que ele é”) e, o principal, entender os limites do corpo feminino nessa grande magia – confira o texto imperdível de Bárbara Rossi.

Na dúvida, vale sempre repetir: não é não, corpos não são área pública e a festa só é engraçada quando todo mundo tá rindo. No mais, é se hidratar!

Vamos abrir alas para um Carnaval e uma vida com mais empatia, respeito e alegria, alegria.

Bom samba e até já. A gente se vê na Sapucaí, ou, por aqui, em março.

Um beijo,
Rê Piza.