Conheça a Bvlgari que fascinou o Brasil
ELLE Brasil registrou com exclusividade peças brasileiras da Coleção Bulgari Heritage que estarão em exposição em São Paulo para celebrar a relação entre a marca italiana e o nosso país.
CONTEÚDO APRESENTADO POR BVLGARI
A Bulgari acaba de abrir uma exposição em São Paulo com peças brasileiras da Coleção Bulgari Heritage. A mostra faz parte de um conjunto de celebrações da marca no país: 75 anos da linha Serpenti, abertura da maior flagship da Maison na América Latina na capital paulista e a primeira colaboração da joalheria com um artista visual brasileiro. ELLE Brasil fotografou as joias com exclusividade e abaixo você confere em detalhes a rica história da marca italiana que segue encantando tanto o nosso país.
Broche e brincos Bulgari Heritage de ouro com calcedônias, ônix, rubis, esmeraldas, safiras e diamantes, de 1972. Blazer, Emporio Armani.
Herança preciosa
Entre as celebrações dos 75 anos da linha Serpenti, em 2023, e os 140 anos de toda a sua história, em 2024, a Bulgari guarda ainda uma comemoração especialmente brasileira neste final de ano: a inauguração da maior flagship da marca italiana na América Latina, na cidade de São Paulo, no shopping Cidade Jardim.
Por isso, a maison decidiu abrir parte de sua Coleção Bulgari Heritage para uma exposição inédita na nova loja, entre os dias 5 de dezembro e o final de janeiro. O acervo é composto de icônicas peças da história da Bulgari, recompradas de antigos clientes ou emprestadas para momentos especiais. Para a mostra brasileira, foram selecionadas joias dos anos 1960 e 70 que pertenceram a figuras emblemáticas, como a socialite Carmen Mayrink Veiga e a baronesa Sandra di Portanova.
Trata-se de objetos raros, antes restritos a poucas pessoas por fazerem parte de uma coleção familiar, como um conjunto de colar e brincos em composição floral, de 1967, feitos de esmeraldas, rubis, safiras e diamantes. A exposição também conta com registros fotográficos datados desde os anos 1960, que ilustram a conexão robusta entre o nosso país e a joalheria romana.
Com exclusividade, as peças foram fotografadas pela ELLE Brasil na florista Suada Rrahmani. Nascida em um campo de refugiados na Alemanha (depois que a sua família deixou Kosovo, parte da antiga Iugoslávia), a empresária mora no Brasil há sete anos, ao lado do marido, Dimitri Mussard.
“Suada Rrahmani não é modelo, mas tem um allure que me lembra o de mulheres marcantes como Carmen Mayrink Veiga. É uma beleza natural, como aquela valorizada nos anos 1970, década que nos inspirou para este ensaio”, diz Susana Barbosa, diretora de conteúdo da ELLE.
Iniciada na década de 1990, a Coleção Bulgari Heritage nasceu com o objetivo de criar um museu que contasse a trajetória centenária da maison. Foram os irmãos Paolo e Nicola Bulgari, da terceira geração, os responsáveis por recomprar as primeiras peças. Hoje, a coleção tem mais de mil itens, entre joias, relógios e outros objetos, que geralmente ficam em exposição na DOMVS, a galeria do Departamento de Patrimônio, na loja da Via Condotti, em Roma.
O acervo ajuda a recontar não só os 140 anos da Bulgari como a história da joalheria de maneira geral. Por ele, se vê que Giorgio Bulgari, um dos filhos do fundador, levou o estilo parisiense para Roma, motivando sua família a deixar um pouco de lado as criações com prata e passar a experimentar mais o ouro, a platina e os diamantes em suas produções.
Uma das peças mais importantes do acervo é um colar de ouro amarelo de 1991, cheio de ametistas, citrinos, turmalinas rosa, esmeraldas, safiras e diamantes. A forma da peça é inspirada na arquitetura do Castel Sant’Angelo, um monumento histórico da Cidade Eterna. E a criação resume harmoniosamente bem tudo aquilo que a Bulgari tem de representativo: o artesanato primoroso, a maestria em unir cores e um aceno à história romana.
Do importante período da Dolce Vita, que marca os anos 1950 e 60, há principalmente as joias que fazem parte do suntuoso acervo de Elizabeth Taylor. Em seu aniversário de 40 anos, por exemplo, a atriz ganhou de seu então marido, Richard Burton, um pingente octogonal com pavê de diamantes e uma safira cabochão em forma de cone, de aproximadamente 52,72 quilates. Todas as peças são tratadas e cuidadas como objetos de museu, itens de arte.
A construção do acervo não para: a equipe do Departamento de Patrimônio segue empenhada na busca por peças significativas para a história da Bulgari, ajudando a nutrir esse tesouro, que é uma fonte contínua de inspiração. A Bulgari procura exemplares excepcionais de joias finas e relógios que foram criados antes de 1995 para enriquecer a coleção. Quem tiver um item em casa e desejar colaborar para a Heritage Collection pode agendar uma hora com a marca nas butiques de Roma, Milão e Palermo para uma negociação.
E quem quiser apreciar joias que marcaram época pode visitar a exposição na flagship da Bulgari em São Paulo e conferir as combinações cromáticas surpreendentes da marca italiana – e entender o sentimento de encantamento que elas causam em quem as vê.
Colar longo e pulseira Bulgari Heritage de ouro com madrepérola, lápis-lazúli e diamantes, de 1971. Vestido, Emporio Armani.
História de cinema (italiano)
Cento e quarenta anos separam o artesão grego Sotirio Bulgari, vendendo artefatos de prata na Piazza dei Martiri, na Itália, dos dias atuais. Em 1884, ele fundava a Bulgari, em Roma, dando início a uma história digna de longa hollywoodiano. Ou melhor, de película gravada nos estúdios da Cinecittà.
A primeira loja foi inaugurada na Via Sistina e, em 1905, veio a segunda e a mais famosa delas, o ponto na Via dei Condotti. Até hoje, o principal da maison no mundo, sucedido mais tarde por destinos turísticos, como San Remo, Sorrento e Nápoles.
Nesses lugares, passavam estrangeiros endinheirados, filhos de famílias abastadas que estavam em pleno Grand Tour, um roteiro tradicional entre os séculos 16 e 19 para jovens conhecerem a Europa – e, claro, comprar.
Com a segunda geração da família Bulgari, formada por Giorgio e Constantino, a marca se estabelece com foco na alta joalheria, principalmente em itens de ouro e pedras preciosas. São as primeiras evidências de um estilo que marcaria a essência da casa, com cores vibrantes, volumes bem equilibrados e motivos greco-romanos inconfundíveis.
La dolce vita
A tradição, no entanto, nunca impediu inovações. Pelo contrário. A Bulgari andou lado a lado das principais mudanças estéticas e tecnológicas que aconteceram no mundo, contribuindo para muitas evoluções no mercado de joias e relógios.
Se nos anos 1920 a influência francesa e de movimentos artísticos, como o Art Déco, fizeram com que a empresa abraçasse desenhos estilizados e incorporasse a platina e os diamantes em suas criações, as décadas seguintes viram a Bulgari evoluir na ousadia cromática e no uso do corte em cabochão, um tipo de lapidação em cúpula que valoriza o volume original da gema.
Em 1948, um experimento fez nascer um símbolo que acompanha a casa há 75 anos: a serpente. O primeiro relógio Serpenti surgiu graças à tecnologia Tubogas. Sem solda, apenas com técnicas emprestadas da ourivesaria, uma malha de metal foi construída por pequenos tubos, desenvolvendo peças com curvas sinuosas que abraçavam o corpo.
Mas foi no pós-Guerra que a Bulgari conseguiu alcançar o mundo pelo sonho. Ou pelo encantamento que mais se aproxima do sonho nas artes visuais: o cinema. De 1950 em diante, a marca entra naquela que ficaria conhecida como a sua era Dolce Vita, associando-se a grandes divas do audiovisual italiano.
A princesa e o plebeu
Em filmes como A princesa e o plebeu (Roman holiday, o título original) e o próprio La dolce vita, a marca se junta à Cidade Eterna no imaginário dos espectadores, enquanto brilha nos tapetes vermelhos juntamente com estrelas como Ingrid Bergman, Grace Kelly, Anita Ekberg, Gina Lollobrigida e Elizabeth Taylor.
