Raf Simons simplifica medidas em leitura dos 1980
Estilista belga apresenta verão 2023 durante a feira de arte contemporânea Frieze, após adiar desfile na semana de moda de Londres por conta da morte da rainha Elizabeth II.
Raf Simons é um aficionado por música eletrônica e quem acompanha seu trabalho deve saber. Em uma espécie de semana de moda de Londres 2.0, que já teve desfiles de Roksanda e da Alexander McQueen, de Sarah Burton, o estilista escolheu o Printworks, um galpão pós-industrial que foi ressignificado como locação para raves, no sudoeste de Londres, para apresentar sua coleção na quinta-feira (13).
O atraso nas apresentações se deve à morte da rainha Elizabeth II, em setembro. O momento escolhido, porém, mostrou-se propício e tem a cara de Raf, já que, em paralelo, ocorre a feira de arte contemporânea Frieze.
É natural também que o espaço tenha sido ocupado por cerca de mil convidados, entre DJs, artistas, estudantes e imprensa, que estavam de pé, bebendo e socializando antes do desfile começar. Era uma festa, a ambientação não deixava dúvidas, e o balcão onde os drinks eram servidos foi transformado em passarela minutos depois.
Modelo desfila look de verão 2023 do estilista Raf Simons, em Londres.Divulgação/Raf Simons
Nesse momento distópico pós-pandemia, parece que após tanta dor e sofrimento, as pessoas estão prontas para sair de casa, curtir e dançar sem pensar muito sobre o que vão vestir. Essa é uma coleção leve e limpa que, apesar da inspiração ser nos clubbers dos anos 1980, não há muitos códigos temporais datados. Os elementos oitentistas aparecem em leggings coloridas, tingidas com tons primários vibrantes, e regatas arrastão. Seu estudo sobre a roupa de trabalho também aparece em macacões industriais curtinhos e algumas versões em tricô, além dos coletes oversized.
Há também uma colaboração com o pintor belga Philippe Van Den Berg em frases como “Let’s drink the sea and dance” (“Vamos beber o mar e dançar”) e “Kill them all and dance” (“Mate todos eles e dance”). Simons explicou no backstage que esta última, por exemplo, não é sobre matar pessoas, mas sim sobre matar tudo o que você tem feito criativamente para seguir em frente e explorar mais. É sobre deixar para trás o passado e o presente para construir o futuro.
A coleção de verão 2023 do estilista Raf Simons, desfilada em Londres, exibe escritos nas roupas.Divulgação/Raf Simons
Assim como na parceria que mantém com a Prada, suas criações ganharam uma boa injeção de sobriedade, ainda que com pequenos toques vibrantes, e foco nas construções, mais simples e menos exageradas, sem muitas estampas ou adereços. “Eu queria fazer algo despojado, reduzido, não muito estilizado ou complicado”, explica.
A meta é se vestir de forma a não atrapalhar a criatividade. No fim do show, Simons pulou da passarela para falar com quem estava por lá –parece que a vontade de dançar dominou não só a sua coleção, mas seu humor como um todo, e ele decidiu beber o mar e dançar.
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