Paris Fashion Week: Balmain verão 2024

Sabe o desfile que quase não rolou nesta edição da Paris Fashion Week, porque as roupas foram roubadas saindo do aeroporto? Sim, o de verão 2024 da Balmain. Então, rolou. E na sala do desfile, a equipe da marca estava muito bem instruída para fugir do assunto.

De toda forma, parece que o que foi levado foram as roupas masculinas. Na quinta-feira (28.09), vai rolar uma apresentação da Balmain masculina, e, supostamente, será algo bem menor do que o idealizado por conta do desfalque. Mas deixa isso pra lá.

Balmain, verão 2024. Divulgação

Como na temporada passada, o desfile da Balmain na Paris Fashion Week aconteceu no Palais Chaillot, onde fica o Teatro Nacional da Dança, com vista privilegiada da Torre Eiffel. Se o texto parece clichê, é proposital. Parte da coleção apresentada nesta quarta-feira (28.09) pelo diretor de criação Olivier Rousteing mergulha sem medo na leitura literal e kitsch da relação entre a alta-costura, as mulheres e as flores.

Diz que Pierre Balmain, o couturier e fundador da maison que leva seu sobrenome, amava rosas. Não se duvida do seu amor, mas não há como negar que era também uma coisa do momento – em outras palavras, uma tendência.

Balmain, verão 2024. Divulgação

É que a Balmain ganhou fama no período do pós-guerra, na segunda metade dos anos 1940, mais ou menos junto a Christian Dior, outro florista apaixonado. E aí que a moda da época propunha uma retomada da feminilidade, do glamour e da delicadeza depois dos anos de horror e racionamento de um tudo – tecidos inclusive.

Isso explica as silhuetas que tentam imitar a botânica, os volumes arredondados nos quadris, as saias amplas com cintura marcada e as partes de cima mais ajustadas. Bem como as propostas de Olivier para o verão 2024 nesta Paris Fashion Week.

E, às vezes, propostas sem muita preocupação em adequação temporal. Pelo menos aparentemente, já que os tecidos, modelagens e caimentos são bem mais confortáveis do que os dos anos 1950.

Balmain, verão 2024. Divulgação

Nessas da moda de recuperar e enaltecer legados, heranças e histórias, o estilista vai fundo e entrega um pouco de tudo: tem as releituras as mais literais, como falamos; as teatrais, com flores de couro, borracha, látex, plástico reciclado e até porcelana aplicadas em vestidos quase escultural; e as comerciais, estampadas e com silhuetas mais leves, em peças de seda plissada – das bem coloridas as de poás preto e branco.

É nessa parte mais leve e atual que a coleção ganha força, embora seja deixada de lado na apresentação. Todo mundo gosta de um show, mas dá vontade de ver mais de como Olivier vai traduzir tudo isso para as lojas. E para além dos acessórios, como as bolsas que lembram embrulhos de buquê e as sapatilhas de bico quadrado.

Sonhar é bom, mas tornar o sonho realidade é melhor ainda.