SO/ Paris: o hotel cinco estrelas que conecta moda, arte, design e história
Às margens do rio Sena, o hotel SO/ Paris promove conexões entre o passado e o presente, interior e exterior com ajuda da arquitetura, da moda, da arte e do design.
São poucos os prédios com mais de 37 metros de altura em Paris. Esse limite equivale a um edifício de cerca de 10 ou 12 andares. Desde 1977, a Câmara Municipal proíbe construções acima dessa altura. Alguns prédios são anteriores à promulgação da lei; outros datam do período em que a regra esteve suspensa, entre 2008 e 2024. O caso mais infame, além da Torre Eiffel (330 metros), talvez seja o da Torre Montparnasse (210 metros), inaugurada quatro anos antes da criação da norma. Hoje, o edifício de escritórios é considerado por muitos parisienses a construção mais feia da cidade.
Polêmicas à parte, essas raridades se destacam na paisagem pelo tamanho e/ou pela aparência. Podem ser vistas de longe – quase sempre por destoarem do seu entorno, o que nem sempre é uma qualidade positiva segundo os locais. Com 16 andares e 50 metros de altura, o edifício modernista, que abrigou por quase 50 anos órgãos de administração e planejamento urbanístico da capital francesa. Não é bem o caso. O endereço do cinco estrelas SO/ Paris, que recebeu a equipe desta ELLE durante o início da mais recente semana de moda de Paris, faz questão de integrar exterior e interior, passado e presente, por meio do design, arte e moda.
O bar e restaurante Bonnie, no hotel SO/ Paris. Foto: Divulgação
Leia mais: As principais tendências de moda do verão 2025
Às margens do rio Sena, o prédio foi renovado em 2016 pelo arquiteto britânico e vencedor do prêmio Pritzker David Chipperfield (responsável pelo projeto do famoso museu Jumex, na Cidade do México). Empreendimento do grupo Ennismore, ele conta com 162 quartos e suítes, um spa da Maison Codage, academia, piscina, além de um bar e restaurante, o Bonnie, cuja fachada de espelhos é assinada pelo artista Olafur Eliasson.
A ideia do projeto artístico, realizado em parceria com o arquiteto Sebastian Behmann e o Studio Other Spaces, é refletir o entorno do edifício numa experiência imersiva e contemplativa. Em outras palavras, é aproveitar a excepcionalidade arquitetônica – e a vista privilegiada – para promover conexões culturais e criativas a partir da história da capital e de seus cartões-postais.
Lobby do hotel SO/ Paris. Foto: Divulgação
Do lado de dentro, o ponto de partida para a decoração segue a mesma linha de raciocínio. “A arquitetura do hotel foi inspirada pelo rio Sena, suas ondulações e as origens de Paris”, diz Denis Montel, da agência RDAI, encarregada de preencher os interiores do estabelecimento e conhecida por colaborações internacionais com a Hermès e projetos residenciais de alto padrão.
As colunas em forma de tulipa do lobby, por exemplo, são uma interpretação dos registros de uma Paris quase submersa durante a grande inundação de 1910. “Nos mínimos detalhes, a história parisiense encontra caminho no espaço: do chão de mármore com um tradicional mosaico em forma de cauda de pavão às paredes de espelhos âmbar que revisitam a geometria das fachadas haussmannianas”, continua Denis.
Interior de suíte do hotel SO/ Paris. Foto: Divulgação
Interior de suíte do hotel SO/ Paris. Foto: Divulgação
Nos quartos, a atmosfera é igualmente calorosa e historicamente referenciada. A cartela de cores vem dos tons dos tijolos e telhas característicos da cidade, do piso e paredes aos sofás feitos sob medida às poltronas Fritz Hansen até mesas e cabeceiras. As luminárias circulares e as almofadas no mesmo formato são inspiradas nas obras da artista Sonia Delaunay e se conectam à presença da água, onipresente em todo o décor.
Desde sua fundação, o grupo Ennismore criou vínculos fortes com a moda. Cada endereço do SO/ tem sua própria parceria e colaborações com designers locais – do uniforme dos funcionários aos serviços oferecidos aos hóspedes, passando por instalações e pop-ups.
Instalação da marca Paolina Russo, no SO/ Paris. Foto: Divulgação
Conjunto de pijama da collab entre o hotel SO/ Paris e a marca Tom Àdam. Foto: Divulgação
Em setembro, durante nossa estadia, parte do lobby estava ocupado pela marca Paolina Russo. Até o dia 8 de novembro, o espaço estará transformado em um beco futurista e folclórico, com pedras talhadas, balões de arco-íris e peças da coleção de inverno 2024, dispostas ali com exclusividade.
Outras collabs de sucesso são com a loja de departamentos Samaritaine, que decorou três suítes e oferece aos hóspedes uma consultoria de compras personalizada, e com a etiqueta de loungewear Tom Àdam, responsável pela criação de um conjunto de pijama e máscara de dormir no mesmo tom de ferrugem da decoração.
O estilista Guillaume Henry (no centro) e funcionários do hotel SO/ Paris com os uniformes criados pelo designer. Foto: Divulgação
Leia mais: Cadernos de uma parisiense: 10 lugares para se sentir da cidade!
Na flagship francesa, ficou a cargo do estilista Guillaume Henry, atual diretor criativo da Patou, o desenvolvimento dos uniformes da equipe. “As roupas irradiam frescor e encapsulam um espírito marinheiro com suéteres listrados e casacos”, afirma Guillaume.
A inspiração náutica não é à toa. Localizado entre os bairros do Marais e Bastille, na antiga île Louviers, o hotel ocupa uma região conhecida por concentrar depósitos de madeira para o comércio fluvial. Referência essa também levada às suítes – ou, mais especificamente aos banheiros: todos adornados com madeira vazada e com chuveiros ou banheiras com vista direta para Paris.
Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes