Afetividade, memória, ancestralidade e inovação

Buscando texturas em materiais inusitados, Jal Vieira constrói sua peças sem perder de vista sua origem.


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“Costuro desde cedo, mas nunca curti moda, achava que não era pra mim. Até perceber que a moda é feita de pessoas para pessoas”, diz Jal Vieira, que desenhou um look pela primeira vez ao assistir um desfile na televisão, aos 11 anos de idade. Natural do Jardim Ângela, em São Paulo, ela sempre morou na periferia. “A moda era um mundo muito distante do meu, todos os cursos eram caros demais, até os não-acadêmicos. Às vezes não tinha nem dinheiro para comer. Aquilo era uma realidade completamente distópica pra mim – até que ela foi tomando conta da minha vida”, lembra. Ao terminar o colégio, prestou o ENEM e foi uma das únicas três pessoas a entrar na Faculdade Belas Artes por meio do programa ProUNI. “Achei que meu maior problema seria ingressar em uma universidade, mas me manter nela também foi bem difícil”, conta.

Ainda durante o curso, Jal conheceu as estilistas Carô Gold e Pitty Taliani, da Amapô. Conseguiu um estágio com elas, virou braço direito da dupla e acabou trabalhando na marca por seis anos. “Em 2016, estava desgostosa com a moda, acabei indo para o audiovisual. Me prometi nunca mais voltar”. Em 2019, foi convidada a participar do Projeto LAB, na Casa de Criadores, onde apresentou uma coleção inspirada em sua mãe – figura importante na sua trajetória e sua maior inspiração. “Ela é uma mulher criada no sertão e apesar de todas as limitações financeiras e sociais, sempre apoiou todos os meus sonhos. Foi ela quem me incentivou a criar minhas próprias oportunidades”, fala.


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