Nome para ficar de olho: Elena Velez
Focando sua pesquisa nas diversas formas de explorar seu passado, estilista desfila na NYFW com roupas que desconstroem as representações de feminilidade e força.
Com apenas duas coleções, a marca da designer Elena Velez já é uma das mais comentadas – e elogiadas – da semana de moda de Nova York. A estilista de origem porto-riquenha faz parte de uma nova geração de estilistas dando nova cara a fashion week estadunidense ao substituir o glamour e polidez comercial, bem aos moldes europeus, por uma estética americana mais crua, autêntica e fresca.
Sua mais recente coleção é inspirada em um mix de diferentes tipos de personalidade e características próprias. No Instagram, Elena nomeia cada uma delas: Black Widow (viúva negra), Disgrace of Monaco (desgraça de Mônaco), Absinthe Fairy (fada de absinto) e Military Wife (esposa de militares). Todos os looks representam sua forma de ver cada representações femininas navegando por um mundo que não é pensado para elas. A ideia tem uma conexão bem íntima: sua mãe. Capitã-chefe de navios que trafegam pela região dos Grandes Lagos, nos EUA, ela precisou emular características masculinas para mostrar sua força e independência, no trabalho e fora dele, na criação solo da filha.
Na entrada 19, talvez a mais importante do inverno 2022, chama a atenção a transformação do corset, que historicamente apertava o corpo de mulheres, em um vestido soltinho, feito a partir de um paraquedas da Segunda Guerra Mundial. O que antes representava restrição, aparece revelando pele tanto do torso quanto do quadril. A assimetria também é essencial nesta equação, sempre com um toque de estranheza, em um jogo de vela e revela de áreas erógenas não comuns, como o meio da barriga, as costelas e os joelhos.
Nascida em Milwaukee, cidade próxima de Chicago, no estado de Wisconsin, Elena cresceu em docas e casas de máquinas ao lado da mãe. Esses detalhes, embora pareçam específicos demais para descrever este novo nome da moda estadunidense, são exatamente o que definem e caracterizam seu trabalho.
Formada pela Parsons School of Fashion, em Nova York, e pela Central Saint Martins, em Londres, a designer explora a dicotomia entre força e feminilidade, apresentando roupas inesperadamente cruas que homenageiam a região em que cresceu, parte do cinturão da ferrugem, área conhecida por concentrar indústrias metalúrgicas nos EUA. O metal aparece em sua moda tanto nas fivelas, que seguram alças de vestidos, quanto nos tecidos desgastados e amassados por conta das infinitas horas de trabalho braçal. “Há várias oportunidades diferentes e únicas de trazer Milwaukee à minha história e usar a cidade como um ponto de autenticidade do meu trabalho”, diz Velez em entrevista à W Magazine.
A mistura de seu não-glamour do centro-oeste estadunidense, da imagem da mãe e da vontade da estilista de criar uma roupa subversiva e única, cheia de referências à sua história, a torna um nome importante para ficar de olho daqui para frente.
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