SPFW N58: Renata Buzzo

Em desfile-performance, Renata Buzzo discute feminicídio em coleção visceral – literalmente.


Renata Buzzo
Renata Buzzo Foto: Marcelo Soubhia @agfotosite



A especialidade de Renata Buzzo é a manipulação de superfícies, a criação de texturas, franzidos, drapeados e plissados no tecido. Foram as técnicas de maquete têxtil que tornaram a sua linha de noivas um sucesso. Na passarela, como visto na manhã desta sexta-feira (18.10), ela prefere mostrar sua moda de forma um tanto mais performática.

O desfile começa novamente com um curta-metragem dirigido pela própria estilista, com imagens da autópsia de uma mulher. Nas roupas, as vísceras são construídas de um matelassê estofado à mão, o útero é encapsulado entre camadas de tecidos transparentes, franjas imitam sangue e tules são cortados para imitar a pele dilacerada. Os órgãos aparecem disformes, como o rim marrom escuro no vestido midi romântico ou o coração exagerado preso à esquerda do peito de peças de renda.

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Renata Buzzo Foto: Marcelo Soubhia @agfotosite

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Renata Buzzo Foto: Marcelo Soubhia @agfotosite

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Renata Buzzo Foto: Marcelo Soubhia @agfotosite

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Renata Buzzo Foto: Marcelo Soubhia @agfotosite

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Renata Buzzo Foto: Marcelo Soubhia @agfotosite

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Renata Buzzo Foto: Marcelo Soubhia @agfotosite

A paleta de cores é esmaecida, em tons doces de rosa, pêssego e bege, e o contraste fica para o vermelho-sangue. “Essas cores representam as vezes que a mulher tem que se encaixar e performar gentileza”, explica Renata. A estilista fala das diversas mortes que uma mulher experiencia durante a vida – metaforicamente ou não. A atriz Letícia Colin, a palhaça King Kong Fran e a influenciadora GKay integram o casting de modelos. 

O tema é complexo e o resultado poderia ser desastroso. Não é o caso. A estilista conseguiu deixar o pulmão aplicado em uma camisolinha de seda desejável, enquanto eviscera seus sentimentos por meio de tules, franzidos e texturas interessantes. A manualidade impressiona e, apesar do realismo, encanta. Renata gosta de escrever, por isso, nos últimos desfiles, declamou poemas de própria autoria enquanto o desfile rolava. O tema é óbvio, não precisaria de muita explicação – e, aqui, as roupas falariam melhor por si só.

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