Apagão geral: sobre eclipses e autoenganos

Eclipses são considerados momentos caóticos na astrologia. No dia 10 de junho, teremos um eclipse solar a 20 graus do signo de Gêmeos em conjunção a Mercúrio retrógrado. Saiba o que esperar desse evento cósmico e o que fazer para aproveitar as vibes eclipsadas.


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Eclipses representam um apagar e acender de luzes, mudando nosso foco e a nossa perspectiva. De repente algo se acende e outro algo se apaga. Às vezes, problemas se revelam, outras vezes as prioridades se invertem ou soluções são criadas. Portais se abrem e se fecham. E desses eventos um tanto súbitos, consequências de longo prazo se desenrolam…Situações podem se revelar mas não determinam nada. É nossa escolha agir sobre elas, se vamos agir e como vamos agir.

Sobre o eclipse solar do dia 10/6: no mapa natal desse eclipse temos a Lua Nova em conjunção a Netuno e Marte no ponto médio entre Mercúrio e Urano. Eclipses fazem parte de famílias que têm as suas próprias características e posicionamentos astrológicos. Tem algo de inovador e algo de inspirador movimentando esse eclipse. Mas com a presença de Netuno muito acentuada, é preciso tomar cuidado, pois as chances de autoenganos são grandes.

Nesse eclipse, teremos o Sol em quadratura com Netuno em Peixes. Ou seja, não estamos no auge da nossa clareza mental. Além disso, esse eclipse acontece em conjunção com Mercúrio retrógrado. Significa que diminuir o ritmo e dar alguns passos para trás pode ser necessário. Antes de se jogar em situações nebulosas e imprevisíveis, é preciso reconhecer o terreno.

Por um lado, esse eclipse pode indicar ideias bem inovadoras e criativas. Conte com a sua intuição para sentir o que precisa ser feito. Por outro lado, é importante manter os pés no chão e, na dúvida, hesitar antes de se jogar com tudo em situações que podem parecer algo que não são. Esse é um eclipse que ativa circunstâncias bem ambíguas. A forte presença netuniana e as condições delicadas do nosso contexto fortalecem a necessidade de união entre pessoas e organizações, e para isso é preciso lidar com contradições. Não basta o autocuidado. É preciso uma rede de apoio.

Nessa equação que envolve Lua eclipsando o Sol, Mercúrio retrógrado e Netuno, podemos esperar uma certa carga emocional que aumenta o cansaço. Exaustão e desmotivação já são sintomas comuns no contexto coletivo do momento. De fato, estamos vivendo situações difíceis para nossa saúde no geral, tanto física como mentalmente. O cenário é nebuloso e cheio de incertezas. Há uma necessidade de parar para descansar e reavaliar os caminhos escolhidos.

Como saber se você será diretamente eclipsada? Veja se você tem Sol ou Lua em conjunção ou oposição ao eclipse solar. Dessa vez, o eclipse acontece a 20 graus do signo de Gêmeos. Portanto, quem tem Sol ou Lua a 20 graus de Sagitário ou Gêmeos poderá se relacionar de forma mais direta com esse momento de intensidade. Além disso, pessoas com Sol, Lua ou Ascendente nos signos mutáveis – Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes – também podem se conectar com esses trânsitos de forma mais evidente. De um ponto de vista mais geral, todo mundo se relaciona com a Lua nova na qual acontece esse eclipse. Estamos, sim, passando por momentos de repensar fluxos, tendo que lidar com incertezas e nebulosidades. Vá com calma, coisinha.

Alguns pontos importantes para entender os eclipses:

Um dos eventos mais fascinantes do mundinho da astrologia – e da astronomia, visto que é um belo espetáculo de se observar – os eclipses acontecem todo o ano, mas não são visíveis em todos os lugares do mundo. É um fenômeno que depende da perspectiva de quem está na Terra.

Na astrologia, eclipses indicam fortes movimentações e mudanças nos paradigmas coletivos e são bem mais complexos do que a nossa vã filosofia individualista e imediatista consegue captar. Para entender os eclipses, precisamos considerar que eles acontecem em séries e ciclos com longa duração e lento desdobramento no tempo. Nenhum eclipse faz sentido sozinho.

Essas famílias de eclipses têm início, meio e fim, se desdobrando no decorrer de mais de mil anos, tornando o estudo individual de cada eclipse um tanto complexo. Como o nosso tempo de vida é demasiado curto em comparação ao desenrolar de cada família de eclipses, é difícil visualizar sua correlação imediata na nossa vida individual.

