Emannuelle Junqueira revisita seu processo artesanal em novo livro

Publicação esmiúça as técnicas manuais da estilista famosa pelos vestidos de festa e casamento.


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Quando Emannuelle Junqueira começou sua carreira, em 1994, não tinha a pretensão de fazer looks de festa e casamento. Acontece que seu foco num modelo produção artesanal e sob medida aliado a sua paixão por celebrações (de qualquer tipo) acabaram a guiando por tal caminho. E deu certo. A estilista é hoje uma das principais criadoras do segmento no Brasil. Por seu ateliê, instalado numa casa tombada na rua Minas Gerais, em São Paulo, já passaram muitas noivas estreladas, como Laura Neiva, Iza, Sandy e Vanessa Rozan, só para citar algumas. “Faço roupas nos padrões da alta-costura, em que tudo é muito específico, desde a tinturaria, com pigmentos especiais, até o design de superfície”, explica ela.

Agora, todo esse processo minucioso estará em Off White: a Arte de Costurar Afetos, primeiro livro da estilista. “Queria trazer minha estética, as técnicas que uso há mais de 15 anos, mas também mostrar novas concepções de design e como tudo é construído”, conta. “Além do resgate e lembrança dos anos de trabalho, haviam outras coisas importantes para ilustrar, como os tecidos que comecei a fazer durante a pandemia, para substituir os materiais importados que ficaram indisponíveis.”

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Foto: Marcio Simnch

Em formato de coffee table book, o livro de 218 páginas é um projeto independente da estilista e conta com a colaboração de artistas e profissionais que fizeram e fazem parte de sua trajetória, entre eles estilista Jum Nakao, o stylist e professor Lucius Vilar, os fotógrafos Marcio Simnch e a dupla Mar+Vin (Marcos Florentino e Kelvin Yule), a designer Isabella Coraça e a artista plástica Brisa Noronha. “É um desejo antigo, de uns oito anos, que só consegui começar em 2020, quando passei sete meses isolada no interior.”

Através de imagens, Emannuelle resgata elementos de sua história pessoal, como o caderno de modelagem da avó que está até hoje no ateliê. O foco, porém, são as criações manuais, explicando cada etapa de produção – das provas de roupa às técnicas principais, como as texturas de pétalas, os volumes e linhas, além do trabalho de transparências, rendas, bordados e pedrarias. “Não tinha como mostrar esses detalhes apenas fotografando as peças no manequim, então fizemos imagens com uma mesa de luz, criando uma espécie de raio X dos vestidos.”

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Foto: Marcio Simnch

A publicação ainda inclui campanhas que marcaram a carreira da estilista, como a mais recente, chamada Mãos, que destaca as costureiras do ateliê. “Queria ressaltar a importância de todas as pessoas que trabalham comigo, pois muitas vezes elas acabam escondidas atrás de um único estilista”. Para Emanuelle, revisitar o passado também foi uma forma de amadurecimento. “Foi ótimo para me entender melhor como artista. Percebi que é isso que o universo espera de mim, essa arte de dar vida e alma aos vestidos.”

Com lançamento previsto para a segunda semana de junho, a designer quer celebrar a novidade com uma exposição de moda. “Ainda não sei exatamente como será, mas estamos planejando e o Jum está me ajudando”, antecipa. Em paralelo, o ateliê passará por uma reforma de expansão, resultado da alta demanda pós-pandemia. “Acho que as pessoas ficaram reprimidas por tanto tempo que agora querem celebrar, cada um do seu jeito, então pretendo dobrar a sala de produção e contratar mais gente para realizar esses sonhos”.

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