Casa de Criadores sem filtro: Rober Dognani, Alastra, Guilherme Dutra, Nalimo e mais
O que rolou no quinto dia de evento, que trouxe um pouco de tudo o que mais amamos na semana de moda
Se no começo da semana, o editor de reportagem de moda Luigi Torre reclamou da falta de emoção e de identidade nas passarelas da Casa de Criadores, hoje não teve tempo ruim. Literalmente: até a chuva deu uma bem-vinda trégua. Já tentou chegar no centro de São Paulo seis horas da tarde quando está caindo o mundo? E em dezembro? Pois é.
O quinto dia foi um mix de tudo que há de bom no evento. Teve loucurinha, emoção, moda política, representatividade e uma boa dose de ousadia e subversão. E roupa, claro, porque ainda estamos falando de uma semana de moda, né?
Alastra. Foto: Marcelo Soubhia | Agência Fotosite
Entre as estreias, a marca responsável pelas camisetas mais hypes do momento – e dos últimos quatro anos –, a Alastra, mostrou seu DNA em peças além daquelas que fizeram sua fama. O picho em serigrafia com o logo da etiqueta coloriu vestidos, blazers, calças amplas e shortinhos, tudo feito a partir de reaproveitamento de tecidos. Porém, sem as fotos que estampam boa parte dos looks que vemos desfilando pelo Centro e pela Santa Cecília – e tudo bem, pois foi um sopro de frescor.
No casting, moradores da Ocupação Nove de Julho, onde Hayge Mercúrio firmou seu primeiro ateliê, mostraram que dá pra fazer moda com propósito bem feita e cheia de personalidade – e coberta de estrelas vermelhas, para suprir a falta das imagens do presidente eleito Lula atacando de DJ ou da Dilma debochada.
Da Silva Santos Neves. Foto: Marcelo Soubhia | Agência Fotosite
Guilherme Dutra. Foto: Marcelo Soubhia | Agência Fotosite
Brocal. Foto: Marcelo Soubhia | Agência Fotosite
No rol das novidades, a Da Silva Santos Neves apresenta sua segunda coleção, com subversões sobre o conceito de cafona. Roupas sem cintura marcada, alças de silicone e itens de cama, mesa e banho se transformaram nas mãos do jovem estilista, que é uma das grandes promessas do evento. Por aqui, a gente já é fã.
Já Guilherme Dutra, ganhador do último desafio Sou de Algodão, apresentou uma das coleções mais bem feitas da temporada, com bordados de pérolas, blusas com cristais e blazers estruturados com jacquards. No backstage, ele contou que pensa na roupa como uma espécie de figurino, por isso seus looks são complementados por esculturas feitas de cabelo no topo da cabeça das modelos.
Ainda desfilaram a Brocal, marca da cantora Tulipa Ruiz, com uma série de camisetas de banda customizadas em homenagem às faixas de seu mais novo álbum, Habilidades Extraordinárias, e celebridades da música, como Otto e Tássia Reis fazendo as vezes de modelos.
V
Vittor Sinistra. Foto: Marcelo Soubhia | Agência Fotosite
Nalimo. Foto: Marcelo Soubhia | Agência Fotosite
Vittor Sinistra, que veio de Brasília para São Paulo e, em sua estreia, retratou os monstros e personalidades que encontrou por aqui em roupas cheias de chifres pontudos, tribais e máscaras.
Na Nalimo, Day Molina fala sobre ancestralidade dos povos originários da América Latina com uma moda minimalista e nada óbvia. Destaque para os acessórios feitos de folha de taioba e as biojoias.
Rober Dognani. Foto: Marcelo Soubhia | Agência Fotosite
E não dá pra falar de Casa de Criadores sem falar de Rober Dognani. Em seu 40ª desfile, ele decidiu fazer uma homenagem à sua mãe, com quem passou uma noite observando a flor Dama da Noite desabrochar e morrer em um intervalo de horas. Nas roupas, ele criou verdadeiras esculturas de tule e látex e trouxe toda a teatralidade pela qual é afeito. O material emborrachado cobria os drapeados dos longos justos ao corpo e as formas esculturais decoravam torsos e ombros das modelos. O casting, inclusive, incluía nomes como Alessandra Berriel e Silvia Pfeifer – quem não conhece, busque saber. Drama, drama, drama, como a gente ama e precisa, principalmente depois dessa semana.
Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes