Frankie Amaury é relançada após 20 anos
Marca icônica da moda carioca, Frankie Amaury retorna com coleção especial, enquanto projeto de livro e filme seguem em produção.
Vinte anos após o seu término, em 2004, a Frankie Amaury está de volta. Criada pelo argentino Frankie Mackey e o brasileiro Amaury Veras, a marca especializada em couro se tornou um ícone da moda carioca entre a virada dos anos 1980 e meados dos anos 2000, e será relançada por Renata Veras, sobrinha de Amaury, na próxima terça-feira (30.04).
Frankie (esq.) e Amaury (dir.) com Silvia Pfeifer. Acervo Frankie Amaury
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Para celebrar o retorno, Renata recriou um dos best sellers da marca, a mochila Carla, numa nova coleção cápsula. “As mochilas faziam um enorme sucesso, mesmo com a abertura do Brasil para a moda internacional, permaneceram um hit de vendas até o fim”, conta ela, que também é designer de moda. “Quem ainda tem a sua FA não abre mão, ela se tornou um item de colecionador”, continua.
Para desenvolver as novas peças, Renata mergulhou nos arquivos da Frankie Amaury. “Muito se perdeu, infelizmente. Quando a marca acabou, em 2004, nada estava digitalizado, mas sobraram fotografias e croquis”, conta. “Foi preciso reconstruir todas as ferragens personalizadas, fechos e maxi ilhoses”.
Alexia Dechamps com a nova mochila da marca. Lucio Luna
Além da mochila em 11 cores diferentes e duas estampas, jeans e animal print; um modelo de bolsa saco completa a coleção, que chega primeiro à loja da Pinga, no Rio de Janeiro. As peças também poderão ser encontradas no site da multimarca e, a partir de junho, no endereço paulistano.
Para o relançamento, Renata convocou o diretor criativo Alexandre Schnabl, seu professor na Faculdade de Moda da UCAM e visual merchandiser na Frankie Amaury de 1998 a 2002. “Esse é um projeto de afeto, não apenas pelo que a grife representa para a história da moda brasileira, mas pelo que vivi ao lado de Amaury nestes últimos momentos da sua trajetória”, diz ele.
A dupla de estilistas com Naná Paranaguá. Acervo Frankie Amaury
Schnabl ainda reuniu três musas da dupla para estrelarem a nova campanha: Fátima Muniz Freire, Alexia Dechamps e Silvia Pfeiffer. “Elas participaram ativamente dessa trajetória e da consagração da marca no país em uma era de excessos, quando as supermodelos começaram a despontar no cenário global e elas se tornaram ícones no mercado nacional”.
“A leitura inovadora, irreverente e audaz do couro, ao mesmo tempo super chique, fez com que todos curtissem aquela moda”, recorda Silvia Pfeiffer. “Lembro das provas de roupas no ateliê, impagáveis. Eles eram muito queridos e era ótimo ter a Naná Paranaguá nessa equipe que revolucionou o design de couro, tirando a caretice do material e tornando-o acessível a todas as idades”, completa ela.
Lucio Luna
Alexia Dechamps também guarda boas memórias da dupla de estilistas. “Eu era muito jovem, apaixonada por eles e nos divertimos imensamente em um Rio nada careta”, recorda. “Vira e mexe estávamos com o embaixador ou o cônsul da Argentina em jantares, chegamos a encontrar o presidente [Carlos] Menem num rega-bofe no Copacabana Palace promovido pela marca, foi bafônico”.
A atriz e modelo também participou da febre das mochilas e roupas da Frankie Amaury. “Tenho conhecidas cujos modelos originais estão inteiros há mais de 30 anos”, revela. “Eu mesma guardo um casaco que amarrava na cintura e ia até a metade da coxa, do qual me recuso a desfazer”.
Alexia Dechamps com Amaury Veras. Acervo Frankie Amaury
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Para Fátima Muniz Freire, é importante manter vivo o legado da marca. “Eles ampliaram a potência do look de couro, mostrando que o material não tem dia, hora ou estação”, comenta ela. “Amaury tinha um olhar à frente do seu tempo e as novas gerações precisam muito conhecê-los. Já tive um armário inteiro só de Frankie Amaury”.
Silvia concorda. “Isso deveria ser feito com todos os que foram pioneiros no estilo carioca em uma época em que a cidade estava na dianteira dos lançamentos nacionais”, dispara. “O Rio pode ter perdido um pouco de espaço na moda, mas ainda é o Rio de Janeiro e as novas gerações fashionistas precisam ter acesso à essa memória”.
Lucio Luna
O ressurgimento da Frankie Amaury antecipa dois projetos relacionados à marca: uma biografia escrita por Schnabl a partir de entrevistas e da pesquisa no acervo conservado por Renata; e um filme dirigido por José Henrique Fonseca, de “Bom dia, Verônica”, produzido pela Zola Filmes. Vale lembrar que a trajetória de Amaury Veras foi tragicamente interrompida por uma morte misteriosa, onde Frankie foi considerado o principal suspeito.
Segundo Schnabl, o livro não é só uma homenagem ao legado da marca, mas um momento importante da História do Rio de Janeiro. “Por 25 anos, a Frankie Amaury simbolizou um Rio de Janeiro luxuoso e descolado, mas em constante mutação”, diz ele. “Através do encontro desses dois rapazes, é possível traçar um delicioso painel carioca de mais de duas décadas, começando na virada da Era Disco para o New Wave, passando pelo Rock Brasil, pela Nova República das emergentes e seguindo pela alvorada do Novo Milênio.”
Fatima Muniz Freire. Lucio Luna
“Eles foram protagonistas do processo que transformou a moda em espetáculo e deu aos estilistas um status de pop stars, algo que vemos até hoje”, continua Renata. “Afinadíssima com esse movimento global, Frankie Amaury iniciou esse fenômeno no Rio de Janeiro e no Brasil”, arremata.
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