Monograma da Louis Vuitton completa 130 anos

Conheça a história do monograma da Louis Vuitton, de sua origem às interpretações de artistas famosos, e saiba quais são os lançamentos especiais planejados pela marca.


Monograma da Louis Vuitton
Monograma da Louis Vuitton. Foto: Cortesia Louis Vuitton



Em 2026, o monograma da Louis Vuitton completa 130 anos. Você provavelmente conhece o desenho: aquela combinação das letras L e V, estrategicamente entrelaçadas, junto a motivos florais e de estrelas. Quando foi concebido, a ideia era usá-lo como elemento de identidade e reconhecimento – os outros dois padrões patenteados pela marca (um listrado e outro quadriculado) estavam sendo copiados demais. Acontece que era 1896 e Georges Vuitton (filho de Louis, o fundador do negócio) não fazia ideia da proporção que sua criação iria tomar. Ao longo do tempo, ela virou um dos maiores e mais reconhecíveis símbolos de luxo e status, se tornando também elemento da cultura pop.

Foram tais conquistas, aliás, que moldaram comemorações anteriores. No centenário do monograma, em 1996, a maison convidou designers como Vivienne Westwood, Azzedine Alaïa e Manolo Blahnik para interpretá-lo. Em 2014, o projeto Celebrating Monogram foi além, ampliando o rol de criativos envolvidos. Frank Gehry esculpiu a bolsa Twisted Box, Rei Kawakubo desconstruiu radicalmente a tote, e Cindy Sherman, Karl Lagerfeld, Christian Louboutin e Marc Newson imaginaram formas até então impensáveis para os produtos e padrões da casa.

Bolsas da coleção Monograma Anniversary em comemoração aos 130 anos do monograma da Louis Vuitton.

Bolsas da coleção Monogram Anniversary. Foto: Cortesia Louis Vuitton

A partir de janeiro, Louis Vuitton apresenta uma série de lançamentos e vitrines especiais para celebrar esse ícone (um dos raros casos em que essa palavra realmente se aplica). A começar pelas suas bolsas mais famosas – Speedy e Keepall (ambas lançadas em 1930), Noé (de 1932), Alma (1992) e Neverfull (2007) – e pela coleção Monogram Anniversary, composta de três linhas inspiradas em características originais da etiqueta.

A Monogram Origine revisita as primeiras versões do monograma tecidas em jacquard, mas agora com uma mistura de linho e algodão, e em tons pastel. A VVN homenageia a tradição da grife em artigos de couro. Aqui o material é tratado em sua cor natural, quase cru, e finalizado manualmente. E a Time Trunk conecta passado e presente por meio de uma estampa trompe-l’oeil que reproduz as texturas e os detalhes metálicos dos antigos baús.

Bolsas da coleção Monograma Anniversary em comemoração aos 130 anos do monograma da Louis Vuitton.

Bolsas Alma da linha Monogram Origine, para da coleção Monograma Anniversary. Foto: Cortesia Louis Vuitton

A seguir, contamos mais sobre a história do monograma da Louis Vuitton:

Como tudo começou 

Começou com Louis Vuitton, em si. Depois de trabalhar como aprendiz de fabricante de baú e empacotador, ele percebeu que o mundo estava mudando e, por consequência, a maneira como as pessoas viajavam e carregavam seus pertences. Foi assim que, em 1854, ele lançou sua marca homônima que logo se destacou pelo formato geométrico de seus baús. Feitos de lona leve e impermeável, eles tinham uma tampa plana, diferente do formato arredondado que era comum na época. O novo design permitia que eles fossem empilhados com mais facilidade em trens e navios.

baus com diferentes monogramas da Louis Vuitton.

Baús Louis Vuitton. Foto: Cortesia Louis Vuitton

Os primeiros modelos de baú eram cinza e identificados discretamente com as iniciais LV em algumas alças de metal. Além do shape diferenciado, Louis Vuitton entendeu cedo que seus produtos precisavam de outros elementos de identificação para se diferenciar no mercado. Em 1872 ele lançou e patenteou um padrão listrado. Em 1888, veio o segundo, um quadriculado, chamado Damier.

