Emannuelle Junqueira comemora 25 anos de história e lança nova marca

Emannuelle Junqueira lança a Harpa, braço casual de sua etiqueta bespoke, que encanta as noivas brasileiras há 25 anos. 


Modelo com camiseta branca onde se lê a frase Stay Alive in 2024 que faz parte da coleção de lançamento da Harpas, nova marca de Emannuelle Junqueira.
Harpa por Emannuelle Junqueira. Foto: Ale Bigliazzi



“A ELLE foi a primeira revista a fotografar um vestido meu em um editorial”, fala Emannuelle Junqueira, enquanto resgata as memórias dos 25 anos de carreira. “Foi no começo dos anos 2000. Era um vestido longo bem fininho e soltão, de pegada boho, na cor off-white e com riscas douradas”, recorda.

Sua marca homônima surgiu um pouco antes, em 1999, quando casou e decidiu criar o próprio vestido. Desde então, a carioca radicada em São Paulo encontrou seu nicho no mercado sob medida para noivas. Com uma aparente simplicidade, gosto pela técnica de moulage e pelos acabamentos de visual natural ou envelhecido, conquistou as cabeças – e corpos – de muitas estrelas brasileiras que subiram no altar. Um de seus vestidos mais célebres foi usado pela atriz Laura Neiva, em seu casamento com o também ator Chay Suede. 

Modelo com roupa da nova marca de Emannuelle Junqueira Harpa.

Look da Harpa, nova marca de Emannuelle Junqueira. Foto: Ale Bigliazzi

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Formada em moda pela Faculdade Santa Marcelina, Emannuelle desenvolveu um universo particular dentro de um segmento, em que a tradição muitas vezes predomina. No seu ateliê, no número 80 da Rua Minas Gerais, no bairro de Higienópolis, São Paulo, boa parte das demandas vêm de pedidos exclusivos, feitos aos moldes e desejos de cada cliente. A partir desta terça-feira, (13.08), a estilista investe mais uma vez no prêt-à-porter com o lançamento da Harpa, uma nova etiqueta casual, com itens de design atemporal e acabamento sofisticado e duradouro. 

“A Harpa nasce da possibilidade de eu poder usar as minhas roupas em outros momentos. Já tivemos prêt-à-porter antes, mas nos últimos 5 anos fiquei apenas com o sob medida”, explica ela. As experiências passadas às quais se refere foram em 2005 e 2011. A primeira era exclusivamente de festa, enquanto a segunda abria o leque de ofertas com outros modelos de roupas. “E me fez uma falta absurda em termos de criação”, continua.

Modelo com roupa da nova marca de Emannuelle Junqueira Harpa.

Harpa por Emannuelle Junqueira. Foto: Ale Bigliazzi

Na coleção de estreia, uma cápsula, a caçula de Emannuelle Junqueira chega com oito itens, entre camisetas, saias e vestidos de seda, algodão, organza e tule. Abaixo, ela conta mais sobre a novidade:

Como funcionarão os lançamentos da Harpa? 

Teremos uma coleção principal, que é formada por modelos perenes e, ao longo do ano, lançaremos alguns drops. Agora, temos a história da camiseta com uma frase otimista (o destaque da nova coleção é a camiseta com a estampa “Stay Alive in 2024”, inspirada em um modelo da designer britânica Katharine Hamnett), mas acabei de arrematar alguns tecidos do estilista belga Christian Wijnants. Pretendo fazer algo especial com esse material. Não gosto de me comprometer com um número de coleções por ano, porque a roupa precisa fazer sentido para gente e para o mundo. 

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Como foi desenvolver um estilo tão próprio dentro do segmento de noivas, que é mais restrito em termos criativos?

Foi desafiador. Não à toa, sempre gostei de manter uma segunda linha. Leva um tempo até as pessoas conhecerem seu produto, e o termo “vestido de festa” assusta, porque vem carregado de estereótipos. Mas tem uma parte legal de fazer vestido de noiva que é o desejo por algo especial. É como se cada vestido abrisse um universo de possibilidades. Isso me inspira e funciona como um laboratório de experiências. Por mais que a cliente chegue com uma ideia específica, sempre coloco minha identidade. Nunca abri mão dessa autoria, de saber falar não e de seguir com o que acredito, independentemente de tendências. Trabalho com os mesmos tecidos há anos. A minha marca é ligada à manualidade e ao desenvolvimento. Tem a questão da textura, por exemplo. Falo que a minha roupa dá vontade de pegar. 

O que te ajudou a construir essa identidade? Como você formou esse repertório visual? 

Sou muito curiosa e aventureira. Fui carregando experiências sensoriais ao longo da vida, desde a casa da minha avó na roça, no sul de Minas Gerais, aos anos em que morei em Turim, na Itália, e em Paris, ainda na infância. Penso muito no design e arquitetura italianos, nas cores acinzentadas francesas e na natureza brasileira, principalmente na do interior. Isso tudo me encanta. Consigo lembrar de mim, 25 anos atrás, com a mesma identidade e vontade de fugir do óbvio. Sempre desejei que as pessoas colecionassem as minhas peças. E é isso o que acontece na maioria das vezes. 

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O comportamento da noiva mudou durante esse tempo? 

Sem dúvida. Já quando eu comecei, o que mais me motivou foi trazer uma naturalidade para essas mulheres nesses momentos. Pensava em mulheres autênticas, cheias de identidade e que não precisavam se fantasiar de uma outra história para se casarem. Então, sempre prezei pelo conforto. Há 25 anos, era mais raro ver as pessoas celebrarem seus amores nos lugares onde querem e da maneira como preferem. Era muito quadrado. 

Não é nada fácil manter uma empresa por mais de 20 anos, ainda mais no Brasil. Como foi essa experiência? 

Uma montanha russa. O que sempre me moveu, de verdade, foi a paixão pelo negócio. Porque não é fácil. Não é simples, sobretudo agora que decidi capitanear tudo. Resolvi fazer um rebranding, dirigir o ateliê, inclusive na parte administrativa. É muito difícil ter uma empresa correta e ética durante tanto tempo, aguentar firme nos momentos econômicos mais complexos, como o de uma pandemia. Ter pensado em construir um legado, mais do que um negócio, me fez formar um time que também é minha família. Nesses 25 anos, celebro com alegria a coragem de ter construído tudo isso e deixar uma marca na vida das pessoas através da roupa. 

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