CEO da Malwee, Gabriela Rizzo fala das ações de ESG da marca

Gabriela Rizzo, primeira mulher CEO da Malwee, ascende ao cargo quando a empresa se torna referência em sustentabilidade na moda brasileira.


Gabriela Rizzo CEO da Malwee
Divulgação



O Grupo Malwee – Malwee, Malwee Kids, Basicamente, Enfim, Carinhoso e Basico.com – venceu em junho o prêmio Melhores do ESG, da revista Exame, na categoria de moda e vestuário. E não se trata de um prêmio corporativo qualquer. O empenho da empresa catarinense para ter impacto positivo nos aspectos ambiental, social e de governança, que compõem a sigla, está em curso há décadas.

Nos últimos anos, o grupo conquistou números que justificam o reconhecimento: 100% da energia elétrica usada na produção é renovável, a emissão de gases de efeito estufa foram reduzidas em 75% na última década e mais de 537 mil metros cúbicos de água foram reutilizados nos últimos cinco anos.

Duas mulheres de moletom Malwee.

O principal símbolo dessa iniciativa é a própria CEO da Malwee, Gabriela Rizzo, de 55 anos, primeira mulher a ocupar o posto na empresa. “Para nós, a sustentabilidade não é um fim, mas uma jornada muito bonita”, ela diz. “Temos muito caminho a ser percorrido pela frente e me sinto feliz por fazer parte disso.”

Em entrevista à ELLE Brasil, Gabriela fala da ascensão de mulheres aos cargos de liderança na Malwee, como iniciativas de ESG podem ir além de discurso, entre outros assuntos. Confira a seguir: 

Como o ESG vai para além de postagens em redes sociais e vira uma prática real?

O ESG, para nós, não é uma iniciativa, um departamento ou um produto. Faz parte da nossa cultura e do nosso DNA desde a fundação, quando a sigla nem mesmo existia. Nos anos 1990, já tínhamos uma estação de tratamento de água que foi pioneira na América Latina. Na parte social, atuamos em questões de equidade e trabalho justo; e na governança também, porque a maior parte das empresas de moda do Brasil são familiares. As condições dignas de trabalho sempre foram uma prioridade para a Malwee. Nossas parceiras terceirizadas são auditadas. A gente tem o Plano ESG 2030, que avalia todos os investimentos e busca inovações até o ano de 2030, o que passa por temas como mudança climática, gênero, raça e energia limpa. Hoje, nós temos uma indústria têxtil que usa 30% menos de água do que qualquer outra. Sempre nos preocupamos também com a equidade de gênero. Tem muitas mulheres trabalhando na moda por causa da costura. A gente busca desenvolvê-las para os cargos de liderança. Hoje, 52% das posições de liderança na Malwee são ocupadas por mulheres.

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Falando em igualdade de gênero, quais são os ganhos internos e recentes da Malwee dentro do tema?

Nosso quadro de funcionários e colaboradores é composto por 66% de mulheres e 52% dos cargos de liderança são ocupados por elas. É algo que vem da nossa cultura e a gente está sempre atento a desenvolver. Desde que assumi o posto de CEO, tenho mantido conversas com as lideranças femininas que a gente instituiu. Noto a forma como elas me olham e dizem ‘poxa, é possível’, então o meu cargo de executiva também tem um papel de referência, porque mais mulheres veem que isso é possível.

Como as ações de ESG afetam os produtos?

Neste ano, vamos elencar todos os produtos que têm algum atributo de sustentabilidade. Temos uma lading page que explica as tecnologias e os produtos sustentáveis, como os do projeto Fio do Futuro, que é a primeira linha de malha reciclada do Brasil, em que a gente reutiliza material desfibrado feito com resíduos da indústria têxtil. A gente tem o jeans 1 Copo d’Água, em que a peça é feita com 98% a menos de água do que qualquer outro jeans. Temos também a estamparia digital, em que usamos 60% menos água, se comparada à estamparia convencional, por exemplo.

Mulher de blazer bege Malwee.

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Antes de ser CEO, você foi conselheira de administração e comitê de marca do Grupo Malwee. Como esse cargo preparou você para a posição de CEO? 

Foi um grande presente, uma grande oportunidade, porque eu atuava há dois anos e meio como conselheira. E, mesmo antes disso, minha admiração pela Malwee já existia por causa do pioneirismo em sustentabilidade. O plano para 2030 já vinha sendo desenvolvido e eu, quando conselheira, atuava nele. 

A moda faz parte da sua história de vida. Você é estilista por formação, foi executiva da Renner por muitos anos e também professora universitária. Como o seu background colaborou?

Acho que a moda é uma profissão muito bonita, porque, quando a gente fala dela, fala sobre comportamento. Ela é uma ferramenta de estudo do zeitgeist, o espírito do tempo. Eu sempre me interessei pelos aspectos criativo, psicológico e social da moda. É uma paixão e uma curiosidade que vêm desde a infância, porque minha família tinha uma confecção. É uma área muito ampla e pude viver vários momentos dela. Agora, sendo executiva, ainda tenho paixão. A moda me permitiu expandir o meu conhecimento. Estudei modelagem, desenho, sustentabilidade, economia circular e depois comecei a me interessar por liderança de times. Fiz formações em mentoria e inovação. Todos esses aspectos foram ampliando o meu olhar, mas com a moda sempre no coração.

Você é a primeira CEO do grupo que não é parte da família Weege, que o detém. 

É uma enorme responsabilidade. É uma empresa que tem um legado, uma história de 56 anos. Eu me senti honrada com o convite porque, de certa forma, a família continua presente na empresa, e ela confiou a mim a jornada de evolução e continuidade. A passagem pelo conselho me ajudou a aceitar esse convite com muita tranquilidade, porque a cultura da empresa tem valores que são importantes na minha vida pessoal. Eu me sinto em casa.

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