A beleza oculta aos olhos da Aluf

Buscando encontrar os pontos de respiro do cotidiano, a marca, fundada por Ana Luísa Fernandes, se apresentou no primeiro dia do São Paulo Fashion Week.


lRAGajAO origin 297 scaled



“Onde está a beleza do cotidiano?”. Era isso que Ana Luísa Fernandes, fundadora e diretora criativa da Aluf, se questionava ainda no início de 2020. Embora esse seja um tema já investigado, o ponto de partida de sua pergunta não era dos mais óbvios: “Tudo começou com uma foto tirada por mim de um chiclete verde no chão”, revelou a paraense em conversa com a ELLE. “Quando essa se tornou a primeira imagem do moodboard, entendi que a coleção estava me levando a olhar para os pequenos detalhes do dia a dia e a documentar isso”, completou.

Em meio a esse processo, no entanto, uma pandemia se instalou e a possibilidade de buscar frestas de beleza se tornou, no mínimo, limitada. Se antes o seu moodboard estava sendo preenchido por registros da rua, agora, passava a ser ocupado apenas por fotos feitas entre as quatro paredes de sua casa 一 o que pode exigir uma dose de sensibilidade um tanto acima da média.

“Estamos falando sobre aquele sol que apenas a gente sabe o lugar exato em que ele bate na nossa janela”, conta Ana Luísa. A partir de agora, porém, ela já não será mais a única a saber. Abrindo a porta de sua casa, a estilista transformou o tecido de seu sofá em estrutura para as peças, a madeira de seu mobiliário em brincos, o tassel de sua rede em um detalhe para as roupas e até o tal chiclete verde, lá do início, foi traduzido na cartela de cores.

Apesar de ter sido apresentada hoje (23.06), durante o primeiro dia da São Paulo Fashion Week, a coleção já vinha sendo instigada por meio das mídias sociais desde fevereiro. “Estamos trabalhando com a coleção vigente por entender que este momento do evento vem para potencializar a comunicação de algo que já está aí”, explica. Para o filme, a estilista decidiu propor respostas para o questionamento que deu início ao seu processo criativo nesta temporada, mas não através de sua própria perspectiva.

A marca convidou os seus seguidores e clientes a escreverem onde estaria a beleza de seus cotidianos e o resultado se transformou em uma carta coletiva. É ela a responsável por guiar o vídeo em um tom íntimo, entre memórias, sensações e entendimentos. Isso está muito conectado ao lugar interior e quase psicológico já tão trabalhado pela Aluf, em que o tato humano é parte essencial do processo. “Tento entender o que outras pessoas estão falando, olhar para outros lados, ouvir pontos de vista diferentes do meu… É essa tentativa de sensibilidade e percepção de mundo que tem me inspirado”, finaliza Ana Luísa.

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes