Máscaras capilares: como escolher a certa para você?

Utilizadas por muitos como o terceiro componente de uma rotina básica de cuidados com o cabelo em casa, as máscaras capilares se desenvolveram tanto ao longo dos últimos anos que hoje é possível encontrar no mercado opções com ativos que vão de ácido hialurônico a goji berry, passando ainda pelas de formatos inovadores, como as sólidas ou em barra.

Mas, mesmo tendo entrado com força no nosso dia a dia, a máscara capilar ainda pode gerar diversas dúvidas, inclusive em relação ao seu modo de atuação. Por isso, antes de explorarmos questões mais específicas, vamos elucidar esse ponto.

Em resumo, como explica a dermatologista especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Flávia Weffort, as máscaras ajudam a abrir as cutículas das hastes capilares e penetram nas camadas mais internas do fio, como o córtex. “Assim, reparam temporariamente os danos a essas hastes por meio da reposição de proteínas, agentes hidratantes e óleos presentes na sua formulação”.

“Além disso, as máscaras carregadas positivamente por um mecanismo eletrostático neutralizam os cabelos que ficam carregados negativamente após a lavagem com shampoo, ou aqueles quimicamente tratados, diminuindo assim o frizz“, complementa a coordenadora do setor de cabelos da SBD-RJ.

Vale ressaltar, porém, que apesar de serem capazes de melhorar a aparência, o brilho e a maciez dos cabelos, os cosméticos capilares usados em casa ou no salão não têm o poder de reverter danos já existentes nos fios. É o que esclarece a dermatologista tricologista Larissa Beltrão, preceptora responsável pela tricologia na Santa Casa de São José dos Campos: “Não há células vivas no comprimento dos fios, portanto, não é possível ocorrer regeneração como acontece na cicatrização da nossa pele”. Ou seja, uma vez sofrido o dano, ele é irreversível, e as máscaras capilares e demais cosméticos conseguem atuar apenas no aspecto desse cabelo.

Como escolher uma máscara capilar, a melhor forma de utilizá-las e quais são os tipos diferentes disponíveis são outras dúvidas que costumam aparecer na hora da compra. A seguir, dermatologistas especializadas em tricologia respondem a essas e outras questões:

Quais são os tipos de máscara capilar?

As categorias mais encontradas nas prateleiras são: nutrição, hidratação e reparação (ou reconstrução). Elas são distintas, mas todas contam com agentes condicionantes em suas formulações. “A diferença é a quantidade que determinado ativo aparece em maior concentração”, diz Weffort.

É interessante frisar que não existe diferença entre elas e os cremes de hidratação, como às vezes são chamadas as máscaras capilares. “É apenas uma nomenclatura diferente”, aponta a dermatologista Caroline Dalto, formada pela USP-RP e com atuação na área de tricologia e estética.

Máscaras de nutrição

Possuem mais óleos/emolientes na formulação e visam a lubrificação dos fios. “Podem ainda conter glicerina, aloe vera e pantenol na composição”, elenca Dalto.

“Elas são desenvolvidas para repor lipídios e geralmente são indicadas para quem quer cabelos mais macios e brilhosos, quem tem cabelos cacheados ou crespos e quem se incomoda com frizz mais intenso“, indica a dermatologista Larissa Beltrão, que é também colaboradora da tricologia do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo.

Máscaras de hidratação

Têm alta concentração de agentes hidratantes, como o pantenol e o ácido hialurônico. “Podem ser utilizadas em todos os tipos de cabelo com mais frequência, especialmente por quem tem fios ressecados, com pouco frizz e costuma usar fontes de calor como secador e chapinha”, diz Beltrão. Elas também dão maciez e brilho aos cabelos “graças aos ativos que conseguem reter moléculas de água na superfície dos fios”, explica Dalto.

Máscaras de reparação (ou reconstrução)

São ricas em proteínas, peptídeos hidrolisados e aminoácidos e têm como objetivo dar força e resistência aos fios. “Ajudam quem possui danos por química, como alisamentos e descoloração, a melhorar os cabelos quando quebradiços e elásticos”, completa Beltrão.

Afinal, qual é a diferença entre o condicionador e a máscara capilar?

Assim como os condicionadores, as máscaras capilares também contêm agentes condicionantes em suas formulações. Esses agentes têm como objetivo desembaraçar os fios, dar maciez, brilho e lubrificação. “A diferença entre eles está na concentração dos agentes e no tempo que devem permanecer nos cabelos para realizar a sua ação”, observa Weffort.

Preciso usar condicionador quando for usar a máscara capilar?

