Desafios Brasileiros

Na quarta coluna sobre negócios de moda da plataforma SANTANDER ELLE CONSULTING, conversamos com Celina Hissa, da marca cearense Catarina Mina, sobre empreender com foco no trabalho artesanal e as dificuldades que encontrou


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“Minha vontade sempre foi permanecer no Ceará, fortalecer o artesanato que a gente tem aqui”, diz Celina Hissa, fundadora da marca de acessórios Catarina Mina, que começou a ser concebida há 15 anos em Fortaleza. Desde o princípio, ela acreditava em uma moda com mais perguntas que respostas prontas, que valorizasse a arte manual e as pessoas dedicadas a esse trabalho. Hoje, mais que uma empresa, a Catarina Mina é uma plataforma que conecta 300 artesãs de municípios como Aracati, Itaitinga, Trairi e Sobral – mulheres que mantêm vivas no estado técnicas como o crochê, o labirinto e a renda de bilro. Em 2015, para fortalecer ainda mais essa rede e estabelecer um diálogo sincero com o mercado, a designer abriu os custos envolvidos na produção das peças, uma iniciativa pioneira na área.

Conversamos com Celina sobre os desafios de impulsionar o artesanato brasileiro na moda e estabelecer uma marca fora do eixo Rio-São Paulo-Minas, nesta quarta coluna sobre negócios da plataforma SANTANDER ELLE CONSULTING. No ano passado, o banco se uniu à revista para apoiar o empreendedorismo e novos talentos do segmento, em uma série de conteúdos especiais em sintonia com as questões atuais da área. São histórias inovadoras (e inspiradoras) em um mercado que passa por profundas transformações.

“Para o pequeno empreendedor, em geral, tudo já é muito difícil. Aqui, ainda há a distância dos grandes fornecedores que ficam em São Paulo, onde estão também seus mostruários de materiais. A gente tem que se planejar muito bem, desenvolver uma logística própria para que tudo dê certo. Os pedidos do nosso e-commerce a partir de Fortaleza têm custos e prazos muito maiores. Por isso, fazemos agora uma operação de distribuição via São Paulo”, diz Celina.

Ao impulsionar toda uma rede feminina no Ceará, ela também criou conexões entre as artesãs e outras marcas. Passou a conhecer questões fundamentais ao fortalecimento dos grupos. “Quando começamos a entrar nos ecossistemas, mergulhamos em assuntos mais profundos das comunidades e percebemos desafios como o transporte entre as localidades e a bancarização. Há casos em que precisamos enviar o dinheiro, porque a artesã não tem conta corrente. O banco muitas vezes fica em outra cidade, o deslocamento é difícil. Percebemos isso no dia a dia dos interiores e também nas relações entre as próprias artesãs, em suas associações”, explica.

Tecnologia e bancarização

Se você tem uma conta, seja ela tradicional ou digital, e a movimentou nos últimos seis meses, faz parte dos brasileiros “bancarizados”. A bancarização tende a acompanhar o desenvolvimento dos países: de acordo com o último estudo do Banco Mundial sobre o assunto, publicado em 2017, nas economias onde há alta renda, 94% dos adultos têm ao menos uma conta; nos países em desenvolvimento, esta parcela é de 63%. Pesquisa da Febraban divulgada no fim do ano passado estimou que no Brasil a bancarização estivesse na casa dos 84%, sendo acelerada pela pandemia.

A inclusão financeira oferece uma forma segura de se guardar e administrar dinheiro, receber remunerações e fazer pagamentos, além de dar a possibilidade de acesso a serviços como crédito e investimentos. Nos últimos anos, a tecnologia se tornou uma grande aliada da bancarização, em especial nos municípios distantes dos grandes centros urbanos, em que não há agências físicas. O surgimento de novos canais evita deslocamentos no Brasil profundo em tempos de pandemia, possibilitando que se resolva questões financeiras à distância.

No caso do Santander, há a possibilidade de se abrir uma conta no Direct, banco remoto que nasceu em 2016. Essa agência virtual tem gerentes e especialistas para atender clientes de todo o País, inclusive microempreendedores. Morador de Goiana (PE), município a 62 km de Recife e a 51 km de João Pessoa, Alexsandro Corrêa é cliente do Direct há três anos. Dono da multimarcas de roupas MH, ele hoje resolve boa parte da vida financeira via WhatsApp. “Como muitas vezes não posso atender ao telefone por causa do trabalho, essa foi uma ótima solução.”

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