12 queijos brasileiros premiados que você precisa provar
Suaves, como a ricota de búfala, ou intensos, como o gorgonzola, os queijos brasileiros conquistam medalhas e paladares aqui e lá fora.
Essa história é recente: em 2016, os queijos brasileiros Tulha e Faixa Azul conquistaram as primeiras medalhas internacionais. De lá para cá, virou festa. A cada ano, mais e mais queijeiros brasileiros submetem suas criações aos jurados, no Brasil e no exterior – e eles têm feito bonito.
Lá fora, os concursos mais importantes são o World Cheese Awards (WCA), que acontece em países diferentes a cada ano (o último, em outubro de 2023, foi na Noruega), e o Mondial du Fromage, na França. Por aqui, os principais são o Prêmio Queijo Brasil, que varia de cidade (a edição 2023 foi em Blumenau, SC), e a ExpoQueijo, sempre em Araxá (MG).
Cada concurso significa dezenas de queijos medalhados porque, além de elaborar rankings, os jurados premiam todas as amostras que alcançam determinada pontuação.
“Os queijos não são comparados com outros, mas avaliados dentro de suas famílias”, explica o queijista Falco Bonfadini, proprietário da loja Galeria do Queijo, em São Paulo, e experiente jurado do WCA. As medalhas superouro, segundo ele, são concedidas aos melhores entre aqueles que tiraram nota máxima e receberam medalha de ouro.
A seleção a seguir traz 12 queijos brasileiros premiados nos últimos concursos e suas histórias. Mas considere essa lista apenas um bom começo – os brasileiros já produzem tantos queijos incríveis que dá para brincar de degustador todos os dias do ano.
Morro Azul, da Queijos Vermont
(Super Ouro no World Cheese Awards 2023)
Em Pomerode (SC), os irmãos Juliano e Bruno Mendes adquiriram uma antiga queijaria, especializada em queijos fundidos em bisnaga, para que a tradição não morresse – mas foram muito além e passaram a criar as próprias receitas. É a segunda vez consecutiva que o Morro Azul conquista a superouro no WCA. Inspirado no queijo suíço vacherin Mont-d’Or, é tão cremoso que precisa de uma cinta, feita de lâmina de carvalho, para manter o formato tubular. À base de leite de vaca pasteurizado, tem uma camada de mofo branco, da mesma família do brie e do camembert. “É um queijo zero lactose e com apenas 15% de gordura, enquanto o brie tem o dobro”, diz Juliano.
Foto: Divulgação
Combina com… Pelo sabor intenso, pede como companhia só um bom pão de fermentação natural. No copo, vinho branco ou rosé, espumante ou cerveja de trigo.
Preço: R$ 32,95 a unidade (125 g).
Onde encontrar: Galeria do Queijo.
Azul Brittania, da queijaria Belafazenda
(Ouro no World Cheese Awards 2023)
Veterinária, a queijeira Carolina Vilhena só usa leite do próprio rebanho – as vacas Jersey pastam ao redor da queijaria, que fica em Bofete (SP). Inspirado no queijo inglês stilton, o Azul Brittania tem massa untuosa com mofo azul, o mesmo que dá sabor ao gorgonzola e ao roquefort. Na sala de maturação, a 12ºC, o queijo repousa por 15 dias até formar casca e mofar. É quando Carolina envolve as peças em bandagem de algodão impermeabilizada com banha suína, para manter a umidade por mais uma semana. Depois, os queijos são transportados para outra sala mais fria, a 4ºC, onde maturam por até 60 dias.
Foto: Divulgação
Combina com… Queijos azuis ficam ótimos com sabores adocicados, como mel e compota de frutas. Nas preparações culinárias, combina com pera. No copo, pede espumantes ou vinhos de sobremesa.
Preço R$ 50 (180 g).
Onde encontrar: Queijaria Belafazenda.
Faixa Azul 12 meses, da Vigor
(Prata no World Cheese Awards 2023)
Os prêmios não são exclusivos dos queijos artesanais. Produzido desde 1940, o parmesão Faixa Azul 12 meses foi o primeiro a ser fabricado no país em escala industrial e também um dos primeiros a ser premiado em concurso – em 2016, voltou do WCA com medalha de ouro. As peças são fabricadas em São Gonçalo do Sapucaí (MG) e distribuídas para grandes varejistas em todo o território nacional.
Foto: Divulgação
Combina com… Salgado e de sabor intenso, pode ser ralado sobre pratos italianos ou degustado como petisco. Vinhos tintos encorpados e cervejas lupuladas, com alto teor de amargor, são harmonizações perfeitas.
Preço: R$ 44,90 (300 g).
Onde encontrar: St. Marche.