Cada eclipse faz parte de uma chamada Série Saros. Em grego, Saros significa repetição ou algo a ser repetido. Os eclipses têm justamente essa característica cíclica. Cada Série Saros produz um eclipse a cada 18 anos, e cerca de 9 ou 11 dias. Uma série Saros tem início, meio e fim. Ela começa e termina com eclipses parciais. Sua origem se dá no polo norte ou no polo sul, e sempre cresce em direção ao polo oposto.

Cada Série Saros produz cerca de 70 a 72 eclipses e vai demorar cerca de 1.280 anos para completar seu ciclo de existência. Cada Série Saros vai produzir um eclipse a cada 18 anos, com cerca de 10 graus de diferença em cada passagem sua pelos signos zodiacais. Ou seja, as chances de sermos diretamente eclipsadas mais de uma vez durante nosso tempo de vida é bem rara. Por isso, os eclipses podem ser melhor observados em mapas de entidades coletivas que têm um tempo de existência mais duradouro, como países, por exemplo.

Precisamos entender os eclipses como uma floresta. Cada Série Saros é uma árvore, e cada eclipse individualmente considerado é uma folha dessa árvore. Nessa floresta de eclipses, cada árvore está em um estágio diferente de desenvolvimento. Algumas são mais jovens do que outras. Algumas crescem do sul para o norte e outras crescem do norte para o sul. A astróloga Bernadette Brady, em seu livro The Eagle and the Lark, explica que tentar entender um eclipse individualmente sem conhecer sua família é como pegar um punhado de folhas do chão e tentar costurar uma história sem saber a natureza da árvore que produziu aquelas folhas.

Esse eclipse do dia 10/6 é da mesma família que produziu eclipses em 1913, 1931, 1949, 1967 e 2003. O próximo eclipse dessa família só vai ocorrer em 2039.

Os eclipses anunciam uma mudança de perspectiva, inaugurando novos ciclos e encerrando outros mais antigos. A sombra lançada pelo eclipse e o ocultamento temporário do brilho do Sol ou da Lua representam momentos de mudança de foco e de direcionamento. É também um momento de incertezas e dúvidas, mas também de grande aprendizado. Com a mudança de foco, percebemos outras nuances sobre nós mesmos e sobre o mundo. Algumas coisas vêm à tona enquanto outras são deixadas em segundo plano. Assim, esse tende a ser um momento intenso de transformações que se desenrolam a longo prazo, e não apenas no dia do eclipse.

Com o nodo norte em Gêmeos e o nodo sul em Sagitário, questões sobre as nossas convicções, o que tomamos como verdade, processos de aprendizado, transmissão de informações e noções de justiça e ética estarão passando por uma mudança de perspectiva. Com o nodo norte apontando para o signo de Gêmeos, se abrem possibilidades de movimento, novas comunicações, conversas, linguagens, foco nas redes sociais, mídias em geral e processos educacionais. Para entender o eixo nodal que movimenta os eclipses do ano, leia aqui.

Durante o eclipse, o mais recomendado é se recolher. Já estamos vivendo um momento bem cansativo, tanto emocional como mentalmente. Evite fazer mil coisas e desgastar suas energias à toa. Se possível, dê um tempo, se preserve. O descanso é o melhor ritual para esses momentos. O eclipse movimenta energias intensas e imensas. Algumas tradições espirituais também falam que no momento dos eclipses os benefícios das meditações são amplificados. É mesmo um dia para focar no mundo interior. Não tenha pressa. Aceite o ritmo das coisas, e entenda que certas situações estão para além do nosso desejo individual.

Lembrando que os antigos temiam o eclipse e evitavam se expor aos seus raios. A recomendação era no sentido de evitar viagens e grandes atividades. Isso parece uma superstição, mas na verdade tem um sentido bem físico e palpável. Olhar diretamente para o eclipse pode ser fisicamente prejudicial. A escuridão faz com que a pupila dilate e absorva raios ultravioleta, o que pode lesionar a retina, causando danos permanentes à visão. A recomendação é olhar para o eclipse apenas com óculos ou equipamentos especiais e apropriados para isso (óculos escuros do uso do dia a dia não dão conta!). Este ano, esse eclipse solar, com início previsto para 5h12 (horário de Brasília), não será visível no Brasil. O ponto alto será às 7h41 e terá duração de 3 minutos e 51 segundos (fase total). Poderá ser visto apenas no Canadá, Ártico, Europa e Rússia, mas você também pode acompanhar a transmissão aqui.

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