Daí que, dos anos 1970 para a frente, a expansão global nunca parou, bem como as inovações, que saíam de movimentos artísticos como a Pop Art e de inspirações orientais. Em 1977, chega ao mundo outro clássico: o relógio Bulgari Bulgari. Rapidamente, torna-se um dos mais icônicos da relojoaria moderna, inspirado nas antigas moedas romanas, com caixa cilíndrica circundada pelo nome da casa.
A Bulgari soube também enxergar o mundo ao redor e se adaptar aos novos tempos quando necessário. Na década de 1980, a empresa diversificou a sua cartela de produtos, criando para homens e mulheres cosmopolitas e multifacetados. Chegam os acessórios, como bolsas e óculos, além de perfumes, mostrando um olhar para o mercado sem medo de se adaptar ao futuro.
Outra inovação importante foi a joalheria modular: nesse conceito, o pingente de um colar também virava um broche, por exemplo, e as adaptações cabiam bem às necessidades contemporâneas. Fora isso, essas peças poderiam ser fabricadas em série e finalizadas à mão. A primeira linha desse tipo foi a Parentesi, inspirada nos detalhes das calçadas romanas.
Em 2014, a Bulgari se junta ao conglomerado LVMH, o maior de moda do mundo, e não para de surpreender pela inventividade ao trazer para o setor materiais como o aço, a porcelana e a madeira. Centenária, criou assinaturas que vão das peças com moedas da Roma antiga, as Monetes, aos broches Tremblant, celebrando a simplicidade cheia de beleza das flores com pétalas abertas. Uma história digna de filme e pronta para evoluir com novas sequências.
Conjunto de brincos e colar Bulgari Heritage de ouro e platina, com esmeraldas, rubis, safiras e diamantes, de 1967. Vestido, Valentino.
75 anos de Serpenti
1884
Bulgari é fundada em Roma pelo artesão grego Sotirio Bulgari.
1948
A segunda geração da marca, composta pelos filhos de Sotirio, Giorgio e Constantino Bulgari, cria a primeira peça da marca com o réptil.
Nasce o primeiro relógio-joia de enrolar no pulso em formato de serpente. Graças à técnica Tubogas, criada na casa, uma malha de metal é conectada a um núcleo interior flexível, de maneira a abraçar naturalmente o pulso sem a necessidade de soldas.
Anos 1950
Surgem os primeiros relógios-joia com segredo. O mostrador escondido na boca da serpente vira um hit da joalheria.
1955
O estilo das joias Serpenti fica mais figurativo, com o uso de rubis e esmeraldas.
Anos 1960
A Maison introduz os primeiros colares da coleção e o motivo continua a evoluir, em uma jornada de artesanato excepcional. As escamas ganham pedras preciosas ou são esmaltadas para maior realismo.
1962
Elizabeth Taylor usa um relógio Serpenti enquanto filma Cleópatra, na Cinecittà, em Roma. O encontro entre a joia italiana e o universo hollywoodiano faz a peça virar um sonho no mundo todo.
Musas do cinema italiano da era da Dolce Vita, como Sophia Loren, Anna Magnani e Gina Lollobrigida, viram embaixadoras da marca, com as joias Serpenti.
Anos 1970
O estilo futurista das novas interpretações do design Tubogas conquista Andy Warhol, que ostentava uma Serpenti Tubogas de três voltas em sua coleção.
Anos 1980
Diana Vreeland clica a joia em diversos ensaios de moda e usa um cinto Bulgari em formato de serpente enrolado no pescoço, como um colar.
Anos 2000
A linha Serpenti é enriquecida por fascinantes interpretações de bolsas e acessórios.
2021
Zendaya surge no Festival Internacional de Veneza com um modelo Bulgari para a première do filme Duna e a Serpenti também passa a compor pulseiras, anéis e pingentes da coleção Serpenti Viper, com um design minimalista e inconfundível.