A origem do monograma da Louis Vuitton 

O monograma com as iniciais da grife, com as flores e estrelas, foi criado quatro anos após a morte do fundador da casa. Em 1896, seu filho, Georges Vuitton, desenhou o padrão como uma homenagem ao pai e, principalmente, como elemento artístico e significante de autenticidade. O primeiro registro da patente desse design data de 11 de janeiro de 1897. De acordo com a versão mais recente do documento (ele foi renovado algumas vezes), o novo monograma é “capaz de ser impresso ou gravado em relevo em qualquer cor, sobre qualquer superfície – lona, couro, couro sintético ou papel”.

As inspirações do monograma da Louis Vuitton 

Não existem registros oficiais sobre as inspirações de Georges Vuitton na criação do monograma da Louis Vuitton. Contudo, o desenho reflete algumas expressões artísticas em alta na época de sua concepção. No final do século 19, Paris estava em um momento de efervescência cultural e artística. Era o início da Belle Époque e havia um grande interesse por motivos e formas naturais e orgânicas, bem como pelo estilo gótico (o termo neogótico surgia ali). As flores e estrelas do padrão criado pelo herdeiro de Louis têm referências claras aos quadrifólios, trifólios e rosetas da arquitetura gótica e neogótica.

Mala com monograma da Louis Vuitton.

Baú Louis Vuitton. Foto: Cortesia Louis Vuitton

Outra suposta influência foi o Japonismo, um movimento que repercutiu consideravelmente no meio artístico francês naquele período. Os mon, brasões familiares japoneses, apresentam formas geométricas e circulares não muito distintas das que vemos no monograma.

E tem ainda uma explicação mais afetiva e pessoal. A cozinha da casa da família Vuitton, em Asnières, era decorada com azulejos com pequenas flores de quatro pétalas.

Evolução técnica 

Monograma da Louis Vuitton.

Monograma Louis Vuitton. Foto: Cortesia Louis Vuitton

A versão original do monograma da Louis Vuitton, de 1896, utilizava teares jacquard para criar um padrão de linho em tons de amarelo terroso. Era uma opção mais leve e resistente que o couro e, portanto, mais adaptada às novas formas de viajar.

Por volta de 1902, uma técnica de estêncil, chamada pochoir, trouxe melhorias ao canvas. O processo utilizava pigmentos sobrepostos aplicados manualmente para dar mais precisão ao desenho e maior profundidade tonal. A base material também mudou, agora era de algodão com um acabamento de proteção em resina (com maior resistência à umidade e à luz). Nesse período, foram introduzidas três cores: vermelho, verde e azul.

Em 1959, a introdução do canvas maleável, composto de algodão e com revestimento de vinil, permitiu aplicar o monograma em produtos maleáveis, como as bolsas Speedy e Keepall, lançadas em 1930. Foi um passo decisivo na evolução da marca e de um dos seus símbolos mais famosos e duradouros.

Plataforma criativa 

Colaboração de Takashi Murakami com Louis Vuitton de 2025. O monograma da Louis Vuitton foi interpretado pelo artista.

Itens da colaboração de 2025 de Takashi Murakami com a Louis Vuitton. Foto: Cortesia Louis Vuitton

Ao longo de sua história, o monograma da Louis Vuitton serviu de suporte para a visão de diversos artistas contemporâneos. Entre eles, claro, estão os diretores criativos da marca: Marc Jacobs (de 1997 até 2013), Nicolas Ghesquière, Virgil Abloh (entre 2018 e 2021) e Pharrell Williams. Porém, foram colaborações com nomes importantes do mundo da arte que deram mais profundidade, relevância cultural e sucesso comercial. O primeiro, a convite de Marc Jacobs, foi Stephen Sprouse, em 2001, com intervenções grafitadas sobre o padrão. Em 2003, foi a vez de Takashi Murakami com suas versões coloridas (a collab ganhou nova versão em 2025). Teve também Richard Prince em 2008, Yayoi Kusama em 2012 e 2023, Jeff Koons em 2017, só para citar alguns.



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