10 curiosidades sobre o Carnaval de salão

No esquenta para a MatinELLE, a folia que a ELLE está preparando, relembramos fatos curiosos sobre antigos carnavais.


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Arte: Gustavo Balducci / Fotos: Getty Images



“Numa volta no salão, ela me olhou/ Eu envolvi seu corpo em serpentina/ E tive a alegria que tem todo pierrô/ Ao ver que descobriu sua colombina…”  Os versos da marchinha “Vila Esperança”, lançada por Adoniran Barbosa em 1968, transformaram em canção o charme e a euforia que transbordavam nos festejos de salão que encantavam os antigos carnavais. Bastava a banda começar a tocar as marchinhas e sambas que a pista se enchia de apaixonados foliões dando voltas e voltas, regados por muitos confetes, serpentinas e animação.

Este ano, a ELLE Brasil vai mergulhar numa nostalgia gostosa e reviver esse clima alegre na primeira MatinELLE, a nossa matinê de Carnaval de salão. A festa para convidados está marcada para 16 de fevereiro. Enquanto esse dia não chega, a gente relembra aqui como era a folia nas décadas passadas.

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Os primeiros carnavais de salão surgiram ainda na primeira metade do século 19, como um contraponto seguro e tranquilo ao entrudo – festa popular de rua em que os participantes se esbaldavam atirando limões de cheiro (bola de cera ou bexigas de animais recheadas com uma mistura de água, farinha, perfumes e, muitas vezes, outros líquidos menos inocentes, como urina) uns nos outros e nas pessoas que passavam na rua.

“Os bailes foram a forma utilizada pela elite para tentar acabar com o entrudo. Buscava-se ‘civilizar’ o carnaval e moldá-lo aos padrões burgueses da época”, explica o pesquisador Felipe Ferreira, autor da obra O livro de ouro do carnaval brasileiro. De fato, no começo, a festa em ambientes fechados era bem mais comportada, inspirada nos costumes da França e com um repertório composto de polcas, valsas, modinhas e maxixes.

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Baile do Copa, em 1966. Foto: AFP via Getty Images

Posteriormente, já no começo do século 20, surgiram novidades incorporadas pelas orquestras para animar os dançantes, como o charleston e o foxtrote. Mas os salões só começaram a pegar fogo mesmo com o advento das famosas marchinhas, como “Mamãe eu Quero” (1937), “Allah-la-ô” (1941) e “Máscara Negra” (1967). 

A seguir, confira dez curiosidades sobre o Carnaval de salão:

1. Os primeiros bailes de Carnaval de salão de que se têm notícia ocorreram em fevereiro de 1835, no Hotel D´Italia e no Café Neuville, ambos no Rio de Janeiro. Eram bailes de máscaras inspirados no carnaval de Veneza.

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2. No evento do Hotel D´Itália, os ingressos custavam 2 mil réis para o casal. Pelo que se vê nos anúncios nos jornais da época, a festa era elegante e parecia mais um encontro de Natal do que uma festa pagã, com direito a ceia à meia-noite, refrescos e gelo – grande atrativo para o calor da cidade em uma época que não existiam geladeiras modernas. As máscaras só poderiam ser colocadas no salão, já que seu uso era proibido nas ruas por ordem da polícia, por causa dos distúrbios provocados pelo entrudo.

3. O Baile de Gala do Theatro Municipal do Rio de Janeiro ficou conhecido durante décadas como o mais exclusivo do país. Nada de bermudas ou chinelos. Criado em 1932, homens trajavam smokings e as mulheres vestidos longos para participarem da festa.

4. Em 1937, o museólogo e carnavalesco carioca Clóvis Bornay convenceu a diretoria do Municipal a promover um concurso anual de fantasias inspirado nos eventos semelhantes que existiam em Veneza. O resultado do júri pela escolha da melhor fantasia, geralmente vencida pelo próprio Bornay, era ansiosamente aguardado pela população, que acompanhava os eventos pela imprensa.

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Eulália Figueiredo e Clóvis Bornay na capa da revista Manchete, em 1963. Foto: Reprodução revista Manchete

5. A festa no Copacabana Palace, conhecida como Baile do Copa, é outra tradição do Carnaval carioca. Criado em 1924 e realizado até hoje, o evento sempre atraiu celebridades do mundo todo, como o diretor de cinema estadunidense Orson Welles e a atriz francesa Brigitte Bardot.

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6. Em São Paulo, na década de 60, existia um concorrido evento de Carnaval realizado em um lugar inusitado: o Aeroporto de Congonhas. Havia um salão mantido pelo Clube Arakan, instalado no segundo piso do aeroporto, que promovia animadas folias, que reuniam centenas de pessoas.

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Foliões no Carnaval de salão carioca em 1953. Foto: Getty Images

7. Esguichos de lança-perfume levavam as pessoas ao delírio no salão enquanto a banda tocava marchinhas frenéticas. O sucesso do solvente à base de éter e clorofórmio era tão grande que o cheiro do produto pairava no ar sobre a pista durante toda a madrugada. Milhões de frascos eram produzidos anualmente pela farmacêutica Rhodia, principal fabricante do produto.

8. Uma das diversões prediletas dos rapazes e moças era espirrar o lança-perfume nas costas dos outros enquanto dançavam, para sentir o arrepio provocado pelo líquido geladinho. O lança-perfume fez a alegria dos carnavalescos até ser proibido pelo ex-presidente Jânio Quadros, em 1961.

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A proibição do lança-perfume foi manchete do Diário Carioca, em agosto de 1961. Foto: Reprodução Diário Carioca

9. Passando para os anos 1980 e 90, os bailes de Carnaval do Clube Scala, no Rio de Janeiro, ficaram famosos ao serem transmitidos ao vivo pela televisão. Os eventos também atraíam personalidades. Passaram pelas pistas do Scala artistas como Cláudia Raia, Miguel Falabella e Solange Couto. Nas noites de terça-feira de Carnaval, havia o tradicional Gala Gay.

10. Blocos carnavalescos que nasceram em bares e começaram a desfilar a céu aberto decidiram voltar às origens. Desde 2016, a tradicional Banda Gueri-Gueri, em São Paulo, deixou de sair pelas ruas dos Jardins e agora promove bailes em locais fechados. É o resgate, nas palavras da própria banda, do “emblemático carnaval de salão”.

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