Alexandre Pavão completa a frase

Conversamos com o designer paulista que tem ajudado a construir um outro caminho para os criativos independentes.


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Embora a sua hashtag no TikTok acumule 12 milhões de visualizações, Alexandre Pavão diz não ser um usuário assíduo da plataforma. O fato exemplifica a paixão e a lealdade de uma comunidade de consumidores construída ao longo de mais de dez anos que não se limita às redes sociais. Seja publicando unboxings na internet ou carregando a bolsa nos fervos ao redor do país, o público que compra e usa com orgulho as peças do designer paulista parece garantir por conta própria a onipresença da marca em cada vácuo do espaço-tempo. 

Em entrevista à ELLE, entre as cordas e mosquetões de seu ateliê, Alexandre revela curiosidades, relembra sua trajetória e convida Rei Kawakubo para jantar. 

A sua infância foi…

“Maravilhosa, mas ao mesmo tempo cruel. Me via muito criativo em um mundo fechado, que não me permitia ser quem eu sou hoje.”

Antes da ALPV…

“Estava estudando para ser tradutor intérprete. Esse era o meu sonho. Comecei a fazer inglês aos seis anos de idade e, antes de descobrir a minha veia artística, queria traduzir filmes, conversar em outras línguas. Desisti quando entrei no colegial e comecei a fazer blusa de fuxico.”

O cenário de moda atual…

“No Brasil, é complexo. Existem questões de oportunidade, do fornecimento das matérias primas, da construção das coisas. Mas está crescendo, a gente está dando um jeito.”

Foto: Divulgação

A sua identidade é…

“Caótica. Em um significado bom de cores, strass, cordas, plumas e gambiarras.” 

As tendências são…

“Tendenciosas (risos). Não as uso em meu trabalho porque enganam as pessoas. A tendência diz que tal coisa é legal, mas na verdade é só o que o mercado quer vender. Enquanto todo mundo estiver fazendo plataforma, por exemplo, vou vender rasteirinha.” 

Beleza na moda é…

“Depende. Para algumas pessoas, o belo pode ser um lugar de conforto e acolhimento. Mas a moda não é só isso. É, na verdade, muito mais profunda.” 

A intersecção entre designer e influenciador acontece…

“Ao mostrar o mundo louco, estranho e diferente que vivo. Quando me exponho nas redes sociais, as pessoas começam a entender mais do meu universo. Antes, não mostrava nada da minha vida, mas para entenderem o meu trabalho, precisam conhecer quem sou. Se não, se apropriam de uma invenção, supõem que eu fiz tal peça por um motivo, quando, na verdade, fiz por outro.”

Os seus estilistas favoritos são…

“Jonathan Anderson, por sua capacidade de transformar coisas comuns em extraordinárias. E também Alexander McQueen e Raf Simons”.

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Foto: Divulgação

No seu TikTok…

“Não assisto TikTok. Quando baixei, me peguei passando três horas na plataforma. Pensei ‘não quero mais, preciso sair disso’ (risos). Hoje, só abro o link de coisas que me mandam.”

Na sua playlist…

“Tem Taylor Swift.”

Último filme ou série que assistiu…

Boo Bitch, na Netflix. Assisti ontem.”

Uma collab que sonha fazer…

“Se pudesse, faria um desfile só de collabs com diversas marcas. Roupa feita por uma parceria, tênis por outra, óculos por outra…”

Uma pessoa que quer vestir…

“Rihanna”.

Uma pessoa que convidaria para jantar…

“Rei Kawakubo.”

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Foto: Divulgação

Algo que atualmente ama…

“Óculos estranhos.”

Algo que atualmente odeia…

“O tênis Samba, da Adidas. Meu Deus, tá todo mundo usando, já passou.” 

Um momento decisivo para sua carreira…

“Foi quando me demiti e falei ‘vou focar na minha marca e foda-se’. Na época, eu era estilista em uma marca de artigos esportivos.”

O seu próximo passo é…

“Não vou contar (risos). Nunca falo do futuro.”

Algo que gostaria de falar, mas ninguém nunca pergunta…

“Se estou feliz. A gente deveria começar a perguntar para as pessoas se elas estão felizes ou não. Eu estou”.

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