Novo empreendedorismo: olhares femininos

Na segunda coluna sobre negócios de moda da plataforma SANTANDER ELLE CONSULTING, conversamos com três mulheres que vêm imprimindo visões inovadoras no mercado


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Nos últimos anos, o empreendedorismo feminino se consolidou como uma potente ferramenta de transformação no Brasil. Segundo dados do Sebrae, o número de empreendedoras no País já havia alcançado a marca de 24 milhões em 2018 – no mesmo ano, eram 28 milhões de homens. A proporção de negócios criados “por necessidade” ainda é maior entre as mulheres (44% contra 32% no universo masculino), sendo a moda um dos principais focos delas na hora de iniciar um negócio. No caso das MEIs (microempreendedoras individuais), a atividade número 1 é o comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios. A confecção de roupas surge em sétimo lugar neste ranking.

Para apoiar empreendedores e impulsionar novos talentos, o Santander – banco que abraçou a moda nacional – se uniu à ELLE em uma série de conteúdos focados em conhecimento, negócios, sustentabilidade e cases de sucesso. Na segunda coluna da plataforma SANTANDER ELLE CONSULTING, conversamos com três mulheres que se lançaram no mercado na última década e vêm imprimindo visões inovadoras. À frente de marcas que já nasceram com valores em sintonia com nossos tempos, elas têm muito a compartilhar com quem dá os primeiros passos no setor – ou com aqueles que buscam se reinventar neste momento de profundas mudanças.

Em 2017, Emily Ewell, uma americana radicada em Sorocaba, fez com que o público feminino repensasse seus hábitos ao fundar a Pantys, empresa de calcinhas absorventes. A ideia era conquistar uma mulher conectada e em busca de um estilo de vida mais sustentável, que não via mais sentido em recorrer aos tradicionais absorventes descartáveis a cada ciclo menstrual. Após o lançamento, o estoque previsto para durar três meses se esgotou em apenas três semanas. Engenheira química com ampla experiência em multinacionais da área de saúde, ela apostou todas as fichas em um diálogo direto com a consumidora via internet. “Esse é um modelo de negócio que está democratizando o mercado, porque você não precisa de um grande capital inicial. Em um ano, a empresa já conseguia se sustentar”, conta Emily, que levou dois anos para desenvolver o produto principal da marca.

Hoje a Pantys tem 35 funcionários (apenas dois são homens), dois endereços próprios em São Paulo e projeta um crescimento de 100% em um ano cheio de revezes. Desde o princípio, sua comunicação levanta a bandeira do empoderamento feminino e da autoaceitação, dando visibilidade à pluralidade de corpos que se vê nas ruas. “Por muitas décadas, as mulheres não se viram representadas na comunicação das empresas, e isso nos aproximou do público. Algumas consomem nosso conteúdo antes mesmo de experimentar o produto da Pantys”, diz. Para Emily, hoje com 35 anos, empreender foi uma maneira de gerar impacto positivo no mundo e na vida das pessoas. “Hoje converso com muitas mulheres que também desejam abrir seus negócios. Esse apoio mútuo é muito importante.”

O apoio mútuo – entre funcionários, colaboradores, parceiros – é também um dos pilares da marca de Angela Brito, hoje uma das vozes mais potentes da moda nacional. Há seis anos, ela decidiu empreender por não se ver contemplada no mercado. “Como uma mulher negra e apaixonada por moda, sabia que o melhor caminho seria abrir minha própria empresa. Queria que ela nascesse com valores como diversidade e inclusão, além de uma gestão horizontal”, lembra Angela, cabo-verdiana que se instalou no Rio há 26 anos, para cursar engenharia. A gestação da marca levou dois anos e meio, logo após o nascimento da filha. “Foi o tempo que tirei para me planejar, entender o que seria minha roupa.”

A transparência é outra base forte do negócio. “Prezo por pagar um valor justo. Eu preciso viver, mas todos os parceiros também. Hoje minha marca caminha pelo esforço de todos e de um jeito que beneficie a todos os envolvidos. A gente não existe sem o outro. Também busco sempre saber a procedência dos fornecedores: se a empresa é ética e quais são seus valores”, diz Angela. Suas coleções, que carregam a delicadeza e a minúcia da roupa feita sem pressa, são planejadas para não gerar desperdício. “A gente trabalha com um estoque muito pequeno, e a produção segue o ritmo da demanda das peças.”

Aos 25 anos, Rafaella Caniello – talento oriundo da Geração Z – tem a cliente como regente de sua marca, a Neriage. “É muito importante essa troca com o público, fazer uma roupa para que as pessoas se sintam bem. Acredito nesse processo de construção feito pelos dois lados”, conta ela, que começou a empresa de forma muito intuitiva, logo após se formar na Faculdade Santa Marcelina, no fim de 2016. Sua ideia sempre foi contar histórias por meio das roupas e valorizar as pessoas que participam de todo o processo de produção. “A marca nasceu de um propósito, não de um business plan. Mas, aos poucos, fui unindo essa duas pontas.” Rafaella faz parte de uma geração que busca estabelecer relações saudáveis e colaborativas com seus concorrentes. “É preciso força para empreender, e o melhor é criar uma rede de apoio com pessoas que passam pelas mesmas situações que você. Um mercado fortalecido é bom para todo mundo.”

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