Isamaya Ffrench leva sua beleza sem regras à Burberry Beauty
A incensada maquiadora britânica é a nova diretora global da Burberry Beauty. Em entrevista à ELLE Brasil, ela conta como vai levar a sua visão disruptiva de beleza para a linha de beauté da tradicional etiqueta inglesa.
Aos 29 anos, Isamaya Ffrench foi chamada pelo jornal britânico The Guardian de “a maquiadora mais importante em atividade no Reino Unido”. Desde o começo, sua carreira no mercado de beleza tem fugido a qualquer norma. Curiosamente, a inglesa nunca imaginou que esse seria o campo em que realmente fosse brilhar. “O que eu queria, na verdade, era entrar no mundo das artes pelo viés da performance. Mas, aos 18, me mudei de Cambridge para Londres para me especializar em design 3D no Chelsea College of Arts”, diz em entrevista exclusiva à ELLE Brasil. “No entanto, acabou que eu fui parar na Central Saint Martins, estudando design industrial.” Em paralelo, Isamaya pintava borboletas no rosto de crianças em festinhas de aniversário para tirar uma grana extra. De repente, percebeu que levava jeito para a coisa. “Foi então que me juntei a uma companhia de teatro onde, de fato, trabalhei como maquiadora, ajudando a montar os espetáculos.”
Abram os caminhos
Foi essa abordagem disruptiva que chamou atenção do circuito editorial britânico. Não demorou para que ela se tornasse editora da revista i-D e, mais recentemente, participasse do desenvolvimento e da direção criativa da Dazed Beauty, o veículo de beleza da Dazed & Confused. Depois, marcas como Saint Laurent, Christian Louboutin, Olivier Theyskens e Tom Ford investiram no seu talento para projetos em parceria com ela. E, agora, Isamaya encara um novo desafio, o de diretora global da Burberry Beauty.
“Maquiagem, em certa medida, é uma forma de nos transformarmos, e eu amo brincar com essa ideia”
“O transhumanismo é a crença ou a teoria de que a raça humana pode evoluir para além de suas atuais limitações mentais e físicas, especialmente com a ajuda da ciência e da tecnologia. Maquiagem, em certa medida, é uma forma de nos transformarmos, e eu amo brincar com essa ideia”, disse quando questionada a respeito dos conceitos que norteiam seu trabalho.
A pergunta que fica, no entanto, é como ideias tão vanguardistas serão aplicadas nesta que é uma das mais antigas casas de moda da Europa. A Burberry tem mais de 160 anos de história e seu DNA de marca está carregado da tradição britânica. Austeridade, discrição e elegância são alguns de seus códigos máximos. Como isso pode casar com as ousadias de Isamaya?
O perfume Burberry Her, com notas de frutas vermelhas, é o preferido da maquiadora.Divulgação
A beleza do contraste
As mesmas questões foram jogadas sobre Riccardo Tisci quando o italiano ex-Givenchy foi contratado como diretor criativo da linha de roupas da etiqueta. Mas, segundo a própria maquiadora, não há motivos para susto. Ela garante: existe, sim, uma maneira de ligar esses aparentes opostos. “A Burberry é muito clássica. A marca precisa entregar produtos atemporais que resistam à passagem do tempo e tenham alta-performance. Em paralelo, o mundo da beleza muda constantemente. Por isso, nossos ideais e demandas também. A Burberry, então, será pioneira nesse sentido. Estamos abertos às transformações que vêm das redes sociais e essa ideia de que somos, em parte, nossas projeções digitais, se encaixa perfeitamente com a marca.”
Aliás, é exatamente essa abertura para o novo que ela acredita ser fundamental para qualquer maquiador ou maquiadora fazer seu nome no mercado. Principalmente quando se fala de quem está chegando agora. “Tudo está muito diferente do que quando eu comecei há 10 anos. É importante ficar atenta a essas movimentações e entender o que você pode entregar dentro de cada contexto”, aconselha. “A técnica, às vezes, vem naturalmente, mas você é capaz de se aperfeiçoar treinando muito. É sempre sobre uma mistura de persistência, criatividade e trabalho.”
Dentro da Burberry Beauty, Isamaya vai assistir de perto toda cadeia por trás dos produtos da casa: desde a concepção de cada um deles até a imagem final dos anúncios da grife que circularão mundialmente. “Essa visão macro me ajuda muito a entender quais são os atributos de cada produto que devem se sobressair nas imagens que criamos. Estamos, inclusive, lançando a campanha do perfume Burberry Her, meu preferido. Achei tão britânico por parte da marca adicionar notas de frutas vermelhas. Acho que vocês vão amar o resultado!”, anuncia.
De um jeito mais prático, a intersecção do trabalho vanguardista de Isamaya com a herança clássica da Burberry está na ideia de uma beleza não impositiva: “Acho que as pessoas devem fazer o que se sentem confortáveis em fazer. Jamais forçaria alguém a usar mais ou menos maquiagem do que ela se sentisse bem em usar. Para mim, é sobre inspirar-se e aprender. Nunca sobre dizer às pessoas o que fazer.” Portanto, não é sobre o fim do batom vermelho, mas sim sobre a possibilidade de usá-lo à sua maneira, quando e como quiser. Ponto para a Burberry!
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