2023
Celebração de 75 anos de Serpenti. Batizada de Years of infinite tales, a exposição roda o mundo, enquanto o projeto Serpenti Factory convida artistas de todo o globo a reinterpretarem a influência da cobra na história da maison.
Peças como a Mediterranean Sapphire Serpenti, com safiras do Sri Lanka, da coleção de alta-joalheria da casa, mostram que essa relação deve viver ainda muitos anos de história e beleza.
Colar e brincos Bulgari Heritage de ouro com calcedônias, ônix, rubis, esmeraldas, safiras e diamantes, de 1972. Vestido, Vitor Zerbinato.
Um mundo para chamar de seu
Em 2023, a Bulgari comemora 75 anos de Serpenti, sua linha de joias, relógios e acessórios de couro inspirada no animal que virou a assinatura da casa. Para celebrar a data, a maison deu quase uma volta ao mundo nos últimos meses, passando por Madri, Xangai, Cidade do México, Nova York, Seul, Dubai e Milão, até chegar ao Brasil, em novembro.
Nesse roteiro global, foram realizadas várias ações, com destaque para a exposição Bulgari Serpenti, 75 years of infinite tales, que remonta a inspiração da serpente na história da grife, além do projeto Serpenti Factory. Por meio dele, artistas visuais, como Refik Anadol, Daniel Rozin e Sougwen Chung, criaram trabalhos exclusivos a partir da imagem do réptil.
A chegada da celebração global no Brasil foi acompanhada pela primeira colaboração da marca com um artista local. Mais precisamente, Gabriel Massan, 27 anos, natural da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, que une arte e tecnologia em sua produção.
Ainda adolescente, ele já criava narrativas para os jogos de computador, gravava a tela do game, roteirizava ficções e publicava as criações em seu canal do YouTube. Chegou a cursar publicidade, mas se interessou por softwares 3D e, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, teve a certeza de que era possível construir uma carreira artística e autoral. “A arte digital foi uma maneira que encontrei de dar destaque às discussões que me interessam sem usar a minha própria imagem”, explica Massan.
Em 2019, fez uma residência artística na Espanha e, desde então, vive entre as principais capitais europeias, estudando possibilidades com realidade aumentada. Recentemente, expôs na galeria londrina Serpentine North Gallery e foi convidado por Madonna para criar uma obra digital, especialmente encomendada para a performance de “Bedtime stories” em sua turnê Celebrations.
Em paralelo, Massan também viu a parceria com a Bulgari tomar corpo. O primeiro passo foi entender a história da casa, e as semelhanças falaram mais alto do que qualquer diferença. Massan, que se autoafirma como um jovem artista negro e queer, se identificou com o grego Sotirio Bulgari, fundador da casa. “Ele também foi um artista imigrante. O processo de imigração tem um efeito grande em mim, pois me fez compreender a desigualdade que me formou”, ele explica.
Para as criações inspiradas na Serpenti, Massan recheou seus universos virtuais de Brasil. Deu especial atenção às riquezas naturais e pesquisou cobras brasileiras, como a espécie Corallus cropanii.
O resultado desse estudo se traduziu na instalação interativa Infinite tales e em três obras digitais inéditas, que foram leiloadas e tiveram o lucro destinado a projetos sociais de incentivo à inclusão de mulheres no mercado de tecnologia.
A instalação Infinite tales passou por butiques da Bulgari em São Paulo e Goiânia, onde permaneceu até meados de dezembro. Para conhecer mais sobre Massan e seu trabalho, vale conferir o papo gravado entre o artista e Diane Lima, da curadoria coletiva da 35ª Bienal de Arte de São Paulo, disponível nos canais oficiais da Fundação Bienal (@bienalsp).
Fotos: Hick Duarte
Edição de moda: Lucas Boccalão
Beleza: Angel Moraes
Coordenação de produção de moda: Diego Tofolo
Produção de moda: Thiago Torres
Produção executiva: Isabela de Paula e Izabela Ribeiro
Tratamento de imagem: Helder Bragatel
Assistentes de foto: Ana Pazian e Gael Oliveira | Manicure: Thayna Dandara | Camareira: Egle Ly | Contrarregra: Ronaldo Junge | Modelo: Suada Rrahmani
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