De acordo com Weffort, não é necessário usar o condicionador após o uso da máscara, já que ambos os produtos possuem agentes condicionantes em suas formulações. Dalto concorda: “Não vejo muita necessidade do uso do condicionador após a máscara. Um consegue facilmente substituir o outro em uma lavagem”.

“Condicionadores e máscaras podem ser usados no dia a dia ou com intervalos maiores, não necessariamente precisamos seguir o mito de aplicar primeiro a máscara e depois o condicionador”, complementa Beltrão. “Podemos usar só um ou os dois, substituir o condicionador pela máscara ou usar máscara em todas as lavagens. Não tem certo ou errado aqui. Use o que deixa seus fios mais bonitos e se encaixa na sua rotina”.

Uma rotina de cuidados com o cabelo deve incluir a máscara capilar?

Não necessariamente. “Apenas shampoo pode ser o suficiente para muita gente. O essencial é manter o couro cabeludo limpo”, avisa Beltrão. “Use o shampoo no couro cabeludo para limpeza, sem esfregar o comprimento e pontas dos fios com ele. Depois, se sentir necessidade, use o condicionador ou uma máscara no comprimento dos fios, sem aplicar na pele do couro cabeludo”.

Como usar a máscara capilar? E com qual frequência?

Na hora de aplicar, basta seguir a indicação do fabricante com o tempo de ação, que costuma variar entre três e cinco minutos. Já a frequência de uso é determinada de acordo com as características e do grau de dano capilar de cada indivíduo. Aumento do frizz, falta de brilho e facilidade para embolar podem ser alguns dos indícios que o fio está precisando de mais atenção.

“Não existe uma frequência de uso ideal para todos. Para saber qual o melhor para o seu cabelo só experimentando e vendo qual o deixa mais bonito. Use enquanto o aspecto dos fios te agradar e atender às suas expectativas”, indica Beltrão. “Às vezes, um produto que fica bom em uma pessoa não necessariamente terá uma resposta semelhante em outra”, reforça Dalto.

Máscaras capilares são indicadas para todo mundo?

Ações simples que fazemos diariamente, como pentear os cabelos ou prendê-los, acabam provocando danos às hastes capilares com o tempo — bem como a radiação solar, o vento, a poluição e até o atrito no travesseiro. Sendo assim, todas as pessoas se beneficiam do uso periódico das máscaras capilares. E os cabelos quimicamente tratados se beneficiam ainda mais!

Dalto ressalta que os fios cacheados em geral retêm menos moléculas de água e, por isso, “são fios que necessitam constantemente de hidratação”.

Como escolher a máscara capilar para o meu cabelo?

Muitas embalagens já deixam explícita qual é a finalidade da máscara, normalmente separadas por nutrição, reparação (ou reconstrução) e hidratação, como falamos acima. Mas, quando isso não ocorre, a dica da dermatologista Flávia Weffort para fazer uma escolha certeira é se atentar aos primeiros itens de cada formulação na lista de ingredientes.

“De forma simples e prática, máscaras que contêm óleos na sua composição se destinam à nutrição capilar, as que contêm agentes hidratantes têm como função a hidratação e as que contêm proteínas/colágeno e aminoácidos se propõem a reconstruir os fios”, elucida a especialista.

Existem riscos no uso excessivo de máscaras capilares?

“O uso demasiado das máscaras capilares sem que haja a limpeza correta dos fios pode causar um fenômeno chamado efeito build up ou plica cosmética“, alerta Weffort. Esse efeito consiste no acúmulo de agentes condicionantes nos cabelos, deixando-os mais sujos, opacos e pesados. Em alguns casos, ainda pode levar ao desenvolvimento da dermatite seborreica (caspa). “Atente-se ao uso frequente de máscaras de reconstrução e à sensação de que o cabelo, em vez de macio e sedoso, está ficando com o aspecto endurecido”, alerta Dalto.

Usar um shampoo anti-resíduos e readequar a frequência e quantidade de uso dos cosméticos é a dica de Beltrão para manter os fios brilhosos e macios. E, claro, não utilizar a máscara no couro cabeludo pois ela pode irritar a pele, uma vez que elas são desenvolvidas apenas para o uso nos fios.

Adicionar ativos e fazer “misturinhas” na máscara é uma boa ideia?

De acordo com Beltrão, pode sim ser válido adicionar ativos, mas desde que eles sejam adicionados apenas na hora do uso. “Não é indicado o armazenamento dos produtos após adicionar outras substâncias já que as fórmulas são pensadas para permanecerem estáveis e funcionais nas condições que são vendidas”. Ou seja, nada de misturar e guardar, pois o produto pode perder o potencial de resultado e ainda ficar inseguro para o uso.