Maria Watanabe: conheça a jovem estilista que desponta no metaverso

À frente da R54, ela criou os looks vistos na capa e no editorial da ELLE View deste mês.


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Ela tem só 21 anos, está terminando a faculdade de Moda na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo, admira Demna, Mügler e Schiaparelli. Mas, como boa representante da GenZ e boa pisciana, intuitiva, já se inseriu em um dos segmentos mais promissores e futuristas do mercado de moda: o metaverso.

À frente da R54, marca digital do Pavileon, que aparece na capa e no editorial da ELLE View deste mês, Maria Watanabe não é só criativa; é destemida, aberta para o novo – para se ter uma ideia, ela nunca tinha trabalhado com 3D, até março deste ano.

“O Maurício (Borges, cofundador do Pavileon) colocou um anúncio de trabalho na faculdade, fiz a entrevista e passei. Aprendi tudo aqui. O trabalho na Web 3.0 é muito colaborativo, valoriza a comunidade, a participação de todos. Se o programador não der as minhas limitações, vou fazer opções mirabolantes, que não funcionarão depois”, conta.

Entre o que funciona e o que ainda não é possível nesses admiráveis e ainda misteriosos ambientes digitais interativos, Maria, que ama um brilho, um toque de sonho, ressalta que precisa se segurar um pouco. “O metaverso aceita melhor tecidos planos, é complexo fazer muitas texturas, pelúcias, por exemplo.”

Mas ela tenta. E até já colocou plumas e paetês à disposição dos avatares fashionistas de plantão.

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Do lado positivo, destaca a ausência de um calendário fixo – e da pressão que ele traz –, e a possibilidade de criar para os mais diversos corpos e, quem sabe em breve, seres. “Amo unicórnios!”.

Tá, mas e como funciona?

O processo criativo segue mais ou menos as mesmas diretrizes vistas no mundo de carne e osso, esse aqui que a gente vive por enquanto. Maria busca inspiração em territórios além moda, como arquitetura, cinema e música – a última coleção da R54 tem como ponto de partida a psicodelia brasileira dos anos 1960. Ela faz os desenhos das roupas à mão, digitaliza o material e só depois parte para os softwares – para quem estiver curioso, a estilista usa o Clo. “Depois disso, ainda tem bastante ajuste. Estou refazendo nesse momento, por exemplo, um look da coleção de Halloween, que não funcionou no metaverso.”

E, ao mesmo tempo em que trabalha no Pavileon, com a cabeça na moda digital, prepara seu TCC, com roupas físicas em uma coleção que ressignifica as dores da sua vida. “É um estudo sobre morte, luto, suicídio, tabus”, adianta ela.

Vem daí, aliás, sua dica mais preciosa para os participantes do Young Revolution:

“Como o mercado tradicional de moda se pauta muito pelas tendências, pelos influenciadores, acho que esse desafio é uma ótima oportunidade para fazer o que você quiser, mostrar quem você é, a sua história.”

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Maria, vale ressaltar, vem escrevendo a dela e adicionando novos capítulos, em um livro felizmente sem final definido. “Minha vontade agora é unir os dois mundos, o físico e o digital, e criar uma coleção híbrida, que traga também peças que possam ser feitas artesanalmente e usadas por homens e mulheres.”

Aguardamos ansiosamente.

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