Customização de roupas: os principais tipos e dicas para fazer em casa

Dar um novo significado a peças que você não usa mais estilizando do seu jeito pode ser um ótimo exercício fashion. Especialistas compartilham dicas para se jogar no bordado, na pintura, nas aplicações e no que mais quiser.


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Foto: Brechó da Poppi



Uma roupa que só você tem. Esse é um dos efeitos imediatos de customizar uma peça. Já é algo bem legal, certo? Mas a lista de pontos positivos pode ser bem maior. Dá para incluir ainda: empregar um pouco da sua personalidade ao item; renovar algo que costumava usar muito, mas agora não sai do fundo do armário; dar um toque de modernidade a um acessório vintage que parece datado demais… O objetivo quem decide é você – e a técnica a ser usada também.

“Tudo depende do resultado desejado”, conta a figurinista e stylist Roberta Zola. É preciso vislumbrar aonde quer chegar antes de sair alterando tudo de qualquer jeito. Quer só incluir um detalhe divertido? Ou pretende transformar a cor? Passe alguns minutinhos admirando a peça, se sentir necessidade, procure referências para encontrar um norte e, aí sim, parta para a próxima etapa: a aquisição de materiais. “Raramente você tem em casa tudo o que precisa para customizar da maneira como imaginou”, pontua a especialista.

Quando for partir para a ação, vá de peito aberto, aconselha a artista multidisciplinar Bruna Romero. “É importante não se afobar durante o processo. No meio do caminho, pode parecer que vai ficar estranho, mas o importante é o resultado final, que só dá para ver ao concluir todas as etapas”, destaca. Outra dica é não se apegar muito às inspirações, afinal, cada um tem seu jeito, seu traço, e nenhum trabalho manual vai ficar exatamente igual ao outro, mesmo que seja executado pela mesma pessoa – e é justamente essa a magia de tudo.

A estilista Bianca Poppi percebeu isso quando começou a bordar as roupas do seu brechó. Antes, os itens vintage de linho e alfaiataria que garimpava tinham pouca saída, mas foi só escrever pequenas frases à mão que as vendas aumentaram. E lá se vão sete anos de negócios. “Com a customização, a roupa comunica algo a mais. Quem procura esse tipo de trabalho tem apreço pelo manual, porque garante exclusividade”, comenta.

A seguir, as especialistas explicam alguns dos principais métodos de customização e falam mais sobre seus trabalhos para inspirar quem quer embarcar junto nessa, renovando roupas e acessórios com pequenas ou grandiosas transformações.

Pintura e desenho

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Edward Berthelot / Getty Images

Se o plano é desenhar sobre o objeto, existem dois processos interessantes. Para fazer detalhes ou estilizar itens menores, como tênis, bolsas e outros acessórios, Bruna prefere usar caneta Posca. “Dá para usar em absolutamente qualquer peça”, afirma.

Ela tem duas opções de tamanho de ponta arredondada, indicadas para customização, e uma variedade de 15 cores. Ao finalizar, a artista geralmente aplica uma camada de verniz fosco em spray, principalmente naquilo que costuma entrar em contato com a água. Se a superfície for tecido, o fabricante orienta a passar ferro quente por cima do desenho antes da proteção.

Já para jaquetas, camisetas, calças e afins Bruna desenvolveu uma técnica especial que ajuda a conquistar uma cobertura mais densa. “O melhor material é tinta serigráfica, usada para fazer silk em camiseta. É bom ter, pelo menos, a branca para usar como base e, por cima, você vem com tinta de tecido nas cores que quiser”, explica. Ela indica a Gênesis, no primeiro caso, e a Acrilex, no segundo.

Os habilidosos podem tentar aplicar a tinta serigráfica já no formato do desenho. Porém, se a ilustração for complexa, é mais fácil primeiro pintar uma bola branca para depois desenhar com lápis sobre ela e, por fim, colorir tudo.

Tingimento

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Jeremy Moeller / Getty Images

Quer mudar completamente a cor da roupa ou criar um efeito tie-dye? Então, o melhor caminho é tingir. Os pigmentos podem ser naturais ou artificiais. No primeiro caso, são usadas infusões de plantas, beterraba, açafrão e chá, por exemplo, e as tonalidades ficam restritas às encontradas na natureza.

No segundo, de modo geral, temos um pozinho que se dilui em água quente e tinta de tecido misturada com álcool – e a possibilidade de nuances mais saturadas. “Tem corante para tudo. O ideal é checar na etiqueta com qual tecido a roupa é feita e procurar um que seja indicado para ele”, instrui Roberta.