Alagôa 1722, da Queijo D’Alagoa
(Prata no Mondial du Fromage 2023 e ouro no Prêmio Queijo Brasil 2023)
Os moradores de Alagoa, na banda mineira da Serra da Mantiqueira, fazem queijo há mais de 100 anos, inspirados no parmesão italiano. Mas a produção foi minguando e as novas gerações já não queriam levar as queijarias adiante – foi quando Osvaldo Martins de Barros Filho, neto de tropeiros e marketeiro nato, arregaçou as mangas para a tradição não morrer.
Em 2009, ele criou a marca Queijo d’Alagoa e passou a vender a produção de vários queijeiros pela internet. Logo vieram os prêmios. O Alagôa 1722 é criação de Márcio Martins de Barros e sua mulher, Dirce, a mestre-queijeira da Fazenda 2M.
A 1.525 m de altitude, eles trabalham o leite cru com a ajuda dos filhos e produzem esse queijo macio e levemente picante, de sabor muito intenso, maturado por até 60 dias.
Foto: Divulgação
Combina com… O casal de queijeiros sugere usar as extremidades do queijo, que tem formato ovalado, em tábuas de frios – as fatias redondas que saem da parte central da peça são do tamanho exato de um hambúrguer.
Preço: R$ 117 (cerca de 1 kg).
Onde encontrar: Queijo d’Alagoa.
Alecrim, da Fazenda Santa Vitória
(Ouro no Mondial du Fromage 2023)
Nascida para abastecer o luxuoso hotel-fazenda em Queluz (SP), a queijaria ganhou vida própria e entrou para a rota turística Caminho do Queijo Paulista. O leite de vaca, de rebanho próprio, é trabalhado em um casarão centenário, que tem as portas abertas para hóspedes e visitantes em geral. Várias receitas têm uma bossa a mais – há queijos maturados na cerveja, envoltos em flores e este, o Alecrim, maturado por 30 dias, que leva uma capinha da erva fresca.
Foto: Divulgação
Combina com… Por ser bastante perfumado, a melhor alternativa é não inventar muito e deixar que as ervas façam o trabalho sozinhas, na companhia de uma taça de espumante gelado.
Preço: R$ 59 (450 g).
Onde encontrar: Queijuz.
Caprinus do Lago, do Capril do Lago
(Ouro no Mondial du Fromage 2023)
Produzido em Valença (RJ), esse queijo de leite de cabra foi o único brasileiro na lista Top 12, dos melhores queijos do mundo – uma baita honraria concedida no país que é a pátria dos queijos. Não por acaso, a fila de espera para conseguir uma peça é de praticamente um ano. Todo o leite vem do rebanho próprio e vai cru, sem pasteurização, para a produção do Caprinus.
De massa semicozida, é prensado por 8 horas e passa outro tanto de molho na salmoura, mesmo processo de fabricação do parmesão. O segredo do sabor intenso está na longa maturação em prateleiras de madeira – durante um ano, os queijos são virados e escovados todos os dias.
Foto: Divulgação
Combina com… Por ser um queijo de massa seca, fica ótimo na finalização de pratos. Em tábuas para petiscar, combina com geleia de frutas vermelhas e bebidas encorpadas, como vinho tinto, cerveja escura e cachaça envelhecida.
Preço: R$ 220 o quilo.
Onde encontrar: Encomendas pelo Instagram @caprildolago.
Cuesta Azul, da Pardinho Artesanal
(Prata no Mondial du Fromage 2023 e prata no Prêmio Queijo Brasil 2023)
O leite das vacas Gir, criadas no pasto da Fazenda Sant’Anna, em Pardinho (SP), não passa por pasteurização e rende alguns dos queijos mais premiados do país, adorado pelos chefs de cozinha. O Cuesta Azul faz parte da família dos queijos de mofo azul, mesma do gorgonzola e do roquefort.
Depois de inoculadas com os micro-organismos que dão origem ao mofo, as peças passam quatro meses na cave de maturação. O resultado é um queijo com a complexidade típica dos azuis, mas de sabor elegante, sem excesso de sal.
Foto: Sergio Coimbra
Combina com… A harmonização por contraste fica perfeita com alimentos e bebidas frutados. Em uma tábua, pede a companhia de uvas e damascos secos, com vinhos frescos ou de sobremesa.
Preço: R$ 81,36 (270 g).
Onde encontrar: Roça Capital.
