Sob o céu da Bahia
Em um trecho paradisíaco do litoral baiano, uma enorme estrutura de bambu dá forma à Casa Capela, que encanta os hóspedes com uma arquitetura e decoração pautadas por elementos regionais.
Uma casa imersa na natureza, cercada pelas belezas do litoral e afastada do agito das cidades turísticas, mas com serviços dignos de um hotel estrelado. É esse paraíso que os hóspedes encontram ao chegar à Casa Capela, um lugar sob medida para descansar em conexão com a paisagem idílica.
A menos de uma hora de carro do aeroporto de Ilhéus, esse refúgio, com ares de bangalô indonésio, está a poucos passos do mar, na deserta Praia do Pompilho, no distrito de Serra Grande. A localização reservada chamou a atenção do empresário Flavio Marelim, que resolveu erguer ali uma nova casa para o seu empreendimento.
Há 25 anos, ele abriu mão dos negócios gastronômicos que tocava no Rio de Janeiro e se mudou de vez para a Bahia com o objetivo de respirar novos ares e atuar em um novo ramo. Surgiu, então, a empresa As Casas, especializada em hotelaria de luxo no formato de casa-hotel, que recebe hóspedes do mundo todo interessados em sossego e privacidade.
A passarela com cobertura de bambu conecta as suítes da casa à área social. Foto: Bruno Pinheiro
A área externa foi equipada com espreguiçadeiras executadas pela Marcenaria Artes Pau Ferro. Foto: Bruno Pinheiro
Erguida em um lote de 20 mil metros quadrados, a Casa Capela ocupa somente 6% desse espaço. O restante é considerado uma APP (Área de Preservação Permanente), segundo o Código Florestal. Vem daí seu maior charme. Ela está totalmente integrada à natureza, com grandes aberturas, que permitem a contemplação do exterior de qualquer ambiente. “São poucas portas e muitas janelas, porque a ideia é oferecer algo diferente daquilo a que nossos hóspedes estão acostumados no dia a dia. Então, deixamos a natureza entrar”, conta Flavio.
A implantação também respeitou a topografia do terreno a fim de evitar movimentações de terra. Mas o que mais chama a atenção de quem chega é a imensa estrutura de bambu no pavilhão central, com uma cobertura de piaçava, que se destaca de longe. É isso que a diferencia das outras casas disponíveis, todas idealizadas por Flavio. “Somos meio Jetsons, meio Flintstones”, diz, brincando. “Trabalhamos com palha, madeira de demolição e dormentes e, ao mesmo tempo, com equipamentos de alta tecnologia para garantir o conforto dos hóspedes”, diz Flavio.
Com vista para a piscina, o living exibe um décor rústico, com mesas laterais do Casarão Pedro Baiano e abajures da Balaio Home sobre tapete da By Kamy. Foto: Bruno Pinheiro
A Capela tem cinco suítes independentes, todas do mesmo tamanho, porém com decorações distintas, que se conectam com a grande área de estar por meio de passarelas também feitas de bambu. Arquitetura e interiores foram concebidos em sinergia para resultar em espaços autênticos e aconchegantes, que expressam a cultura brasileira em cada detalhe.
Quem assina o décor é a designer de interiores Nanã Salles, parceira de Flavio há anos e expert em garimpar preciosidades Brasil afora. Na hora de pensar os ambientes, ela decidiu preservar o protagonismo do bambu. “É uma construção diferente, principalmente no Brasil, e eu não queria ofuscar esse material exótico, que é o elemento principal da história”, explica.
A imponente estrutura de bambu, que dá forma à casa, recebeu uma cobertura de piaçava — dois materiais sustentáveis que, além da beleza, garantem o conforto térmico aos ambientes. Foto: Bruno Pinheiro
O caminho natural foi escolher uma paleta neutra, com um ou outro ponto de uma cor mais acesa. “A inspiração veio da Bahia de Jorge Amado. Eu pensava muito nos vestidos da Zélia Gattai. Por isso, trouxe a mistura da renda com materiais simples e objetos de jacarandá, mais escuros, para criar um contraste”, diz.
A cultura baiana também está presente nos ambientes por meio de livros, cerâmicas e cortinas de crochê, além de figas e santos, que fazem referência ao sincretismo religioso. “O nome Capela me remeteu aos santos e orixás. Por isso, na entrada de cada quarto, coloquei um oratóriopara proteger e trazer a espiritualidade”, revela.
Tramas da natureza. Foto: Bruno Pinheiro
Para o mobiliário, a premissa foi o bem-estar. Assim, Nanã planejou muitos ambientes dedicados ao descanso e ao relaxamento, com peças de grandes dimensões e materiais naturais. “Criei espaços onde os hóspedes podem ler um livro ou simplesmente contemplar a natureza sem nenhuma pressa. Os sofás, por exemplo, são bem macios. Escolhi modelos mais profundos do que de costume, em que é possível sentar de forma não tão ereta. É para se jogar mesmo e curtir o clima meio lânguido da Bahia”, explica.
A maioria dos móveis e objetos é fruto de um cuidadoso garimpo, feito pela designer de interiores em todo o estado e em outras regiões do Brasil, além de arremates em leilões. Tudo pensado para compor um cenário de férias inesquecíveis.
Esta reportagem foi publicada originalmente na edição impressa do volume 3 da ELLE Decoration Brasil com um erro na autoria das fotos. O nome correto do fotógrafo é Bruno Pinheiro. Conheça mais do trabalho de Bruno em sua conta no Instagram @brunonpinheiro
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