Paris Fashion Week: Lacoste, verão 2025

CONTEÚDO APRESENTADO POR LACOSTE

Para chegar à sala de desfile da Lacoste, em um prédio em reforma na capital francesa, era preciso subir alguns lances de escadas. Conforme nos aproximávamos do último andar, ficava mais nítido o barulho do mar. A passarela estava coberta de areia. Sobre ela, uma escultura de redes de quadras de tênis e, nas laterais, telões com imagens de ondas marítimas. Sim, deu praia no último dia da semana de moda de Paris.

O ambiente era uma cocriação da diretora criativa da casa, Pelagia Kolotouros, e da artista multidisciplinar Susie MacMurray. Ela é conhecida por combinar materiais, formas, espaços e contextos para estimular associações físicas e culturais. Daí a atmosfera praiana.

Lacoste, verão 2025. Foto: Divulgação

Tudo começou durante um encontro entre a estilista e a neta de René Lacoste, o fundador da marca do crocodilo. As duas têm conversas periódicas, frequentemente sobre aspectos pessoais da vida do francês, como sua infância, seu círculo de amizades e seus momentos de lazer. Foi assim que Pelagia descobriu o lado social de René. Em entrevista, dias antes da apresentação, ela comentou sobre sua comunidade de amigos criativos, como Jeanne Lanvin, Jean Patou e Charlie Chaplin.

Durante a pesquisa, ela encontrou uma série de fotografias do tenista e designer durante as férias de verão. Dos trajes de banho, saem boa parte das peças ajustadas ao corpo, com recortes circulares nas costas e laterais, detalhes responsáveis por dar toda uma nova sensualidade à etiqueta. Uma sensualidade bem francesa, como ressalta Pelagia, e inovadora em relação ao que a marca vinha fazendo.

Lacoste, verão 2025. Foto: Divulgação

Pelagia Kolotouros foi anunciada diretora de criação da Lacoste em fevereiro de 2023. Sua primeira coleção para a maison, para o inverno 2024, foi desfilada em março deste ano, nas quadras de Roland Garros, um dos mais famosos complexos de tênis no mundo. A poucos quarteirões da sede da empresa, o estádio em questão foi construído em homenagem a René Lacoste, em 1928. Dois anos antes, ele já era bicampeão do Torneio de Wimbledon, a mais tradicional competição da modalidade, quando mudou para sempre os rumos do tênis. O “crocodilo”, como fora apelidado pela imprensa, estava cansado dos punhos, gomas e excessos que os uniformes possuíam.

Competidor obstinado e metódico – a estilista conta que ele tinha uma série de cadernos com várias anotações sobre seu desempenho e de seus competidores –, René percebeu que o design prejudicava sua performance e a dos seus colegas. Decidiu, então, apresentar sua própria invenção de estilo. Em um jogo de tênis na França, em 1927, ele não competiu com o uniforme de manga longa, que era padrão na época. Em um ato despretensioso, porém revolucionário, ele cortou as mangas da camisa na própria quadra. Assim surgiu a camisa polo, tão apreciada e solicitada que, em 1933, passou a ter produção industrial. Ele era um verdadeiro inovador. Além da polo, introduziu a raquete de aço – antes, elas eram de madeira e muito pesadas.

Lacoste, verão 2025. Foto: Divulgação

Para Pelagia, o lado inventivo do fundador serve de permissão para alguns experimentos na coleção de verão 2025. Um deles vem no logo. O crocodilo aparece na sua forma mais conhecida, em versão vintage ou mais artística. Ele está em acabamentos de renda, vestidos de malha, jacquards e bouclé. Outro já mencionado está na fluidez e sensualidade. De novo, não de um jeito óbvio, mas de um bastante associado à sofisticação e elegância inerentes ao je ne sais quoi e savoir-faire da Lacoste. Pense em pregas, recortes, detalhes de lingerie combinados a looks masculinos de alfaiataria esportiva. Falando nela, o blazer assume posição de destaque nesta estação, em especial os com caimento leve.

Lacoste, verão 2025. Foto: Divulgação

O denominador comum entre tudo isso são as referências aos anos 1920. As interpretações, porém, passam longe de simples atualização dos arquivos. Cada peça é trabalhada de forma atual e relevante. Se na sua estreia, o foco foi no papel de competidor e lenda da modalidade por parte de René, agora o olhar é para fora das quadras. Ao mergulhar nos bastidores da história da marca e de seu fundador, Pelagia consegue homenagear o que e quem já veio antes e vislumbrar um futuro para além do crocodilo e do tênis.