No Mês da Mulher, Vista Magalu lança coleção em parceria com a marca Utopiar

Primeira linha colaborativa da etiqueta do Magazine Luiza conta com produção criada por vítimas de violência doméstica e oferece apoio e visibilidade à causa no Brasil.


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Renata Rizzi, Lu (do Magalu) e Nathalia Seibel Fotos: Nina Jacob



O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, é uma data para marcar as conquistas e lutas das mulheres por direitos sociais e fundamentais ao longo da história. Para celebrá-lo e lançar sua primeira coleção-cápsula colaborativa, o Vista Magalu, etiqueta de moda do Magazine Luiza, se uniu à Utopiar, marca de roupa feminina paulista dedicada à capacitação e acolhimento de vítimas de violência doméstica. Batizada “União Que Muda Vidas”, a linha foi criada com o propósito de promover a conscientização, a visibilidade e o apoio às vítimas deste tipo de violência no Brasil, país que ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio.

Composta de uma jaqueta jeans e três modelos de camisetas (todas de algodão sustentável), a coleção se inspira na essência da Utopiar. As peças artesanais criadas pelas mulheres acolhidas, ou “flores”, como são chamadas, apresentam técnicas manuais trabalhadas cuidadosamente nos detalhes. Bordados dão forma a mensagens inspiradoras sobre renascer, enquanto as estampas de Bem-me-quer reforçam o conceito da cápsula. Nas etiquetas, um informe sinaliza para o número 180, canal de denúncia para atos de violência contra a mulher.

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A união entre as duas marcas veio de forma orgânica, pautada por valores em comum e fruto do apoio da Magalu a pequenos empreendedores. Assim como a Utopiar, a varejista também é engajada no combate à violência doméstica, que vitima uma mulher a cada quatro minutos no Brasil. Em 2020, por exemplo, um fundo de 2,6 milhões de reais foi criado pela empresa para ajudar ONGs relacionadas ao tema. “Quando soubemos da história da Utopiar, tivemos uma conexão quase que imediata. Entendemos que nós poderíamos somar forças, além de oferecer visibilidade e recursos a um projeto tão importante”, afirma Silvia Machado, diretora executiva de moda e beleza do Magazine Luiza.

A cápsula Vista Magalu + Utopiar: União Que Muda Vidas terá as vendas revertidas à ONG Casa Marias, atual parceira da Utopiar, responsável por fazer a ponte entre as “flores” e a marca. O lançamento acontece hoje, 04.03, e estará disponível no Mundo Moda Magalu.

História que transforma vidas

A trajetória de Renata Rizzi, 34, idealizadora da Utopiar, ao lado de Natália Seibel, 30, se entrelaça com o tema da violência desde os seus 17 anos, quando foi vítima de um assalto em casa. “Fui feita refém e sofri várias formas de violência. Desenvolvi síndrome do pânico, depressão, terror noturno. Enquanto meus amigos estavam pensando em festa e vestibular, mal conseguia sair da cama”, relembra. Na faculdade de jornalismo, também sonhava em ser correspondente de guerra. No entanto, ao final do curso, a aproximação com o marketing e o terceiro setor deu lugar a um novo propósito em sua vida.

Em 2017, enquanto trabalhava no marketing de uma multinacional de joias, Renata se deparou com o Mapa da Violência 2015, pesquisa realizada pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) com apoio da ONU. Impactada pelas estatísticas, a empresária se uniu à associação Fala Mulher, de acolhimento a vítimas de violência doméstica, para capacitar mulheres que passaram por esse tipo de situação, além de oferecer apoio jurídico e psicológico.

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Na Utopiar, as mulheres acolhidas participam de oficinas semanais gratuitas e remuneradas que contribuem para o resgate da autoestima. São ensinadas técnicas de tingimento, como o shibori, block print e bordado. Ao final do curso, elas têm a oportunidade de integrar o time de produção da empresa, desenvolvendo todo o trabalho manual das peças. Por questões de segurança, cada colaboradora escolhe o nome de uma flor para se tornar seu codinome, que vai anexado à etiqueta, contando um pouco de sua história. Atualmente, 63 mulheres já passaram pelos cuidados da marca.

“A Utopiar foi um recomeço pra mim”, afirma Lírio, que já participa há um ano do projeto. “Pude voltar a sonhar, me reintegrar e trabalhar. Também comecei a enxergar a moda de outra maneira, algo que vai muito além de roupas e pode cumprir um papel social importantíssimo.”

Tulipa, outra beneficiária, dá o recado: “Se eu pudesse dizer algo às mulheres que ainda sofrem com a violência dentro de casa, seria não desista”, afirma. “Nós ainda não estamos livres de passar por essas situações, mas não devemos nos entregar e desistir de tudo. Há sempre uma maneira de recomeçar. Quando as oportunidades aparecem, precisamos fazer escolhas, então que sejam decisões pra gente avançar e nunca retroceder.”

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