Barão Parmesão 9 meses, da Barão do Queijo Canastra
(Ouro na ExpoQueijo 2023, ouro no Mondial du Fromage 2023 e prata no World Cheese Awards 2023)
O casal Rogério e Larissa Ferreira herdou a tradição – eles formam a quarta geração de um clã de queijeiros e produzem os queijos em Piumhi (MG), usando leite de vaca da própria fazenda. Os dois começaram com o Canastra, já que a queijaria fica na área delimitada pela Indicação de Procedência da Serra da Canastra, e só em 2022 lançaram o parmesão – fermentos e coalhos vêm da Itália e geram queijos que passam por nove meses de maturação e ganham textura granulada, aqueles cristais típicos do famoso Grana Padano italiano.
Foto: Karen Andrade
Combina com… Excelente para comer em lascas, como aperitivo, combinado a vinhos ou cervejas de sabor mais intenso – ou ralado sobre um bom prato de macarrão.
Preço: R$ 100 o quilo.
Onde encontrar: Barão da Canastra.
Ricota de búfala, da Búfala Almeida Prado
(Ouro no Mondial du Fromage 2023)
Fundada há 43 anos, a queijaria fica em Bocaina (SP) e segue receitas italianas para produzir queijos frescos à base de leite de búfala – a ricota premiada no concurso francês foi escolhida para coroar a pizza que celebra os 25 anos da rede Bráz Pizzaria. O leite vem de criação própria, com 400 animais. Búfalas da raça indiana Murrah são ordenhadas ao som de música clássica, para que fiquem sempre bem calminhas. Leve, com apenas 8% de gorduras totais, tem textura cremosa e sabor neutro, ideal para preparos doces e salgados.
Foto: Divulgação
Combina com… Pura ou temperada, é ótima para passar no pão e compor sanduíches. Na cozinha, entrega versatilidade: é o ingrediente principal dos famosos nhoques de ricota do Arturito, restaurante da chef Paola Carosella.
Preço: R$ 65 (cerca de 200 g).
Onde encontrar: Casa Santa Luzia.
Santa Brigite, da Estância Silvania
(Ouro no Mondial du Fromage 2023)
Tradicional na atividade leiteira e no melhoramento genético de vacas da raça Gir, a estância entrou no ramo queijeiro em 2009. Todos os produtos são à base de leite cru A2A2, de mais fácil digestão. Desde 2016, a queijeira Camila Almeida Alves acumula prêmios. Um dos mais recentes é a medalha de ouro conquistada pelo Santa Brigite. Inspirado no francês Saint Nectaire, é um queijo de massa prensada não cozida e casca com mofo branco. Maturado por 30 dias, tem textura macia e notas sutis de nozes e funghi.
Foto: Divulgação
Combina com… Os vinhos tintos são os melhores amigos desse tipo de queijo, mas também vale a pena arriscar com uma boa cachaça envelhecida.
Preço: R$ 45 (cerca de 340 g).
Onde encontrar: Estância Silvania.
Dolce Bosco, do Capril do Bosque
(Bronze no Mondial du Fromage 2023)
Em Joanópolis (SP), Heloísa Collins mantém a criação de cabras, a produção de queijos, que ela mesma comanda, e um bistrô. Sua produção é 100% autoral e volta e meia aparece novidade. Para criar o Dolce Bosco, a queijeira se inspirou no gorgonzola dolce italiano, menos salgado e picante do que o gorgonzola tradicional, para desenvolver uma combinação complexa e inédita de fermentos italianos. O queijo matura por até 50 dias, quando adquire textura ultracremosa.
Foto: Lucas Terribili
Combina com… Delicioso com frutas secas e frescas, pede a companhia de espumante ou vinho branco frutado. Na cozinha, pode entrar na receita do risoto de pera – a pizzaria paulistana Carlos coloca Dolce Bosco na pizza São Paulo, com muçarela e orégano, e já serviu o queijo na sobremesa, com goiabada.
Preço: R$ 60 (200 g).
Onde encontrar: Capril do Bosque.
Araucária, da Cabanha Mulekinha
(Ouro na ExpoQueijo 2023)
Casados, Airton e Luzita Camargo compraram a propriedade em Ibiúna (SP) para curtir a aposentadoria e acabaram virando queijeiros de mão cheia. De família espanhola, Luzita adapta as receitas ibéricas e chega a queijos de muita personalidade. De massa semicozida, à base de leite pasteurizado, o Araucária tem textura macia e, apesar de maturar por 60 dias, adquire sabor delicad0, perfeito para quem não é muito fã de queijos picantes e intensos, ou para equilibrar a composição de uma tábua de petiscos.
Foto: Matheus Shimono
Combina com… Como derrete bem, é ótimo para entrar na receita do aligot ou para complementar sanduíches quentes. No lanche, fica ótimo acompanhado de geleias de frutas.
Preço: R$ 120 o quilo.
Onde encontrar: Cabanha Mulekinha.
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