Os 75 anos do biquíni
Relembre a trajetória da peça que foi criada na França, em 1946, pelo designer Louis Réard.
Palmas para ele! Nesta segunda-feira (5.7), o biquíni completa 75 anos. Criado pelo designer francês Louis Réard, em 1946, o biquíni foi uma novidade bombástica não só no mercado de beachwear – ele marcou também uma revolução nos costumes. E do alto das suas sete décadas e meia de existência mantém viva sua veia transgressora. Este ano, uma linha de biquínis masculinos foi a vencedora da categoria Extravagante e Provocante, do prêmio JANARA Swinwear Award, organizado pela BikiniARTMuseum Foundation, na Alemanha. E é coisa nossa: trata-se da marca homônima de Fernando Cozendey, do Rio de Janeiro.
Da estreia na Piscine Molitor, em Paris, ao duas peças que desafia fronteiras de gênero, confira a história e as curiosidades sobre o biquíni.
- O biquíni recebeu esse nome em homenagem ao Atol de Bikini, nas Ilhas Marshall, que fica no Oceano Pacífico. Em 1946, ano em que a peça foi lançada, o local era palco de testes das bombas nucleares dos Estados Unidos, e estava frequentemente nas manchetes de jornais. Louis Réard aproveitou que todo o mundo estava falando a palavra para usá-la como nome de sua criação — assim, além de aproveitar sua popularidade, não seria necessária tradução, apenas adaptações na escrita.
- Durante muitos anos, o biquíni foi considerado “imoral” e chegou a ser banido da Espanha e da Itália durante um período. Até mesmo modelos se recusaram a posar com a peça. Para sua estreia, em 5 de julho de 1946, durante evento na Piscine Molitor, uma piscina popular em Paris, Louis Réard contratou a stripper Micheline Bernardini para vestir o modelo.
Micheline Bernardini, stripper do Casino de Paris, apresentou o primeiro “biquíni”, criado de Louis Réard há 75 anos, em evento na piscina Molitor, em Paris.Divulgação/ Bikini Art Museum
- Brigitte Bardot, que era cliente de Louis Réard, foi uma das primeiras famosas a usar os controversos biquínis durante suas férias em Cannes em meados da década de 1950. Outras estrelas de Hollywood aderiram à peça, como Marilyn Monroe. Ainda assim, a crítica de moda ainda não via a criação com bons olhos: “É desnecessário desperdiçar palavras para comentar sobre o tão falado biquíni, já que é inconcebível que qualquer mulher com tato e decência usaria tal coisa”, escreveu a revista Modern Girl em uma edição de 1957.
Brigitte Bardot usando um biquíni no filme “The Girl in Bikini”, de 1958.Getty Images
- A visão sobre o biquíni começou a mudar em 1960, quando a cultura pop adotou a peça, imortalizada pela música “Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polkadot Bikini” da cantora Brian Hyland, que no Brasil virou hit na versão “Biquíni de bolinha amarelinha”, na voz de Celly Campelo. No cinema, o biquíni ganhou destaque no filme 007 Contra o Satânico Dr. No, quando a Bond Girl Honey Ryder, interpretada por Ursula Andress, sai do mar usando um modelo branco.
Ursula Andress como Honey Ryder no filme “007 Contra o Satânico Dr. No”.Getty Images
- A partir de então, o biquíni se tornou não apenas um símbolo de sensualidade, mas também um instrumento de empoderamento feminino, como as minissaias. A adoção das peças caminhou junto à luta pelo uso dos anticoncepcionais e direitos iguais entre homens e mulheres.
- Na cidade de Bad Rappenau, na Alemanha, o BikiniARTMuseum abriga o maior acervo de peças de Louis Réard, incluindo o “Réard dourado”, conhecido como o biquíni mais valioso do mundo. Para o ano que vem, a museu prepara o lançamento da biografia do inventor do biquíni, escrito pela expert no assunto Ghislaine Rayer. O museu organiza anualmente o JANARA Swimwear Award, um prêmio voltado aos destaques da indústria de swimwear. Além de premiar o biquíni masculino do brasileiro Fernando Cozendey, na categoria Extravagante e Provocante, como adiantamos no início da reportagem, o evento também premiou a marca carioca Blueman, na categoria Colorido e Alegre.
.Biquíni maculino da marca Fernando Cozendey.Foto: Marcia Otto
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