Já a forma de tingir depende mesmo de onde você quer chegar. Se busca um tom uniforme, deixe a peça imersa. No caso do tie-dye, é preciso fazer amarrações antes para criar o efeito. Também dá para usar uma bisnaga ou spray e ir aplicando pontos de cor imprecisos. “Uma vez eu usei um pente para criar um degradê em um casaco de pelo”, conta a stylist. Ou seja, é preciso usar a criatividade se quiser inventar moda, mas quase sempre dá para encontrar um tutorial na internet para se orientar.

Bordado

Para criar um detalhe charmoso de maneira delicada, o bordado é uma ótima solução. “Existem várias técnicas, eu uso o ponto livre, que é o básico para contornos e é bem fácil de aprender. Só tirar alguns minutinhos para assistir a uma aula que você consegue. No Pinterest e no TikTok tem vários tutoriais”, conta Bianca.

Para escrever, outros dois pontos são indicados: corrente e haste. O matiz e o cheio são usados para preenchimento, enquanto o pequinês e o ziguezague são decorativos. Isso entrando apenas no bordado livre, que é o estilo mais simples de aprender – e fica uma graça. Um truque esperto é marcar com lápis o desenho ou a palavra a ser bordada antes de passar a linha. Se não gostar do resultado, dá para desfazer sem grandes estragos.

A inspiração das frases que Bianca escreve vem das próprias peças. “Quando eu pego uma com cara bem de vovó, escrevo ‘vintage, porém moderna’, porque acredito que o reuso e o trabalho manual são coisas para o futuro mesmo. Outra que eu gosto é ‘roupa velha, porém futurista’, porque ela pode ser antiga, mas ainda tem um chão pela frente”, exemplifica.

Dá para bordar um trecho de poesia, uma expressão que goste do significado, uma data especial… O que fizer sentido para você! Outra ideia é criar detalhes coloridos na gola e nos bolsos, por exemplo, ou até mesmo transformar um furo em poesia costurando uma moldura ao redor dele. Deixe a sua imaginação fluir!

Aplicações

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Edward Berthelot / Getty Images

Outra maneira de dar uma nova vida a peça é enchê-la de aplicações. “Strass, spike, patchs, alfinete de segurança, ilhós, tachinha, miçanga bordada… São muitas as possibilidades”, diz Roberta. Alguns são colantes, outros precisam ser costurados e tem os que pedem um alicate especial para serem aplicados. Uma conversa rápida com o atendente do armarinho e você entende o que precisa para aquela personalização.

Que tal criar uma ombreira especial ou deixar a gola mais rica? Os metais geralmente dão um ar mais punk ao visual, os brilhos ajudam a criar uma atmosfera glamourosa, enquanto os patches adesivos bordados transformam em look hippie em instantes. “Pegou aquela calça velha do seu pai que tem potencial, mas não veste bem? Passa a tesoura, corta uma perna e aplica ilhós para juntar de outra forma”, sugere a stylist.

Para dar os primeiros passos

Deu vontade de sair estilizando vários itens do seu armário, mas ainda falta coragem para começar? As especialistas dão alguns conselhos que podem ajudar nesse pontapé inicial. Para Bianca, é melhor iniciar com algo mais simples para destravar. “Faça algo que não seja muito trabalhoso. Comece por partes pequenas, arrisque um pequeno detalhe ou pegue peças que precisam de um remendo mínimo. Depois disso, você vai conseguir avançar e fazer coisas maiores sem dó”, sugere.

Bruna acredita que é bom testar em peças que não sejam seu xodó, porque algumas coisas realmente não tem como consertar. No entanto, tente não se apegar ao medo de errar, porque o resultado pode não ser exatamente com imaginou, mas ainda assim ser legal. Não gostou mesmo de como ficou? Tudo bem. “Desbota a roupa, faz um patch em cima, outro desenho… Tem que ter criatividade para buscar soluções, mas sempre tem um jeito”, orienta a artista.

Mas também não adianta pegar uma peça que não gosta de jeito nenhum, diz Roberta. “Não vai adiantar nada se for alguma roupa que nunca curtiu. Eu faria um adendo para pegar algo que já usou muito, mas parou, seja porque cansou ou porque está manchado. Isso vai fazer você ter mais amorzinho na hora de customizar”, aconselha.

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